quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A maturidade e o afeto

Sempre digo que meus quarenta anos foi uma libertação. Aos quarenta, eu já sabia o que eu era, o que eu não era e não estava mais preocupada em ouvir dos outros o que eles achavam que eu era. Eu era e ponto.
Já tinha casado mais vezes que uma pessoa normal, tava sossegada em matéria de casamento. Tinha meus filhos, tinha meus projetos, meus cd's, minha carreira. Eu estava bem.
A maturidade não me trouxe calma, muito pelo contrário. Fiquei mais sacudida do que nunca. Uma ânsia de viver que me acompanha desde sempre. Uma energia imensa. Um tesão novo.
Talvez a única coisa mansa que a maturidade me trouxe foi a ternura. Depois de um tempo nem todo mundo é para mastigar e engolir. Algumas pessoas são para ser degustadas de forma lenta e delicada. Algumas pessoas são temperadas na ternura e no doce afeto. Outras continuam sendo apreciadas por seus temperos fortes, suas pimentas, engole tudo de uma vez e depois sofre na hora de botar pra fora. Faz parte da vida.
Eu nunca fui dada a muita pegação, alisamento, beijinhos e carinhos públicos. Acho que foi essa minha vida na noite, desde tão novinha. Precisava botar um certo limite nas pessoas e mantive uma prática de manter uma distância segura. Meu afeto transbordava somente entre meus filhos e meus amores eróticos. Ali eu despejava meus carinhos, meus denguinhos, nas internas, no recolhimento, na maior privacidade. Tenho Vênus na casa 12, gosto de ser discreta nessas aspectos. Preciso ser discreta!
Hoje estou diferente. Mudei . Hoje sou capaz de abraçar sem me preocupar se a coisa vai ser interpretada de forma errada. Beijo por afeto e não necessariamente por tesão. Meu carinho sempre foi muito, mas recolhido. Agora é muito e despejado sem dó. "Tó meu carinho pra você". " Vem cá que eu vou te dar um abraço". " Um beijo na bochecha pra você". Tô toda dadivosa mesmo.
Uma das coisas que me ajudou nisso foi a presença de alguns homens que conheci. Homens que eu abomino publicamente. Homens sensíveis, homens que choram mais que eu, homens que sofrem por coisas que eu não acredito que seja possível sofrer, homens mais doces que eu. Homens de cancêr, por exemplo, ou com muitos aspectos nesse signo. Acho eles um saco, confesso. Mas também tenho que dar créditos a eles. Me ensinaram a ser mais delicada, mais amorosa, menos dura. Muitas vezes aprendi isso quando eu ficava com o papel da carrasca e eles no da vítima. Eu era a ruim. Recuso o papel do carrasco, como recuso o da vítima também. Continuo achando esse tipo de homem um tipo difícil de me relacionar porque eu sou seu oposto e sempre que encontro um moço desse aviso logo que eu não tenho muito saco com as suas sensibilidades. Eles choram e eu me irrito. Eles sofrem e eu tenho vontade de dar na cara deles. Mas entendo o porque de tanto homem sensível aparecer na minha vida.
Eles vieram pra me ensinar a ter ternura, pra me ensinar a respeitar a dor que não conheço. Isso aqui é mais difícil pra mim, mas estou me esforçando.
A maturidade me deu liberdade de expressar meu afeto de forma espontânea e assexuada. Quer dizer, nem tão assexuada assim porque não morri e continuo dizendo que se não sabe exorcizar, não atice o demônio e uma mulher da minha idade, com o demônio no corpo, não é coisa pra qualquer um não. Isso elimina um monte de homem sensível que tem medo de mim, que acha que eu sou a personificação do mito da Vagina Dentada, a Lilith Encarnada, que eu poderia matar um. Coisa que realmente eu não duvido, dependendo do dia, da combinação energética e do resultado obtido. Tenho também minha Lilith do mapa natal em Áries, na casa dez, o que passa essa idéia meio...como dizer...meio agressiva em matéria de mulher selvagem. Para mim, "não se engrace se acha que não vai dar conta", é uma excelente frase.
Mas agora eu estou mais calma. Sei que posso, mas não faço porque sei que não vale à pena, que tem um preço alto ou porque o moço sensível não vai dar conta de tanta objetividade. Hoje eu "reconheço" algumas coisas porque eu já vi antes.
Continuo com a mesma natureza de antes, só que agora percebo que algumas coisas não são da carne, são só da alma e isso é uma outra libertação. Saber distinguir uma coisa da outra. Saber apreciar coisas mais sutis. Poxa, para uma taurina isso é um grande apredizado. Sutileza. Eu, aprendendo a ser sutil, aprendendo a ser mais delicada, aprendendo a ser água em vez de fogo.
A maturidade está me trazendo isso e é bom pra cacete!
Recomendo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

teste doido! Faça você também!

3º TESTE: Sou Diferente? Faça o teste.


Alguma vez já se perguntaram se somos mesmo diferentes ou se pensamos a
mesma coisa? Faça am este exercício de reflexão e encontrem a resposta!!!
Siga as instruções e responda as perguntas uma de cada vez MENTALMENTE e
tão rápido quanto possível mas não siga adiante antes de ter respondido
a anterior.
E se surpreendam com a resposta!!!

Agora, responda uma de cada vez:






Quanto é:

15+6










....21...













3+56












....59...















89+2











...91...











12+53











......65...











75+26

















....101...

















25+52

















......77...













63+32













...95....



















Sim, os cálculos mentais são difíceis mas agora vem o verdadeiro teste.
Seja persistente e siga adiante.












123+5















..128....







RáPIDO! PENSE EM UMA FERRAMENTA E UMA COR!





















.......













E siga adiante...





















.......





















Mais um pouco...






















........












Um pouco mais...













........









Pensou em um martelo vermelho, não é verdade??? Se não, você
faz parte de 2% da população que é suficientemente diferente para pensar
em outra coisa.
98% da população responde martelo vermelho quando resolve este exercício.
Seja qual for a explicação para isso, mandem para seus amigos para que
vejam se são normais ou não!!

