terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Entrevista com Tatiana Rocha por Marina Franco



Para provar que eu não sou injusta, estou colocando o meu na roda.
Marina Franco, que nos deu uma das primeiras entrevistas aqui no blog, me pegou pelo pé e me entrevistou.
Não dá pra eu ficar tirando sarro de mim mesma, como eu faço com outros entrevistados, então teremos uma conversa franca e séria.
Como eu.


Bem, as entrevistas no seu blog são um sucesso, nada melhor agora do que entrevistá-la. Tomei para mim esta iniciativa nobre porque quero me vingar, já que você nos expôs até a unha do pé.
Comecemos com o básico: defina-se como mulher. Quem é Tatiana Rocha?

Uma mulher igual tantas outras por aí.
Guerreira por necessidade. Mãe por opção. Cantora por acaso.
Sou valente, tenho a boca suja e honesta, meu ombro é largo e agüenta bons trancos. Não tenho medo de trabalhar, de cara feia, de ameaça de macumba, de levar tapa na cara. Já levei, por sinal.
Mas posso chorar copiosamente com um menino sentado no meio da calçada e isso me estragar o dia.
Sou basicamente uma pessoa que realmente tenta ver o lado legal das coisas e eu acho que isso faz com a energia à minha volta fique melhor. Para mim e para os outros.
Sabe, eu acho que aprendi a ser feliz sendo uma pessoa comum.

E como cantora, como você se definiria?
Excessiva! Cantora- catarse! Ponho os bichos pra fora, suo, descabelo, a maquiagem escorre, o esmalte dos dedos descasca e eu não tô nem aí! Acho que sou uma cantora que pode tanto cantar as canções animadinhas como aquelas que dá vontade de cortar os pulsos e pular da ponte porque posso ir de um extremo ao outro, como uma que atriz chora e ri em uma cena. Tenho isso tudo dentro de mim e gosto trazer à tona na canção.
E acho que tenho senso de humor aí também, não me incomodo de pagar mico, de criar um personagem e esculhambar geral.

Quem são suas inspirações, quem você diria que te levou à carreira musical?
Não sei se foi alguém ou alguma coisa.
Aliás, eu caí nessa vida sem querer, eu queria era ser médica!
Eu comecei a tocar nos bares porque era uma forma de ganhar dinheiro e pagar as prestações da moto que eu tinha comprado. Eu queria auto-suficiência, não queria aplauso, sucesso, nada disso! E eu acabei achando uma forma muita agradável de ter um bico.
Posso dizer que sustentei filho, casa, mercado e escola com dinheiro de bar, não de shows, de bar mesmo e isso muito me orgulha.
Em 95 eu pirei e queria largar esta vida. Pirei mesmo, não tocava mais em casa, não ouvia mais música, achava bar um saco, dono de bar um saco, música de bar um saco. Saturei legal.
Aí, meu anjo da guarda musical veio em meu auxílio e me mandou o Sebastian Marques que me propôs fazer a trilha de um espetáculo de teatro de rua. Eu nem fazia música, eu tocava as músicas dos outros, mas compor, criar, isso era novidade. Aí nasceu a compositora e realmente comecei a ter vontade de me fazer ouvir.

Além de cantora, você é mulher de negócios, amiga de todos, conselheira, mãe, bruxa má, benzedeira, mulher fatal, escritora, compositora, blogueira. De onde vem tanta força? Como é lidar com tantas facetas?
Sou taurina com ascendente em gêmeos. Ou seja, determinada ( não usarei a palavra teimosa) como uma mula mas super interessada em muitas coisas ao mesmo tempo. Tudo me interessa! Gente me interessa! Novidades me interessam! Tenho o signo mais estável do zoodíaco e o mais volátil. Eu sou assim.
E a força eu tiro da minha vontade de viver tudo que eu puder.
Uma vida vivida pela metade é uma vida de merda! Eu quero fazer o que vim pra fazer aqui, e eu acho que estamos nesse mundo para aprender a cuidar do melhor do outro. Para aprender a amar melhor, para morrer e deixar alguma coisa que preste neste mundo tão doído. Estamos aqui para usar os talentos que Deus nos deu sempre pensando no outro. Talento desperdiçado, para mim, é que é pecado.
Então eu fui aprendendo como eu podia contribuir porque no dia que eu não me sentir mais útil, que não te fazendo nada de bom pra ninguém, nesse dia eu to em maus lençóis com a minha consciência.

