terça-feira, 28 de julho de 2009

Chapada II

,O tombo
Eu estava tão feliz que nem queria saber de nada.
Hilal levou aquela máquina cacetuda dela e estava meio que histérica também.
Silvia parecia que ia chorar.
Marco, equatoriano, dizia que nunca tinha visto aquele Brasil.
Raul sorria o tempo todo.
Marlon e Fernanda também.
Uma pequena cachoeira, uma quedinha d'água e eu fui entrar de baixo. Que delícia sentir aquela água toda bater nas costas. Massagem natural. Quero que bata nos ombros. Opa, tá batendo no peito. Opa, opa, opa, tá me levando pra trás. Caramba, força no abdomem pra voltar...cadê a força do abdomem?
Não deu. A cachoeira me vira e eu caio de costas, para trás da pedra. Sinto que to caindo de cabeça pra baixo e , no instinto, forço o corpo a dar uma cambalhora para cair meio que de pé. Caio como uma saco de batata e foi só por Deus que eu não me ferrei mesmo porque a altura era pequena, um metro somente.
Resultado: uma porrada realmente feia na canela direita que me deixou um calombo que assustou a Silvia, uma cacetada no ombro direito que me deixou roxa, um arranhão nas costas que deu pra cacete, meus dois joelhos esfolados e sangrando.
Quando eu voltei pra cima da pedra, vi Raul, Hilal e Silvia muito preocupados comigo, mas a preocupação não impediu que Silvia tirasse fotos da sequência da minha queda. Tá lá registrado meu primeiro estabocamento.
Raul gargalhava como um demente.
Eu, toda fudida, mas sem nenhuma dor. Minha canela estava em uma situação mesmo muito feia, mas como não doía nada eu não me apavorei.
Eu levei o kit de primeiros socorros e usei um adesivo, um emplasto que me salvou a vida. Saí da água, Silvia apavoradérrima com meu estado, coloquei o adesivo, aquele ovo imenso no meio da canela e voltei pra água super fria. Acho que isso tudo ajudou a não ficar nem roxo. Mas a raladura está aqui e minha perna é uma coisa realmente medonha.
Eu já tiha decidido que iria carregar tudo que pudesse ser necessário e assim fiz. Na minha mochila tinha sempre o kit de primeiros socorros, uma lanterna, minha faca, um agasalho, meu canivete, saco plástico pra recolher lixo, alguma coisa pra comer e cantil.
Não passei nenhum aperto e valeu a pena o peso nas costas.

O camping
Tivemos uma recomendação do Camping do Dragão e seguimos para lá, saindo da aldeia.
O camping ficava dentro da cidade de São Jorge, bem pertinho do centro. Chegando lá, o responsável não estava e um dos campistas tinha ficado responsável por receber os novos que chegavam. Nos falaram que a diária custava R$8,00 e não era. O valor certo era R15,00 e no final o Japa que cuidava do camping nos deixou ficar por R10,00. Ou seja, gastei R$40,00 de hospedagem.
Escolhemos um local longe do povo todo, com uma grande árvore dando sombra e montamos acampamento. Três barracas e muita tralha.
O banheiro tinha três boxes para banho com água quente, três reservados com privada, pia e espelho. Uma cozinha comunitária com cara de oca de índio.
Muita gente do Brasil todo, tipos dos mais variados, sempre um violão tocando, uma maconha sendo queimada, alguém contando de algum lugar que foi e que não dava para deixar de ir.
Eu querendo ver tudo, sentir tudo, provar tudo. Não queria descansar!

Cachoeira do Segredo

Quando estávamos em Cristalina encontramos três rapazes que voltavam da Chapada. Inclusive, um era de Campinas e foi ótimo começar o dia batendo papo com gente que estava cheio de gás.
Eles nos recomendaram não deixar de conhecer a tal cachoeira do Segredo e essa foi a nossa primeira grande trilha.
Quando chagamos no local, não tinha guia. Pagamos R$10, 00 por cabeça para entrar e resolvemos seguir assim mesmo, seguindo por nossa conta as indicações do caminho. Uma pequena setinha amarela indicava por onde ir.
Para chegar até lá tivemos que atravessar o rio catorze vezes! Cada hora que virávamos uma curva, um lugar lindo, de água verde e transparente aparecia.
Eu já tinha chutado o pau da barraca e nem tirava mais a bota de caminhada para entrar na água. As pedras machucam os pés e eu queria ter mobilidade.
Oito quilômetros de ida e mais oito de volta.
Quando demos de cara com a cachoeira foi um delírio total.
Puta merda, isso sim vale a pena.
Me machuquei mais algumas vezes.
Voltamos no fim da tarde exaustos e famintos.
Nunca senti tanta fome em toda a minha vida!

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