Ontem teve ensaio

Não é fácil ajeitar as agendas de todos os músicos. Meu inferno pessoal. Ligo pra um, religo pra outro, mando email, falo duro, falo doce. Tudo pra ver se acerto tudo e o ensaio rola. A data da primeira gravina já está marcada - dia 21 de setembro - e temos que deixar as canções perfeitas.
No primeiro ensaio, o Felipe do baixo não pode vir. No segundo, foi o Bruno da percussão que não pode.
Tudo bem, a gente filma e grava tudo e vai passando via email e assim mantem tudo mais ou menos às claras até o dia do próximo ensaio.
Raul ( batera) e Cris ( percussa) vieram aqui na segunda pra dar uma limpada no som, ouvir e ir tirando coisas, acertando detalhes e definindo frases ritmicas. É muito engraçado ver dois ritmistas conversando. " Não, é assim, ó..pracatá, praca, tá tá tá... Tchum, tchum, tchum, chá com pão, pão pão". Eu ali vendo aquele diálogo percussivo achando tudo muito doido. Agora escreve pra não esquecer porque amanhã tem ensaio com a banda.
As dez da manhã, Negão Fidelis me liga dizendo que já está livre da gravação que estava fazendo e pode vir para casa. Pego Negão, passo no mercado, chego em casa e vou direto pro fogão fazer comida enquanto Cris me ajuda a picar temperos e Felipe se inteira do que a gente está fazendo. O fogão dividido em dois. Enquanto eu faço o frango e o milho refogado, Cris assume o tempero do feijão e dá uma olhada no arroz.
Adoro essas farras de cozinha. Adoro essa comilança comunitária, a mesa farta, gente boa rindo e conversando.
Daqui a pouco chega Raul e logo depois Samuel, vindo de Piracicaba.
Podemos começar.
Nossas limpadas deram certo. A música nova que entrou no disco, o maracatu, está bem bonitinha.
Vamos pegar a Caatingueira, o coco. Nessa hora os meninos tinham que acertar algumas convenções e era um, tal "pratimbum, bum, bum, bum...catáprum, prum, prum, tá á tá" Aquela forma de conversar ritmicamente. Eu estava sobrando ali. Fui lavar a louça. Alguns momentos me chamavam pra cantar alguma parte e lá ia eu, de avental, secando a mão no pano de prato.
No primeiro intervalo, uma duas horas depois do almoço, Felipe já sinaliza que está com fome. Tem que dar de comer ao Felipe, o negão é grande. Então Felipe quer comer, Samuel quer café, Cris coca-cola e Raul diz que se contenta com leitinho puro. Abro a geladeira e vou tirando tudo que é de comer. Comam, crianças.
Voltam a ensaiar. A louça toda lavada e me deu vontade de fazer um bolinho de aipim. Fiz. O bolo perfumando a cozinha. Cris e Raul se atrapalhando em uma parte da música. Felipe e Samuel já tinham pego a tal viradinha. Por causa disso, só eles recebem bolinho quentinho, saído do forno. Enquanto não acertarem a merda da convenção, Raul e Cris não comem bolo.
Funcionou. Rapidinho pegaram o que tinha que pegar e a comilança voltou.
No fim do ensaio, todo mundo satisfeito.
E eu aqui pensando que lidar com músico é uma arte. Eu descobri que dar comida ajuda muito no entusiasmo para ensaiar. No nosso próximo encontro vou fazer alguma coisa muito boa. Talvez um bobó de camarão...ou talvez meu pavê de sonho de valsa...ou, quem sabe, depende do horário, meu cozido baiano.
Definitivamente, músico se pega pelo estômago.


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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vopp

Tivemos uma pequena festinha aqui em casa onde cada um trazia a suas bebidinha e, naquele frio, o que mais rolou foi vinho tinto. Eu amo vinho tinto. Eu gosto muito mesmo. E eu fico de pilequinho fácil, fácil com vinho tinto.
O povo chegando, abre portão, fecha portão, aquele movimento na casa.
Daqui a pouco uma labradora amarela, totalmente simpática, com aquele rabo descontrolado, invade minha sala, anda pela cozinha e confraterniza com todos os convidados.
É a cachorra do Vopp, meu vizinho ótimo pra porra. De alguma forma ela ficou pra fora de casa e vendo meu portão aberto, entrou e ficou.
Comeu pra cacete! Comeu ração, comeu amendoim, comeu bolo de chocolate, encheu a pança de bestagens e de acomodou no meu tapete da sala e lá ficou.
Fui ao portão do vizinho, toquei campanhia e nada. Mais uma vez, nada!
A solução era deixar um bilhete na porta:
" Oi, acho que sua cachorra está em minha casa. Invadiu a sala, sentou no sofá e está na festa. Passe aqui mais tarde pra buscar.
Tatiana da casa tal..."
Seis e meia da manhã a festa aonda rolando. Quem bate em minha porta?
Ele, o Vopp.
Imagine o meu estado depois de uma noite inteirinha de violão, vinho e bobagem. Acho que eu devia estar com rímel no pescoço, de tão escorrido. Minha estola de crochê que eu mesma fiz já devia estar enrolada em mim como linho em volta de múmia. Eu estava o pó da rabiola. Mas fui lá abrir o portão pra chachorra do vizinho voltar pra casa. A coitada dormiu fora e o dono nem percebeu! Fui em direção a minha porta. É fácil. É só fixar um ponto e seguir em frente. Depois é só atravessar a porta, passar pela garagem, evitar bater nos carros, descer a rampinha mantendo o equilíbrio, achar o buraquinho pra colocar a chave, abrir o cadeado, falar bom dia com as letras bem arrumadinhas e tudo vai dar certo.
Ele estava na minha porta. Absolutamente matinal e nós daqui de casa, nem tínhamos ido dormir. Uma discrepância. Já to vendo tudo. Um homem que acorda as seis da manhã do sábado não é companhia para mim. Muito saudável. Saudável demais. Mas vamos devolver a cachorra. Adorei a sua cachorra. Muito simpática. Mais simpática do que essa semi- anã que está aí do seu lado. Essa coisinha pouca de mulher. Claro que não disse isso, mas meus olhos borrados de lápis e rímel expressavam isso perfeitamente.
Eu de salto alto podia olhar bem de cima, mesmo balançando de um lado para o outro. Achei ele meio "aquarela". Sabe aquela coisa sem cores muitos fortes, meio assim apagadinho. Sem falar que perdeu uma cachorra e nem se de conta. Deve ser um péssimo pai, não que eu queira ter filhos com ele mas a gente vai juntando informação.
Ele me pergunta como foi que ela foi parar em minha casa. Eu respondo que se ele que é dono não sabe, imagina eu que sou só uma vizinha. Acho que viu o portão aberto e entrou. Eu deixei, soquei ração dentro dela, amendoim ela comeu muito porque tudo que caía no chão ela devorava. E bolo de chocolate eu não sei quem deu. Mas ela comeu pouco. Eu acho.
Ele pegua a cachorra, a cachorra me diz tchau, agradece a hospitalidade, Vopp - Vizinho Ótimo Pra Porra - volta pra seu lado da rua e eu fico observando.
Definitivamente o melhor ângulo daquele moço é a bunda. Mas um relacionamento não se baseia em uma bunda. Existe mais coisas além da bunda. Existe a boemia, a música, a boa comida, o bom vinho, a lascívia na alvorada, existe coisas que quem acorda as seis da manhã de um sábado não pode viver.
Um relacionamento impossível, esse o nosso. E não achem que é a moça lambisgóia que me leva a poensar assim porque é fácil, fácil meter ela no meio do quintal e ela virar um cafonérrimo anão de jardim. Não é ela. É ele.
Saudável demais.
Não samba nada.
Perde cachorra.
Um bunda que é um espetáculo, repito, mas a vida é mais que isso.
E eu acho que eu devo ter falado alguma coisa naquela manhã em que devolvi a cachorra dele, alguma coisa que nem lembro, porque agora eu acho que ele me olha mais assustado do que o normal.
Bem..se não lembro não fiz. Foi meu Eu Lírico.
O Vopp que se acerte com meu Eu Lírico.
Meu Eu Lírico vai adorar.

