quinta-feira, 3 de junho de 2010

Minha vida anda dando um passo depois do outro. Passos pequenos mas decididos.
Minha vida anda e isso já é bom demais.
A casa nova é uma história de amor que nasce assim, mansamente. Não é aquela paixão que arrebata, mas sim um cafunéque surpreende na rotina do cotidiano, um denguinho de manhã, um abraço lavando louça. Me pego sorrindo e conversando com as paredes, alisando os batentes e cantando para as plantas. Uma felicidade morna, uma nuvem boa que paira sobre nós.
Felicidade nas horinahs de descuido, realmente.

Meu coração tem lá seus porões empoeirados, eu sei. Mas sei que poeira é coisa que se espana e o tempo tem força. Espero pacientemente, taurinamente, que as coisas voltem aos seus devidos lugares. Não que eu espere sorrindo sempre. Não, muitas vezes meus olhos marejam e eu penso que a vida pode ser irônica e dura, mas aí me lembro que existe uma sabedoria maior e que sobre todos pesa a mão da justiça. Aceita a sombra que escurece meus olhos, mesmo que não entenda, e sigo em frente. Mas também sei que a justiça é para todos e aguardo o momento que secarei meu suor e minhas lágrimas e olharei a volta que a vida dará. Não sinto raiva mas uma piedade dura e uma consciência que a loucura e a maldade se misturam em discursos prontos. A maldade é a brecha na armadura e posso garantir que quem vela por mim vai saber usar. Na hora certa. Quanto mais tempo se segura o golpe mais forte ele é.
Aguardo.

Meu trabalho é uma mar de notas. Canto todos os dias. Todos os dias alongo corpo. Todos os dias distrubuo esse carinho que me transborda e recebo de volta muito mais. Muito interessante observar essas coisas e sentir como interferimos na vida alheia. Uma grande responsabilidade.
Agradeço tanto por estar fazendo o que me foi designado, por ser completamente responsável por mim e por conseguir ir.

Sinto saudade do palco descabelado. Tenho cantado bastante até, mas não do jeito que minha alma precisa. Daqui a pouco tudo isso muda.

Continuo na era dos homens mais novos. Muito mais novos. São tão lindos, como um broto de hortelã rompendo a rocha. Tão cheios de futuro e de energia. Adoro.
Me pergunto onde estão os homens da minha idade. Talvez na fisioterapia, na sala de jantar de suas casas, em seus escritórios, sei lá. Só sei que por onde ando, eles não andam. E se andam, não nos encontramos, não nos atraímos.
Meu filho, muito sabiamente, me diz que eu não sou uma mulher que os homens da minha idade tem cacife para encarar. Cheguei a conclusão que eu é que não tenho cacife pra encarar eles. Pelo menos não esses que tem um roteiro pronto de vida, tão óbvio como a novela das oito. Me cansam seus papos, seus sonhos são tão diferentes dos meus e precisam de um tipo de mulher que não sou ou não quero ser.
Não quero ser mulher de ninguém. Quero ser eu! Que compartilha uma parte de minha vida com alguém, mas não quero largar minha vida, mudar meus sonhos que colaram meus ossos tantas vezes. Os homens passam e meus sonhos ficam comigo.

É isso...voltarei mais aqui.

Um comentário:

N. Calimeris disse...

Também me pergunto por onde andam os homens... nem os mais novos me aparece. Embora eu veja espécimes interessantes mas que ficam a desejar como um filme ruim com trailer fantástico.