sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

virada do ano

Os dias que antecediam o final do ano me faziam refletir. Esse era meu momento:pensar sobre o que queria manter na minha vida, descobrir o que não me servia mais, o que era necessário fazer mudanças e onde eu tinha que cortar sem dó.
Tinha algumas dores que estavam comigo ( ainda estão) e elas não me deixavam ficar eufórica. queria somente tomar banho de mar, receber a força das águas, da lua cheia. Estava a fim de me recolocar.
Mas algumas coisas não mudam de um dia pro outro e eu, estúpida que sou, me desbanquei pra Barra do Una, lugar lindo que merece outra visita.
Fiquei em um camping e essa foi uma das experiências mais chocantes de minha vida. Camping no final do ano é um tipo de inferno. Não tinha sombra pra todos e eu montei minha barraca no sol que castigava, apesar da meteorologia dizer que chovia. Não choveu. "Prefiro ter um filho viado a um filho meteorologista", já dizia o povo da Terça Insana. Um sol de rachar o coco, um calor do cacete e,pior de tudo, um povo, um povo que trazia nas costas a casa. Uma farofada que me chocou. Tinha povo que levava fogão de quatro bocas, bujão de gás, televisão, cachorro, mesa de cozinha, freezer, a sogra, criança de colo, dvd do Mastruz com Leite aos berros no som do carro, de portona aberta, como coxa de quenga. E é um povo que gera ruído! É de uma felicidade ruidosa e de uma infelicidade sonora. Brigam entre si como se estivessem na casa deles. Descobri, por exemplo que o senhor que estava próximo, tem flatulência e que isso incomodava a esposa. Eu descobri isso e o camping todo.
E bebem. Bebem muito e bebem sem restrição. Cachaça, cerveja, vodka com kisuco de morango, catuaba, jurubeba, cinzano, conhaque, capeta, não necessariamente nessa mesma ordem. Passam o dia todo bebendo, passam o dia de porre, entram na noite bebendo mais ainda e eu me pergunto porque não morrem subitamente de cirrose hepática. Mortos não são tão falsamente felizes e nem tão absurdamente inconvenientes. Sem falar que um bom ebó dá jeito em alma penada.
Então, teve momentos que o som de alguém sacudia um pagode vagabundo, uma senhora berrava pelo filho, um cachorro corria atrás de alguém ( um pincher foi pisotiado quando atacou um cara e o tal cara quase foi linchado pela dona ) latindo escandalosamente e um grupo se acabava no truco, também aos berros.
Um festival de barracas com "puxadinhos" multicoloridos feitos delonas ou de plásrticos. Varais com calcinhas, cuecas, biquines, cangas, pano de prato bordado pela avó Ou seja,um favelão de nylon.
Voltei no dia 31 porque eu não conseguiria suportar tanta cachaça e tanta farofa em um lugar só.
Nunca mais na minha vida eu faço uma asneira dessas.
A grande descoberta que eu fiz nesse fim de ano é que eu sou uma mulher fina demais pra esse tipo de ambiente. Ou freca demias, não sei ao certo. Não nasci pra isso. Não quero isso. Deus sabe o que poderia ser de mim neste ano de 2010 se eu passasse a virada com essa vibração. Podia começar a achar legal um negócio desse. Sei lá..melhor previnir.
Fugi e não me arrependo. Nunca mais...nunca mais mesmo.
Se eu disser que quero repetir a experiência, que vou no feriado de Tiradentes pro camping de qualquer praia, pode me dar na cara. Com força.
Eu juro que não revido.

Um comentário:

Luli disse...

Que mico, Tati. E eu que também odeio esse tipo de ambiente ainda sou julgada por alguns como mal humorada, véia, chata. Afe, Deus nos livre!