domingo, 23 de agosto de 2009

as coisas que acontecem só comigo

Estava eu cansada. Quinta tinha dado aula, tocado e depois ido a Casa São Jorge, como contei aqui. Abusei um pouquinho.
Sexta dei aula aproveitando tudo que eu tenho ouvido. Até levada de pandeiro de capoeira eu passei pros meus alunos. Ou seja, estava cansada.
Chego em casa as seis horas da tarde, tinha visita aqui, um povo que eu não conhecia. Entrei na cozinha e dei de cara com uma moça mais bêbada que peru na véspera de Natal, doida, doida e com os peitos de fora. Isso mesmo. Na minha cozinha uma ilustre desconhecida estava com as peitolas de fora, se esfregando em um outro moço que eu nunca tinha visto e que parecia absolutamente constrangido com aquilo tudo.
Assim que me viu, a moça partiu pra cima, cheia de afeto. Aquelas peitcholas branquelas balançando em minha direção, aquela cara de Pomba Gira desvairada.
Ave Maria!
A moça começou a beber em casa as quatro da tarde e as seis já estava naquele estado. Muito, muito doida.
Como não era visita minha, sai de fininho, mas aí fiquei com pena e resolvi dar uam força porque uma mulher pelada na minha cozinha, de certa forma, pega mal.
-Minha filha, bota blusa que está frio pra caralho! Assim você vai resfriar. Imagina só, pra você estar desse jeito, deve estar na merda. Na merda e ainda com gripe suína, vai ser de foder segurar essa onda. Se veste, minha filha!
Não adiantava. A moça queria mesmo esfriar as tetas. O fogo dos infernos queimava dentro dela.
E se esfregava em mim, e se esfregava no outro que pareceiaque queria entrar dentro da garrafa de vinho, de tanta vergonha. Uma babilônia!
-Ó, o jeito é dar um banho nela. Se for preciso, coloco no ombro e carrego pro banheiro. Faz um café de bêbado, bem forte, pra ver se rebate esse porre fenomenal.
E lá fui eu pro banheiro arrastando a moça. Tirei a roupa da mulher. Levei umas duas passadas de mão na bunda. Que é isso, companheira? Não, não, não, na minha bunda não! ai, ai ai, tá machucando, minha filha. Olhe, deixe disso. Você vai ter uma ressaca moral, mas uma ressaca moral que vai até doer".
Boto a tal de baixo do chuveiro meio frio pra ver se corta o porre. Não adiantou nada! Tiro a mulher do box, enrolo na toalha, carrego pro quarto, jogo na cama. Ela pula em cima de mim, eu empurro outra vez. Levanto os braços dela pra colocar a camisa, levo uma peitada direto na cara, visto a camisa, coloco a malha de lã, ela dá um salto, senta no meu colo a cavaleiro, pelada, pego ela pela cintura, "assim não, assim eu vou ficar brava, desce de cima de mim, não, não esfrega a minha cara desse jeito, sim, sim, você também é uma pessoa linda, mas de porre fica meio difícil perceber isso. De jeito nenhum, seus peitos não cairam, só estão meio tristes. Cade a calcinha? Perdeu a calcinha? Bem, fica sem calcinha mesmo. Põe a calça. Não minha filha, a calça a gente veste pelas pernas. Isso, tá ótimo. Pera aí que eu vou secar seu pé pra botar meia".
Ela tenta me agarrar outra vez e escorrega no chão por causa da meia, estaboca feito pacote flácido, um barulhão. Agora acalma, penso eu.
Acalmou. Deitou na cama e eu fui avisar ao povo que ela estava mais calma, mas aí eu lembrei que bêbado vomita e voltei pra ver se ela estava bem.
Entro no quarto e dou de cara com o maior fiofó exposto que eu vi em toda minha vida. Quase caí pra trás coma quela visão dos infernos. Ela tinha tirado a calça assim que eu virei as costas e deitado na cama outra vez e parecia desmaiada.Uma pose de depilação total, um cu na friagem, uma xoxota bêbada, um horror. Na hora me lembrei da frase célebre que minha mãe sempre me falou: " cu de bêbado não tem dono" e fiquei pensando que quem tem cu deveria ter medo. Aquela moça estava absolutamente ...destemida!
Vou capengando, a mão tentando tapar a visão daquela bunda branca, bêbada, toda arreganhada pro meu lado, deusdocéu, jogo o cobertor de qualquer jeito e volto, cambaleando, pra cozinha pra avisar que ela tinha dormido mesmo mas que estava lá com o cu de fora. Passei a bola. Agora é com vocês.
No fim, não tinha dormido nada, fez ainda uma confusão do cacete aqui em casa e quando foi embora eu já estava dentro do meu quarto agradecendo esse meu momento "ternurinha", essa fase de amor pra dar porque se fosse nos tempos normais, ela teria levado um belo de um cascudo pra deixar de esfregar peito em minha cara. Mas como eu estou assim, cheia de amor e piedade pra dar, relevei.
SalDo dessa brincadeira: um arranhão na minha bunda, um colar quebrado, um monte de roupa pra lavar ( tudo que ela tocou foi pro tanque por pura precaução), uma defumação na casa pra ver se afasta aquela energia exúdica mal aspectada e uma imagem que não me sai da cabeça - aquele brioco pelado!
Por que que isso aocntece só comigo???
Me conta! POR QUÊ????

