terça-feira, 1 de setembro de 2009

Conheci um rapaz de vinte anos. Vinte anos somente. Um moço bonito, um moço de coração bom, mas completamente perturbado, chapado, perdido.
Em pouco tempo já estava tentando me agradar com pequenas gentilezas, cedendo a poltrona, se propondo a sair e comprar alguma coisa que eu quisesse.
Não era xaveco. Ela era somente um menino que queria afeto. Afeto de mãe mesmo, afeto de mulher mais velha.
Nem preciso saber de sua história pra "sentir" que é uma história triste. Nem quero saber os detalhes porque acho que não aguento. Aquele olhar sedento, aqquele peito arreganhado, aquela carência crônica. Uma vida inteirinha sentindo falta, muita falta.
Me deu uma vontade de colocar no colo, de passar as mãos nos cabelos, de pegar a roupa toda desmanzelada, botar pra lavar com amaciante, secar no sol. Me deu vontade de fazer comida boa de mãe e botar na mesa toda arrumada, de fazer repetir. Sim, claro que você pode raspar a lata de leite condensado. Fiquei toda emotiva vendo ele lamber os dedos, sorrindo feliz, como tantas vezes sorriram meus filhos. Olhava pra ele com um olho de mãe e eu percebia que cada coisinha daquela que eu queria dar, ele ainda queria por demais.
Aquele rapaz precisava disso tudo: atenção, carinho, comida, limite, limpeza, controle. E Amor. Como aquele menino precisava de amor.
Eu não pude dar tudo que ele necessitava, pelas circunstâncias, mas meu coração ficou todo mexidinho com aquele rapaz.
Percebi que estou com tanta saudade dos meus filhos que crescem descontroladamente que estou assim, sensível às faltas maternas de outros. Como se meu instinto materno estivesse transbordando, sobrando de mim. Não me faz falta alguma dar porque me sobra demais.
Aquele menino grande mexeu comigo.
E me peguei hoje, rezando por ele, da mesma forma que rezo por meus filhos, todo santo dia.
Que Deus realmente o proteja. Porque ele precisa.

7 comentários:

N. Calimeris disse...

Tocante. Rezo com você, amiga. Não sei o nome do menino. Mas, sei como é essa falta, se conheço bem! Deus abençoe os perdidos.

claudia lyra disse...

Ai, puxa... a gente é, antes de tudo, mãe, né?

Rachel disse...

Me emocionei...muito! Principalmente por ter acabado de escrever meu post...
Talvez nem saberá o porque, mas meu coração pede: Obrigada!
beijos.

Tatiana disse...

Nana
Agradeço a reza!

Tatiana disse...

Cláudia,
Uma vez mãe, sempre mãe. que merda!

Tatiana disse...

Chel,
Nem sei mesmo...mas meu coração também te agradece.

Fernando disse...

É outra mulher... definitivamente outra mulher... Não brinquei quando brinquei com "Tátil Ana"...
Tô amando ver isso...