sábado, 20 de outubro de 2007

Minha gatinha


Eu sempre soube que cada bicho que aparece em minha vida tem uma personalidade. São indivíduos distintos, com suas características específicas, cada um é um.
A Tui, minha gatinha cinza, está se mostrando aos poucos.
A primeira característica que ela realmente mostra é que ela conversa comigo. Eu estou comentando alguma coisa e , assim do nada, ela mia em resposta. Eu olho pra ela, surpresa, e pergunto:
-Verdade?
Ela responde:
-Miau.
Ainda não faço a mínima idéia do que seja esse " miau" que ela me diz, mas percebo a sua intenção de manter um contato verbal. Ou quase verbal, sei lá.
Como todas as mulheres, minha gatinha gosta de ficar perto de outras mulheres. Junta-se a nós, em minha cozinha, como se fosse já se sentisse fazendo parte desse grupo louco de mulheres. Deita-se na cadeira vaga e fica lá, completamente À vontade, participando da conversa.
Vira e mexe, solta seu "miau" enigmático, mas cheio de intenção.
Ela me olha dentro dos olhos. Quando um gato olha dentro de seu olho, ele olha a tua alma. Tui anda vasculhando a fundo a minha alma.
Não é incomum ela deitar ao meu lado, quando estou na cama, com meu tarô nas mãos, vasculhando os Vazios. Deita do meu lado e quando eu começo a percorrer caminhos perigosos, informações que eu não devia vasculhar, ela vem e deita sobre as cartas, assim, como quem diz " pare com isso".
Eu, muito rebelde, a empurro para longe. Ela volta. Empurro outra vez. Ela morde a minha mão, delicadamente.
Eu obedeço, né?
E ela ronrona em meus ouvidos, como quem diz muito bem, mocinha, muito bem".
Um dia desses, ela veio me proteger. Sabe aquele dia que você sente que alguma coisa está acontecendo? Uma sensação quase tátil que alguém ou alguma coisa está prestes a te tocar pelas costas? Me dragão queimava e eu estava agoniada. Tui salta em meu colo. Me escala até colocar seu nariz coladinho no meu nariz, me olha com aqueles olhos verdes escuros, mia seu miado cheio de mistério e deita no meu colo. Mas sua orelhas estavam atentas, seu rabo balançava, como uma cobra, e eu percebia que ela estava em guarda também.
Meus dedos acarinhando seus pêlos, minha unha rubra em contraste com seu chumbo brilhante, e, muito lentamente, ela foi afastando aquilo que não prestava.
Quando sentiu que tudo estava mais calmo, pulou para o chão e foi, muito sabiamente, descarregar as minhas mazelas pelos telhados alheios. Antes de subir no muro, olha para mim, mia e some na noite.
Ela não é como Hermeto, que me amava quase como um homem ama uma mulher. Hermeto tomava conta de mim como um macho cuida de sua fêmea. Tinha ciúmes, tinha posse. Eu era dele e ele era meu. Tui é uma fêmea, como eu. Não me quer para ela. Mas eu sou sua responsabilidade. Da mesma forma que sou eu que tenho que a alimentar,ela sabe que veio cuidar de mim. Minha gata é uma velha feiticeira em um corpo de gata jovem. Mas seus olhos tem a cor do limo antido das velhas lagoas, tem o tom de folha da África, folha cheio de segredo, cheia de feitiço.
Minha gata Tui é uma guardiã.
Minha gata Tui é uma irmã.

3 comentários:

Claudia Lyra disse...

Sua gata Tui é uma coisa linda.

Vivien Morgato : disse...

cade o verdinho desse brógui?

Tatiana disse...

vibien,
fui mexer aqui...e fiz merda
sei lá onde foi parar o verdinha..
hahahha

Cláudia,

ela´e tudo1