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Brodágem

Estava eu na Casa São Jorge com um amigo. Amigo mesmo. Daqueles de dormir no mesmo quarto que eu, com o colchonetinho do lado da minha cama, amigo daqueles de escorar no ombro quando me deu ataque de sensibilidade, de me ver chorar, de me ver de pantufas e pijaminha. Ou seja, meu amigo, porra!
Estávamos lá sacudindo o corpo e uma moça toda bonitona, cheia de graça pro lado dele. Eu sacando a história, olhando de longe, entre uma sambada e outra. É, meu amigo, a moça é bonita mesmo. Meu amigo todo animado. Olha pra ela, ela olha de volta, sorri de cá, sorri de lá e no meio disso tudo um outro cara chega, dá um guenta na moça, beija, aperta e leva embora. Meu amigo murcha como flor no asfalto quente, mas segura a onda. Eu digo que a moça é meio vagaba. Ele concorda. Naquele momento a moça é a pior moça do mundo, afinal meu amigo estava ali, na batalha e levou uma invertida. Vou ficar do lado de quem? Do meu amigo, né?
Passa a noite, danço, rebolo, meu amigo ciscando aqui e ali, eu me divertindo. No final da noite, lá vem a moça com aquele olho comprido pro lado de meu amigo. Meu amigo meio puto com ela. Eu também. Tá fazendo o que aqui? Não tá lá se agarrando com o outro? Eu sentada do lado do meu amigo. A moça fazendo a linha " ai, quanto homem atrás de mim". Eu, já com umas cervejas na cabeça, do ladinho da situação. A moça senta do nosso lado, o moço que ela estava se agarrando vem com aquela cara " se fudeu, meu véio, eu é que tô pegando a moça".
Até parece que eu ia deixar uma coisa dessas acontecer. Meu amigo ali, vendo a moça que ele estava paquerando vir se esfregar com outro na cara dele. Na mesma hora grudei no meu amigo. Virou o amor da minha vida, o tesão da minha existência, a azeitona da minha empada, o homem mais saboroso e suculento do Universo. Faltei só sentar no colo e dar um beijo de língua, mas isso já seria demais, brodagem tem limites também. Mas para boa entendedora, meio esfrega basta.
Eu já tinha tomado umas e outras, estava já disposta a dar uns tabefes na tal pra deixar de ser besta. Meu amigo percebendo meu estado de espírito, murmurava no meu ouvido, como se fossemos namoradinhos " fica fria, Tatiana, fica fria". Fria o cacete! Fica dando mole pra um, se agarra com outro e ainda vem se esfregar ao lado do meu amigo?
Mas nem fudendo! Vá se fuder! Vou meter essa flor que tá no seu cabelo no teu cu, mulher filha da puta!
Fui levada pra longe pelo meu amigo que já morria de rir de mim e de meu espírito bélico.
No fim da balada meu amigo já estava em outra, todo feliz e eu olhando meu vizinho ótimo, o Vopp, que estava no mesmo lugar que eu se agarrando com uma lambisgóia minúscula e revelando a sua natureza verdadeira. O loirão não sabe sambar, é menor que eu ( quando eu estou de salto altíssimo, como ontem) e tem um gosto péssimo para mulheres. Tudo isso confirmado pelo meu amigo que achou ele horroroso, sem graça e baixinho.
Brodagem é isso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Não é que eu sumi! É que tudo tá acontecendo rápido demais e eu tenho que colocar minha cabeça pra entender tudo, traduzir tudo e colocar meu coração em um lugar alto e estável.
Parece que o universo está me dando todas as dicas. Uma atrás da outra! E eu to por aqui, correndo atrás do entendimento.
Cada lugar que eu vou, trago alguma coisa. Alguma coisa importante.
Choro. Agora dei pra chorar, veja só que coisa. Não é chorar de tristeza, é chorar de ternura, de afeto que me sobra e transborda. Se mne dissem que me amam, choro. Se eu digo que amo, choro.
Tô aprendendo a ser "tátil". Esse afeto todo tem que ser manifestar de alguma forma. Distribuo beijos e abraços sem restrição. Se pudesse colocava o mundo todo no meu colo e dava beijinhos ternos e cafunés.
Quem pode me imaginar assim?
Nem eu! Nem eu!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sexta teve o encontro dos Flautins, do Maracatu e ainda a Fanfarra Francesa. Obviamente que fui disposta a gastar essa incomensurável energia que Deus me deu e sacudi tudo que foi possível. Precisei emprestar meu carro e no fim da balada estava eu procurando uma carona pra voltar pra casa quando encontro um amigo que estava de moto e me diz que me leva em casa.
Ótimo!
Poxa, faz tempo que não piloto uma moto...Claro que quero levar! Oba!
Subo na moto, levanto a saia branca que vem até o pé, dou aquela ajeitadinha básica, o amigo se acerta no banco do carona e eu parto. Primeiro não encontro o pedal do freio traseiro. Na última batida, a moto ficou com o pedal lá para trás. Toda a dinâmica de pilotagem muda com um pedal de freio que fica em outro lugar.
Depois senti o frio. Mas um frio daqueles que eu não me lembrava que tinha sentido, a não ser na época que eu mesma tinha moto e quase morria congelada. O vento na cara, no joelho, nas pernas, nas coxas, entrando por de baixo da saia. Ah, meu velho, cola aí atrás porque eu to morrendo de frio!
Na virada que passa pela beira da mata, nã deu mais! Que frio era aquele??
Na hora, paro a moto e peço pra que ele leve porque com ele pilotando eu teria uma barreira contra aquele frio animal e cruel.
Cheguei em casa totalmente resfriada, com nariz escorrendo, os joelhos pareciam dois cubos gigantes de gelo. Meu amigo morrendo de rir de mim, eu putíssima por não ter conseguido satisfazer minha vontade de pilotar tudo que eu queria.
E, nesse instante, eu desisti de comprar uma moto.
Tinha esquecido como é foda passar frio...Deus que me livre, quero mais meu carrinho fechadinho, quentinho onde eu possa usar saia sem me resfriar por dentro e por fora.

