quinta-feira, 10 de maio de 2007

Rebento, substantivo abstrato


Vi hoje a filha de minha amiga, vi essa amiga toda maternal, mais linda e mais forte do que nunca! Ver aquela criança ali me tocou tanto porque foi durante um ritual feminino que essa amiga pediu pela sua fertilidade. Foi aqui em minha casa, diante da fogueira que nós mesmas construimos, um bando de saias, um bando de mulher, aquela energia poderosa, quando ela pediu dentro do Círculo, nós todas emocionadas, chorando mesmo, " eu quero engravidar, tá difícil mas eu quero engravidar". Quinze dias depois a notícia da sua gravidez. E antes de ter fechado as 15 semanas de gestação a notícia que poderia abortar. Nosso grupo unido, sem a amiga grávida, fazendo um dos rituais de cura mais fortes que eu vivi em toda a minha vida. Uma força que saía de cada mulher ajoelhada no chão, aquela onda de amor pela irmã que precisava de nós. Éramos uma só, uma única força, uma única intenção. Éramos só decisão e amor.
E esta semana nasce mais uma mulher. E quando eu segurei a pequenininha nos braços, coloquei bem na frente do meu rosto, olhei dentro dos olhos dela e conversamos. Me senti uma bruxa muito, muito velha olhando a mais nova que chegava ao grupo. Bem vinda, disse eu, com aquela voz com cheiro de tempo. Meus olhos vasculhando o invisível para encontrar algum perigo que eu pudesse alertar, meus olhos buscando onde estava aportado o poder daquela pequenininha. Me senti uma feiticeira antiga, com a sacola cheia de ossos. E eu via ali, nas minhas mãos, mais uma que não poderia fugir do seu destino. Bem vinda, repeti.
Filha de um amigo-irmão. Daqueles, sabe? Nasce a filha de uma amiga querida com um amigo querido.
Foi demais para mim.
Ver ali, a filha de meu chapa, aquele que já fez tanta maluquices, aquele da pá virada, aquele velho e conhecido amigo, meu parceiro, meu músico, meu cúmplice. Agora tá ali, tão sereno, pai, provedor, esbanjando orgulho de sua família, de sua mulher, de sua filha.
E eu me senti tão orgulhosa deles, tão feliz por eles.
E saí de lá com a sensação que eu também tinha sido vitoriosa. Eu vi esta história nascer. Vi meu amigo apaixonado, ela sem dar a mínima bola. Lembro dele me dando aquela canção linda e eu escrevendo uma letra porreta, como se fosse ele escrevendo para ela. Nasceu uma canção de amor que morro de orgulho e digo que é uma das mais lindas letras que fiz. Ela ouviu a canção e, como era esperado, não resistiu ao charme, a insistencia e a canção. Sempre disse que me sentia meio responsável por eles estarem juntos. Claro que não sou, mas gosto de pensar que sou!
Saí assim.
Caramba, não é que deu certo tudinho???
Maravilha.


3 comentários:

Marina F. disse...

Oi querida!

Olha, me de-bu-lhei em lágrimas. Cara, esta história é linda mesmo, também acompanhei, eles merecem. Quero conhecer a pequena...
Não vou mais pra Campinas neste findi....Minha vida tá tão difícil e tão boa, já viu isso? Haha.
beijos no coração e obrigada por ser a bruxa-mor de todas nós.
Má F.

Juliana Marchioretto disse...

Lembrei da minha amiga, que é bruxa e faz esses rituais bonitos tb..

bjo

Vivien Morgato : disse...

toda mulher tem poder, juntar esse poder é magia pura.;0)