segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Estava aqui pensando...algumas mulheres tem uma Pomba Gira de frente. Eu devo ter um Zé Pelintra porque pra me ver feliz é só me deixar em um botecão com sinuca, um samba bom tocando, uma cerveja e um cantinho debaixo do céu pra eu poder fumar meu cigarrinho.
Foi exatamente isso que eu tive ontem a noite.
Três mulheres saindo por Barão Geraldo a procura de uma mesa de sinuca. Não foi fácil achar. Na verdade, nem achamos. O que nos fez parar no boteco foi o grupo de samba que estava tocando e qual foi nossa surpresa ao perceber que lá no fundão tinha mesa de sinuca. Minha satisfação particular!
A reação do dono do bar quando fui pedir as fichas de sinuca foi até engraçada. Ficou me olhando com cara de bobo e demorou a me entregar as tais fichas. Entramos lá no fundão, onde os sinuqueiros ( todos homens) se reuniam e a mesa mais esculhambada estava vaga. Acho que meu taco estava até meio tortinho, mas isso não impediu que nós nos divertíssimos muitíssimo.
Óbvio que os caras ficam prestando atenção no jogo, causa uma certa curiosidade e jogar com um monte de homem te olhando pode ser um tanto constrangedor, mas depois que eu viajei com o povo do teatro e a minha única diversão era sinuca em boteco vagabundo, já estou calejada e nem me incomodo mais.
O som ao vivo chegava até nós e o repertório deles era realmente muito bom. Jogamos felizes da vida. Acabando as seis fichas ( um real cada uma - adoro programa popular) fomos para o lado de fora, mesas e cadeiras na calçada, um povão misturado, coisa bem Brasil mesmo e já não tinha mais mesa vaga. Uma mulher meio bêbada, muito animada, nos oferece as cadeiras que estavam sobrando e podíamos apreciar o grupo que tocava. A mesma mulher me chama pra sambar e eu não pude resistir. Caí no samba.
Era tudo que eu precisava. Samba, sinuca, cerveja, cigarro, suor e... Sacanagem não teve, infelizmente. O povo era realmente muito estranho, não dava pra pensar nestas coisas mas eu me diverti muito mesmo assim.
Meus dedos coçavam pra tocar. Que bosta é essa necessidade de fazer música, de fazer paret da banda. Quando pediram canjas eu praticamente saltei pro violão. Cantei e toquei até que minhas unhas fossem comidas pelas cordas do violão. Cantei rindo, olhando nos olhos do moço do cavaco que, por sinal, era muito engraçado. Tinha cara de emo e tocava cavaquinho. Exótico. O pandeirista já tinha cantado, tocado violão e assumia agora a percussão. O cantor estava no agogô. O antigo violão de sete pegou a timba e virou o samba do crioulo doido. O samba do crioulo doido muito do bom, diga-se de passagem e eu matei todas as minhas vontades.
Voltei pra casa meio de pilequinho, satisfeita com a sinuca, com a cerveja e com o samba. Tão fácil me fazer feliz. Tão simples.
Acordei hoje pensando nisso. Na felicidade das pequenas coisas, dos pequenos momentos e de como o Brasil tem charme.
O dono do bar pediu qeu voltássemos sempre, que a sinuca estava sempre ali e que daqui a quize dias o grupo voltaria pra tocar.
Certamente estarei lá porque é dessas coisinhas bobas que eu alegro meus dias.

PS: Carô, você terá oportunidade da revanche. Seu jogo melhorou imensamente no decorrer das partidas e eu discordo que foi a cerveja na sua cabeça. Acho que é um talento natural para a vadiagem e aquilo que aprendemos quando jovens fica na memória. Seu passado sinuqueiro está dentro de você. Vamos mais lá no botecão e nos transformaremos na dupla feminina de sinuca mais letal de Barão Geraldo.

PS2: Minhas amigas que não jogam, se quiserem praticar, juntem-se a nós.

2 comentários:

figbatera disse...

Que beleza, Tatiana! Eu tbm sou sinuqueiro e um programa desses, com cerveja, samba (com direito a "canja") e sinuca, é mesmo uma maravilha!

Marina F. disse...

eita que adooooro uma sinuca! bora!