Ternura

Ternura é um sentimento avassalador. Um onda mansa que pega o peito, chacoalha, mistura tudo, um caldo rosa escorre, esquenta mansamente.
Ternura é um chá quente em noite fria, entregue por mãos amigas.
Ternura é meiga e serena.
Ternura me beija os cabelos antes de dormir, me abraça durante o sono e me acorda com café perfumoso, pão torradinho e música instrumental.
Ternura é uma amiga rara e boa de se ter.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Eu aqui, esse poço de honestidade, falo o que os outros não falam e digo de cara: a gripe suína caiu muito bem no final das férias. Deu aquela esticadinha que a gente sempre quer mais e nunca dá.
Hoje tem maracatu aqui em Barão. Eita que hoje eu me acabo!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Eu passo roupa e penso aqui se eu vivesse como passo roupa, eu estaria ferrada....
Servicinho infame....
Está tudo acontecendo rápido demais, dentro e fora de mim.
Minha mente é como uma tempestade de raios. Trovões ressoam em mim. Dentro e fora.
Tô em pleno surto de criação, tudo bate em mim e faz som. Tudo é meio que música.
Tô bem doidinha, é verdade. Doidinha de música, doidinha de idéias, de entusiasmo, mas to doidinha.
Me apresento às pessoas assim: oi, eu sou Tatiana e to meio doida, não estranhe, sou um pouquinho mais calma do que isso aqui!
Como dói criar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um presente inusitado

Estávamos ensaiando a outra canção que pegamos para tratar. Um maracatu nervoso mesmo, uma música minha novinha em folha. Aquele som rolando dentro de casa, uma batida forte mesmo.
Daqui a pouco alguém me diz que tem gente na porta. Eu já fui lá achando que era vizinho reclamando do barulho.
Não era nada!
Era Carô conversando com duas moças porque quando Carô chegou de carro elas estavam no meio da rua, na frnete do meu portão, dançando feito loucas a música que era ensaiada lá dentro. Assim, em plena noite de domingo!
Falei com elas, recebi um tremendo de um abraço bom e um elogio de deixar qualquer artista mole e voltei pra dentro sentindo que aquilo era um sinal muito do bom!
Lindo isso, né?

Primeiro ensaio

Todo mundo depois do ensaio...

Cris Monteiro
Bruno Sotil
Samuel Dexter e Raul Rodrigues, esse último tirando uma de técnico de som. Aparelhinho nervoso esse , viu?Não teve jeito e eu tive que fazer ensaio em pleno dias dos pais. É um inferno pessoal esse negócio de ajeitar agenda de banda! Coisa dificílima que requer toda uma estratégia. Eu utilizo a técnica da comida. Soco comida em todo mundo, se um gosta de pão de queijo, tem pão de queijo, se gosta de coca-cola, tem coca-cola. E assim vai.
Samuel tinha tocado comigo no sábado e já ficou em casa para acordarmos e começar a dar a forma da música. Dar forma é definir o tempo de cada coisa, pensar em começos e finais, pensar na música mesmo. Fizemos isso com duas canções: Caatingueira e uma novinha que nasceu assim que voltei da Chapada.
Decidimos que o ensaio seria mesmo na minha sala. Empurra móvel pra lá, tira poltrona, liga som dentro da lareira ( o único lugar que estava livre), monta batera lá, percussa espalhada por todo o lado, eu do ladinho do Samuel e confesso aqui a vocês que mesmo com uma caixa de som do lado de minha orelha, não ouvi meu violão várias vezes, por causa da massa sonora que vinha das percussões.
Mas é isso mesmo, quando a gente não tem grana pra reservar estúdio pra ensaiar. A gente fica mais criatico e adaptável. Isso é bom, né?
Raul é novo na banda. Baterista que conheci naquela oficina de coco que eu falei aqui e que acabou viajando com a gente para a Chapada e virou parceirinho. Na hora que bati o olho vendo o cara tocando coco todo invocado já me acendeu uma luz aqui na cabeça, coisa de intuição mesmo, e eu já estava armando, sem saber que já armava. Um batera com mais dois percussionistas me dá um som ainda mais "pegado", essa coisa que eu quero e o batera ainda resolver algumas coisas na percussão, tocar pandeiro, conhecer esses ritmos que eu quero colocar no cd, é uma combinação perfeita.
Botei os bichos no coitado. Não sabia de nada, cheguei chegando, convidando pra tocar junto. O coitado nunca tinha nem me visto cantar nem tocar, aliás, acho que nem sabia da minha santíssima existência musical. Eu, doidérrima, cheia de adrenalina, cheia de mil idéias. Ele, calmo como um bicho preguiça...Só falei a intenção do som, quem era que iria tocar, avisei a hora do ensaio, mostrei a música, apresentei os outros músicos e lá fomos nós. Bem vindo, querido, porque você passou com louvor na primeira prova que era segurar as pontas e não amarelar. Muito bem, parceirinho!
Gravamos em video e em mp3, de forma caseira mas é um registro muito legal desse encontro todo. Coloquei aqui alguns videos que mostra o processo da coisa, a gente tentado acertar, ver como fica, tenta, retenta, toca, dá tudo errado, volta pra acertar. Adoro esse espírito de ensaio. Adoro!
Faltou o negão Fidelis porque ele trabalhava domingo inteiro, mas no próximo ensaio, com tudo já ajeitadinho, as convenções todas acertadas, a forma definida, Fidelis, com aquele baixo dos envenenado, pega tudo de vez.
Cris é o percussa que gravou comigo o cd infantil, Cantanças, e agora virou parceiro porque fizemos juntos uma ciranda que vai entrar no cd. Tô achando isso o máximo, eu ter uma ciranda!
Bruno tá comigo faz é tempo, gravou o último cd, o dvd, fez o show comigo do infantil.
Samuel entrou com o Cantança e já é o tecladista mesmo.
Mas os rotmistas nunca tinham se encontrado na vida. E fo muito legal ver a combinação desse negócio todo!
O som ficou desse jeito, mas ainda tem mais leite pra tirar daí. Foi só um primeiro contato, aquele reconhecimento dos outros e do som em si.
Valeu demais e agradeço aos meninos pela parceria linda que eu to vendo aqui.
É isso. Começamos o cd!

