terça-feira, 5 de agosto de 2008

Entro no carro, sacudo as mãos pra ver se afasto os milhares que pernilongos que parecem que gostam de dormir ali, engato a ré, páro na calçada, saio, fecho o portão, entrou outra vez no carro, bato a porta, engato a primeira e vou me embora.
O rádio toca alto uma canção qualquer, acendo meu cigarro, minha cabeça passeando por mil coisas, eu meio no mundo da lua...Os sinais do centro da cidade parecem que estão todos fechados.
Olho no retrovisor e quase bato o carro!
Um gato preto me olha pelo reflexo do espelho!
Naquele segundinho, mil coisas me passam pela cabeça.

Tô tendo uma visão!
Tem alguém no carro!
Assalto!
Sequestro!
Um ataque espiritual!
Um aviso do além!
Agora fudeu! O pau tá quebrando! Vou ter que mexer meus pauzinhos...porra.,viu!

Tudo isso me passou naquele milésimo de segundo.
Até que a gatinha preta vem, toda nervosa, pro meu colo. Sobe no meu ombro e fica lá, como um papagaio preto e de rabo. Mia histericamente.
Estava dormindo dentro do carro e simplesmente ficou quando eu saí com ele.
Dei carona pra gata sem saber!
Minhas pernas moles, meu coração batendo rápido. Eu parada no meio da Glicério fechando rápido os vidros do carro com medo que a bichinha saltasse pra fora e eu tivesse que sair correndo pelas ruas do centro de Campinas atrás de uma gata abestalhada.
As pessoas olhando uma motorista que tinha uma gata apavorada agarrada na cabeça, que descia pelo pescoço, arranhava minhas costas para, mais uma vez, voltar a subir e ficar grudada, como um chapéu vivo.
Uma cena ridícula.
Volta eu pra casa.
Gata besta!
Gata burra!
Eu sou burra também.
Ataque do além. Veja se pode um negócio desse...
Aí me deu um daqueles ataques de bobeira e eu ria, ria, ria tanto que apavorei ainda mais a gatinha. Coitada. Quanto mais eu ria mas ela miava. Quanto ela mais miava mas eu ria!
Chorei de tanto rir. Sozinha com uma gata no carro.
É o que eu sempre digo:
Gato burro é gato morto.
Essa aprendeu a lição e eu também.
Não deixar mais as janelas do carro abertas e saber rir das pequenas merdas da vida.
Perdi o horário mas ganhei uma história.

4 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

Duas figuras, vc e a preta...

Coloquei um negócio no meu blog hj pq me lembrou mto vc... Passa lá pra ver!

Beijos.

Valéria Martins disse...

Gostei da história!... Eu também tenho uma gata preta que me prega peças à noite. Vejo um vulto preto no chão, escorregando pelo escuro, e me assusto. O nome dela é Piblu.

Tatiana disse...

Duas figuras bestas, diga-se de passagem, né?
hahahah

Tatiana disse...

Valéria
Que belo nome para gata.
A minha gata preta se chama...Preta...
faltou inspiraçao!