terça-feira, 28 de julho de 2009

Chapada dos Veadeiros

Voltei.
Voltei a contragosto, queria mais era ter ficado por lá.
Voltei toda fudida, ralada, cheia de manchas roxas pelo corpo.
Voltei alimentada de água pura, sol quente, estrelas que salpicam o olho de uma alegria simples, de terra vermelha e seca.
Voltei outra.
Muitas coisas aconteceram por lá. Nem vou tentar escrever sobre isso porque viraria um livro, mas alumas histórias valem a pena ser contadas.

A viagem
No nosso carro estávamos eu, Ju Hilal e Silvia. Loucas para chegar logo. Ansiosérrimas.
Viajei, mais uma vez, sem carteiira de motorista porque aquela meleca não chega nunca. Nunca vi tanta demora para uma carteira. Absolutamente nenhum guarda na estrada e passamos livres e leves. Óbvio que fiz muita mandinga pra isso acontecer e agradeço formalmente.

Cristalina
Cidade que escolhemos para dormir e esperar o resto do grupo que chegaria.
Quase tive um treco quando vi tanta água cristalina.
Quase tive outro treco quando entramos no restaurante e a música sertaneja estava aos berros. Mas muito aos berros mesmo.
Eu comecei a ficar irritada com aquilo. Aquela música de corno, o cara cantava que a mulher era vagabunda, vivia na balada, mas ele a amava assim mesmo.
Aí e pensei: poxa, tô em Goiás, o que eu queria ouvir aqui? Jazz?
Então relaxei.
Comecei a prestar atenção nas letras. Uma tragedia atrás da outra, uma historinha atrás da outra. Ou ela estava longe, ou estava com outro, ou ele enchia a cara por saudade, ou seja , um melodrama sertanejo.
Comecei a entrar no clima. Balançava os braços. êeeeeeeeeeeeeeeeeee. ôoooooooooooooooooo.
O dono do restaurante vem e eu pergunto quem é a dupla porque eles são ótimos!
O dono do restaurante não era dado a sutilezas e foi muito gentil me dando o cd dessa tal dupla de corno manso. Ganhei um cd sertanejo e tentei ouvir na volta. Não deu. Música de corno, só em Góias, depois de banho de rio em Cristalina, em um restaurante vagabundo. Fora disso, impossível.

A chegada
Meus outros companheiros de viagem eu tinha conhecido na quinta anterior, lá na oficina de coco de pernambuco.
Tô em uma fase de "confraternizar". Vascila, to confraternizando. Um rapaz começa a puxar papo comigo, descubro que é baterista, papo vai, papo vem, falo que vou à Chapada, convido, ele topa e a viagem começa a ser armada com um ilustre desconhecido muito do massa.
Raul convida mais três amigos e essa é a nossa turma.
Eu, Hilal, Silvia, Raul, Marco, Marlon e Fernanda.
Ficamos em Cristalina esperando eles que sairam depois de nós e seguimos em comboio até a cidade de São Jorge, já na Chapada.
Chegamos e formos direto para a aldeia Multiétnica onde estava havendo um encontro de etnias indigenas. Estavam gravando um dvd com os índios cantando e dançando e eu nunca vi tanto índio assim, de pertinho.
Cada indião forte! Um espetáculo.
Ali eu confirmei que muito da nossa música tem referência aos ritos indígenas, a roda, a dança circular, o pé batendo no chão.
Olhando as índias, me vi ali, de certa forma.
Minha ancendência indígena brilhou e eu reconheci a minha bunda como uma típica bunda indígena.
Bom saber de onde viemos.

O primeiro mergulho na Chapada
No outro dia, fomos tomar banho de cachoeira ali mesmo, na aldeia. Descemos um morrão, pisamos na terra e nas pedras e estávamos realmente dentro da Chapada dos Veadeiros.
Eu estava tão feliz, tão feliz, mas tão feliz que não cabia em mim, literamente.
Sobrava "eu" pra todo lado e eu fui me estabocando em cada pedra, em cada chão. Me machuquei toda e nem sentia as dores, os arranhões.
Eu olhava pra aquela água santo toda, aquela imensidão de céu e ria sozinha. Sozinha, não! Todo mundo estava em estado de graça.
Não conseguia parar de agradecer a Deus por estar ali, de estar de cara para a coisa que mais se aproximava da verdadeira divindade.
Eu estava nadando nos braços de Deus...

2 comentários:

N. Calimeris disse...

Respeito é bom! Que quer dizer com essa história de que em goiás só tem música de corno????? Devia vir em brasília para ver o que é bom! Tá, eu sei... tá cheio de agroboy... mas boas coisas saíram do quadradinho de goiás!

Patricia(Gô) disse...

viajei com vc lendo os textos...bjs