Aperta, ajeita e acerta! Pedaços do ensaio.
Quem gravou foi Carô, mulher que faz de tudo um pouco!!








Vai ficar mais ou menos assim...mas ainda não exatamente assim...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Daqui a pouco volto e conto como foi o ensaio!
Tem foto, video e um registro bem caseirão do som.
Adorei, minha gente, adorei!

domingo, 9 de agosto de 2009

De certa forma, acalmei.
Quer dizer, eu calma ainda sou muito mais pilhada que a maioria das pessoas, mas eu estava por demais enlouquecida.
Sexta fechei com o estúdio, defini que vai ser no Sincopa mesmo e aí eu serenei.
Precisava comemorar isso, né?
Saímos eu e Sílvia para a Cooperativa pra dançar forr´. E tô a dias querendo me acabar na dança. Qualquer dança, mas eu precisava chegar ao osso, precisava tirar a última gota de suor porque era isso que e necessitava.
Fomos. Chegando lá uma pista de dança que parecia mais um show aeróbico de forró universitário. Puta merda, aquilo é coisa por demais profissa pra uma forrezeira básica como eu. Eu e Sílvia simplesmente amarelamos. Eu confesso que medrei. Aqueles giros todos, aquele tão de homem puxar a mulher pra cá, pra lá, braço pra cima, braço pra baixo.Eu, desse tamanho todo, é muito fácil me estabocar no chão e ainda levar junto comigo o meu par. Cruz credo, isso aqui parece reunião de alunos de dança de salão!
No meio da muvuca acho um amigo e pergunto:
-Você dança desse jeito aí do povo?
-Eu não! Isso aí é muito complicado!
-Graças a Deus, uma pessoa que dança forró normal!
Agarrei o moço e lá fomos nós, meio no cantinho, meio escondido, forrozando. Uma hora ele dançava comigo, outra hora dançava com a Silvia. Chega Cris. Oba! Mais um " normal" pra dançar!
Cris não é de grandes rebosteios no forró, mas tem, como ele mesmo diz, a "magrelagem" e aí começou. Depois de entrar no salão pelas mãos do Cris, a pista abriu. Ou seja, começa a pintar convites pra dançar. Todo mundo fica se sacando. Quer dançar com quem sabe, com quem parece que tem jeito. Adorei!
Adorei o fato de não ter sacanagem ali, quem vai, vai pra dançar e o negócio é dançar, não é ficar xavecando. Adoro isso!
Adorei essa gentil cordialidade de pedir pra dançar junto, agradecer a dança e pedir outra pessoa pra dançar.
Percebi uma outra coisa muito interessante. Ali, naquela pista os homens sabem exatamente o que tem que fazer. ali, Eles comandam e ficam totalmente satisfeitos com isso. Lidar com homem que sabe o que tem que fazer é uma coisa rara hoje em dia.
Teve uma hora que um negão cok uns braços de carregar saco de café quis dançar comigo. Veio meio esquisito, cheio de coisa pro meu lado. Pra sair dessa vibração eu comecei a puxar papo e pedir que me ensinasse a fazer determinadas coisas, relacionadas à dança. Ele me ensinando. Aí uma hora e entendi uma cosa errada e perguntei a ele se naquela hora ele queria que "eu" conduzisse ele. Recebi um "NUNCA" no meio da cara, como se eu tivesse pedindo pra passar a mão na bunda dele, ali no meio do salão. Nunca, jamais, em tempo algumn, em nenhuma circunstância a mulher leva o homem, isso é ponto pacífico que os homens simplesmente necessitam. Na mesma hra e disse "sim, senhor", "não senhor, nunquinha em minha vida vou querer conduzir homem algum neste sagrado espaço de dança, quem manda aqui é o senhor, perfeitamente".
E assim foi. Me deixei conduzir a noe toda e devo dizer que gostei muito disso.
Dancei da meia noite até as quatro da manhã. Cheguei com casa com o pé todo ferrado, esfolado, dolorido, mas eu sorria, feliz.
E decidi: eu vou aprender a dançar aquele negócio, mesmo achando um tantinho exagerado. Mas que eu quero aprender a dançar forró universitário, ah, eu quero.
Amei!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Primeiro ensaio

Tá marcado.
Domingo agora acontecerá o primeiro ensaio formal da banda para começar a dar um trato nas canções do cd.
Vai ser a primeira vez que meus novos vizinhos acompanharão um ensaio meu. Porque não dá pra não acompanhar quando a gente desce a mão, né? Minha graagem tem uma acústica ótima, espeta os instrumentos em linha, voz, violão e teclado e percussa e batera direto na madeira. Aquela minha mesma intenção: pega três canções, define forma, define arranjo, gravo a canção de forma caseira, ou filmo, sei lá, e tá registrado. Assim que puder, entro no estúdio e gravo ao vivo. Assim: pá, pum!
Vocês tem noção do meu estado de espírito?
Tô absolutamente doida com esse negócio, minha cabeça musical está a mil, tudo é som, tudo é possibilidade!
Tô doidona!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

minha quarta feira

Como disse, sou uma nova mulher.
Acordo, tom café e engato no computador escrevendo a oficina e passo a manhã toda nisso. Escreve. envia, liga e assim vai.
Almoço e a faxineira me explusa do quarto. Pra onde vou?
Pro melhor lugar da casa pra fazer música: a garagem de frente pra rua.
Tô lá sentadinha, violão no colo, música nova sendo mastigada e engolida, várias vezes. Mexe aqui, mexe acolá. Tô na música totalmente quando vejo parar o carro do Cris, percussa.
Já sai do carro com o cavaco na mão, já vou mostrando a canção nova, já aparece um cajon e um pandeiro. Começamos a tocar.
Toco uma canção que vai entrar no cd. Eu achando que era um baião e o Cris me diz: não, pode ser um coco. É? Coco? Sim! Coco. Puta merda, eu tenho um coco. Quase tive um treco de satisfação. Lá fomos no coco.
No meio da cantoria eu digo que queria ter uma ciranda. Não tenho. Cris também não tem. Vamos fazer uma agora?
Aí o bicho pegou. Eu cantava uma melodia e o Cris me fazia outra de resposta.Escreve a letra. Pega o pandeiro na ciranda. Faz uma outra parte, outra melodia. Sai do tom menor, vai pro maior. Como era mesmo a primeira parte?Não lembro!Virge assim não vai dar. Vamos gravar esse negócio. Filma daqui, canta dali, inventa acolá.
A tarde toda nessa história! Começo da noite. Noite a dentro. " o sol vai surgir pra secar os óio do meu amor...pra levar tristeza, fazer ciranda, vai vadiar...pra jogar na roda, jogar na gira, vai vadiar..."Tá linda essa ciranda, meu nego! Toca ai mais uma vez. Emais outra. E mais uma vez anda. Tá bonito, né?
Lá pelas nove e tanta começa a chegar mais um povo. Julianas, Lori, Du e Carô, eu e Cris.
Mostramos as músicas novas, cantamos outras, conversa jogada fora, ataques de bebeiras deliciosos.
Alguém liga o som.
E lá vem samba pra dançar juntinho. Cris me pega pela cintura, afasta sofá, empurra cadeira e daqui a pouco minha sala virou um salão. Todo mundo dançando juntinho, agora muda o par, e vai trocando. Forró. Samba de gafieira. Tô suando dentro da minha sala a uma da manhã!
Acordo hoje com a maior cara de feliz, corro aqui praouvir os videos e ver se a canção nascida ontem, parceria com o Cris, é boa mesmo.
É!
Linda ciranda!
Toda feliz agora...uma leve ressaquinha, mas muito feliz com o dia anterior.
Produtiva!!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Curtinhas da web

Tô dizendo que esse mundo tá ficando cheio de bestagens. Onde já se viu isso??
Nananinanana!
Não abro mão de algumas ortodoxias!
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Agora entendo tudo!
Isso explica a minha natureza!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Já to boa.
Nada melhor do que uma música nova pra alegrar a vida.
Aproveitando aqui que to em recuperação física e emocional.
Você que é outro você, não o que me fez chorar: vai se fuder, vai pra puta que pariu. Não me conhece, não sabe do que eu sou capaz. Se não aguenta, nem começa!
Pronto, agora to aliviadinha de vez.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Quando eu me dôo e choro.

Quando deixo a lágrima cair pra fora, até eu me surpreendo. Acostumei a ser cachoeira às avessas. Chego a sentir estalactites salgadas, grudadas no topo de minha cabeça, por dentro, do alto até o fundo do peito, de cada lágrima engolida que se transformou em calo.
Quando eu me dôo assim, parece que cada poro meu inflama. Dói até ferida antiga. Lateja a cicatriz. Aquele berro na minha orelha, aquela luz aguda na minha cara. Dói, porra!
Procuro um beco qualquer, um escuro remanso onde eu possa lacrimejar na paz da auto-comiseração, sem orgulho algum, caída no canto de mim mesma, envergonhada de minha própria humanidade e fraqueza.
Quando eu dôo assim, viro bicho. Arisco. Não sei receber afago quando estou doendo. Qualquer mão de carinho tem um peso por demais insuportável. Me recolho toda. Viro tatu bola. Viro formiga. Viro barata tonta a procura do vão da porta. Viro bicho papão.
Quando eu me dôo toda, tenho raiva. De mim. De você que me fez doer. Tenho raiva da vida. Tenho raiva de Deus. Minha raiva dura o tempo da explosão. Passa e vira poeira. Só me deixa o cansaço da ira.
Hoje eu me doí todinha.
Tava trincadinho e vazou minhas lágrimas todas. Enxurrada de tantas coisas, das saudades, das faltas, das idas, das voltas, dos fins, das mortes. Aproveitei e chorei logo tudo de uma vez. Já to na merda mesmo, vamos aproveitar e colocar o chororô em dia.
Chorei descaradamente.
Chorei blasfemando. Depois baixinho. Depois seco e finalmente voltei a chorar pra dentro.
Uma cachoeira às avessas outra vez.
Um rio que segue pro mar de dentro de mim.
Quando me vi outra vez aguando meu de dentro, dei de cara com você.
E aí, chorei mansinho mas agora foi de saudade e de amor guardado. Chorei te acarinhando os cabelos e sentindo o cheiro que sai deles. Chorei lembrando dos seus dedinhos como minhoquinhas e de seu jeito, espelho de mim mesma. Chorei como quem dá o peito pela primeira vez na vida. Chorei por ter me multiplicado. Chorei dobrado.
Aí cansei de chorar, cozinhei um miojo, tomei café e vim dizer aqui que te amo.
Só para que isso fique pra fora e você possa ver porque eu sei que ainda não sabe olhar além do óbvio.
Não sabe olhar dentro dos olhos das mães.
Ainda não.

domingo, 2 de agosto de 2009

A maldição do rego

Já estava quase explodindo aqui em casa. Terrível esse negócio de perder a voz. Escrevo, escrevo, escrevo como uma enlouquecida. Daqui a pouco eu vou contar minha vida inteira, falar o que não devo, contar abrobrinhagens...tudo porque estou aqui, assim.
Não fico calada nem sem voz!
Fico sussurrando por aí, fazendo mímica, escrevendo em guardanapos de papel.
Resolvo sair de sopetão, ver o show do João Arruda la no Centro de Convivência. Vamos eu e Silvia e quase morro ouvindo o público todo cantar junto e eu lá, fazendo mímica para, caso a câmera da gravação do dvd me pegasse, eu pelo menos pareceria que estava cantando junto. Tava nada! Tava mudinha fazendo ahan, aham, aham.
Ser uma cantora muda é foda!
Saimos de lá e decidimos ir ao Habbib's. Péssima idéia. Demorado pra cacete. Feio. Meio sujo.
E ele. Ele que me estragou a noite.
Um moço de blusa verde piscina, bem justinha e um rego, um rego que era um canion de tão grande. Um buraco negro. Aquilo era a coisa mais indecente que eu vi em toda a minha vida.
Um homem grande, gordo, de camisa verde piscina, com a boca cheia de esfiha e um cofrinho daqueles, incomensurável, aquilo não era cofrinho: era o rede do Bradesco toda! Aquilo era um escândalo!
Eu tentava desviar o olhar, mas não dava. Cada hora que ele se movia, aquela bunda imensa, branca e gorda aparecia ainda mais. Pior que filme de sacanagem!
Silvia teve umataque de loucura e desatou a rir. Atrás da gente uma mesa com cinco mulheres, tipo mulher caminhoneira, às gargalhadas. Um moço que estava bem atrás da mesa do outro com o cofrinho de fora, estava segurando o riso, fechando a boca pra não vazar barulho. O coitado sozinho na mesa, de cara para aquele túnel, aquele fim de mundo que era o rego do gordinho, não estava dando pra segurar.
As moças caminhoneiras rindo tão alto, Silvia descontrolada, o outro cara da mesa tendo um treco, o "enregado" todo feliz, nem percebendo a confusão que causava, mas com aquela reação em massa ele iria perceber e iria dar merda. Nem gritar por socorro eu posso!
Gente, era um cofrinho tão grande que caberia uma mão ali dentro!Não to exagerando.
Aquilo me tirou o apetite, a vontade de comer, de ficar ali, o serviço demorava, o rego não ia embora de jeito nenhum, feliz da vida comendo as suas milhares de esfihas, eu agoniada com aquela visão, chocante demais, aquele bundão imenso ali, exposto, uma coisa meio que ingenuamente escrota e indecente.
Fui embora o mais rápido possível e tô meio que traumatizada. Fecho os olhos e vejo o que?
Aquele bundão e eu, muda, sem poder pedir ajuda.
Visão dos infernos. Pesadelo acordada.
Vou dormir...quem sabe esqueço...pelo menos dormindo, fico calada!
Já que não posso falar, me resta escrever.
Por que ando tão inquieta assim?
Essa inquietude, essa ânsia de viver tudo de uma vez, de um gole só. Cheguei até a achar que eu iria morrer daqui a pouco porque sinto como se fosse tudo pra ontem. Sempre falei que não viveria muito, mas uma amiga já me diz que eu passei da época de se morrer jovem. Já tô pra lá do cabo da Boa Esperança e ela, de certa forma, tem razão.
Pode ser a crise da meia-idade. Esse furor começou quando fiz 40. Ai, os meus 40 anos foram do cacete! Fiz o que eu quis fazer, experimentei o que não tinha experimentado, dancei, suei, gargalhei como doida. Continuo nessa até hoje.
Quero viver tudo!
Quero cantar, gravar mais um cd, conhecer pessoas novas, fazer música com gente diferente, quero me apaixonar perdidamente, quero noites de lascívia e devassidão, quero dormir outra vez tendo só o céu sobre mim, quero viajar mais, quero aprender mais, quero ouvir histórias de fantasmas da boca da velha preta, quero tomar café tirado do pé, quero dançar ciranda, coco, quero sambar até o dia amanhecer, quero subir em montanhas mais altas, quero pegar jacaré e me ralar toda na areia, quero chorar emocionada com um nascer de sol, quero dormir aninhada em um ombro macio, quero ter horas de conversas com meus filhos, quem sabe carregar meus netos no colo e contar hitórias doidas e surreais, quero aprender a fazer tricô, quero aprender capoeira angola, quero tocar viola sem sotaque caipira, quero fazer tantra, quero escrever um livro, quero sair por esse Brasilzão ouvindo a música que ele faz, quero amar mais e melhor. Quero viver mais e melhor. Quero amigos que me entendam, amores que me libertem, quero mestres que me digam " vá por ali",mesmo que nunca vá por ali. quero fazer minha existência ter valido à pena, minha passagem por aqui não ter sido em vão. Quero saber que ajudei pessoas, que fiz meu mundinho ser um lugar melhor pra quem eu amo.
Quero isso e muito mais.
Me sinto só no meio de tantos quereres. Parece que só eu quero tanto. O resto se acostumou com o que tem.
Me sinto só com tanta energia.
Me sinto só diante de um mundo que pode ser imenso ou minúsculo.
Me sinto só e muito cheia de mim.
Mas me sinto viva e isso já vale à pena.

sábado, 1 de agosto de 2009

Perdi a voz

Ontem durante a cantoria no Deck já tinha sentido que a coisa não estava boa pro meu lado. A voz não era a de sempre. A mudança de clima e a canseira que me dei causavam aquele resfriadinho.
Acordo hoje com meu celular tocando. Quando falo "alô" não sai nada! Afônica total!
Meu amigo Rafa veio ao meu encontro imediatamente e me arrastou pra um almoço. Não falo quase nada! Nâo consigo falar! Tento, mas machuca a garganta.
Como é difícil perder a voz. Como deve ser terrível para quem não tem voz, literal e metaforicamente.
Sinto que todos meus pensamentos se agrupam dentro de minha cabeça, querem sair, não podem, voltam se batem uns nos outros, gemem.
Eu estou assim. Repleta de palavras que eu precisava dizer porque hoje foi o dia que eu tinha decidido dizer algumas coisas.
Será que tem relação?
Porque eu não sou de perder voz!
Muito significativo...vou pensar melhor sobre isso.
Mas eu sou teimosa, eu disse que eu ia falar e vou falar mesmo que seja só escrevendo. Se perde algumas nuances, perde-se a força da palavra expressada, o tom quente ou frio da voz, mas já se quebra um galho.
Disse.
Minha voz não voltou, como que por encanto. Foda, pensei que fosse mais rápido. Não é.
Paciência, então.
Tenho medo de acordar amnhã coberta de espinhas, cada uma, uma palavra não dita que se rebelou contra mim e virou pereba na cara.
Palavras são coisas tinhosas também. Escorregam sem querer em horas impróprias. Batem forte na cara como se fossem tufão e a gente esperava brisa morna. Palavras furam. Escondem.
Palavras são armas.
Cuidado com elas.