E se não fosse cantora, faria o quê?
Medicina, seria uma curadora, uma cuidadora.
Mas minha primeira profissão que eu quis seguir foi de bailarina clássica. Aí cresci esse tanto, fiquei desse tamanho e nunca , jamais nessa vida, algum bailarino magricela conseguiria me levantar com graciosidade.
Abandonei meus sonhos de infância, mas ainda choro vendo balé clássico.

Quais os cantores, cantoras, compositores, compositoras que não saem da sua vitrola, ou seja, que você escuta hoje e sempre?
Luli e Lucina são fortes referências, o primeiro mergulho de tiete.
Mas sempre ouço cantoras. Engraçado isso. Eu ouço as mulheres. Nana, Elis, Bethânia, Ro Ro, Zizi Possi, Diana Pequeno, Joyce, Ceumar, Tânia Bicalho, Fernanda Dias, Taïs Reganelli. Virge, musicalmente eu gosto mais de mulheres!
Agora tenho ouvido Céu, uma moça nova que pintou no pedaço e que está me fascinando pelo jeitinho e pela delicadeza ousada.
Resolvi entender Guinga e to mergulhada no homem, mas tem horas que é bem difícil.
Sambistas como Chico, João Bosco, João Nogueira e Paulinho da Viola eu ouvi muito, na infância.
Aliás, só ouvi música popular brasileira. Tenho pouquíssimos cd’s gringos. Nina Simone, Nora Jones, Enya para os momentos esotéricos, não ouvi quase nada de música internacional. Chega dar vergonha isso.
Ahh, e Frenéticas! Ainda coloco e saio dançando pela casa, vassoura na mão, achando o máximo...abra as suas asas, solte as suas feras, cai na gandaia, entre nesta festa...adoro!

Você tem muitos parceiros musicais, já ouvi seus amigos músicos dizerem que é fácil compor contigo. Como funciona seu processo criativo ao lado de alguém? Como é escrever uma música em parceria? Para mim, leiga em música, esta é uma grande curiosidade.
É como sexo e depois nasce um filho.
Cada parceria é um tipo de trepada.
Já fiz música pela internet ( sexo virtual), já fiz música forçando a barra ( ah, faz a letra pra mim , faz a letra para mim, agora, faz! Se não fizer, eu dou pra outro!), já fiz música como quem faz denguinho de manhã, olhando o outro desenvolver uma idéia minha, já fiz música sozinha e meu parceiro esperando o resultado, só observando. Ou então aquela coisa assim, meio trepada angustiada: to doida pra fazer música, vamos fazer? vamos. pegua o violão. pego. rápido porque a idéia tá me fugindo, vem logo. to indo, to indo. ai meus deus, to adoranto isso aqui, ficou lindo, ficou lindo! põe um diminuto aí, põe! não, não ponho não, ponho um tom maior. aaaaiii, esse tom maior ficou tudo!!!
ha ha ha ha . Entendeu?
Cada um, cada parceiro dá um toque seu, um sotaque.
Igual a fazer filho. Eu nunca sei com que cara vai sair, mas sei que vou amar do mesmo jeito. Às vezes nasce um zarolhinho, um destrambelhado, um meio manco e gago, mas é filho do mesmo jeito e eu amo, amo e amo.

E o processo de compor sozinha? É igual?
Não. Sozinha eu não preciso me preocupar em ter coerência, seja com a letra ou com a melodia. Não tenho a preocupação de agradar o parceiro, de não decepcionar. Porque é uma merda você fazer uma letra ou um canção e o parceiro dizer é, ficou bonitinho. Bonitinho é de matar.
Sozinha é mais fácil e mais difícil porque meu processo criativo com a música é sofrido. Acho tão estranho esse povo que não sofre, porque, para mim é dor de parto, é cansativo, eu penso, eu gemo, as músicas ficam me arranhando por dentro, me perseguindo e eu não consigo dar vazão a elas e tudo dói. Não pego uma letra assim e faço. Peguei, li e fiz. Não! Rola um namoro, uma sedução. A música se mostra, mas não se mostra toda e eu fico ali, como uma tonta atrás dela.
Ai, como eu sofro! Depois fico maluca querendo mostrar pra alguém. Já cheguei ao ponto de fazer um interurbano só pra dizer: escuta isso que eu acabei de fazer!!!

Uma música que você adora cantar em seus shows por aí.
Quanto mais nova a canção, mais vontade eu tenho de cantar!
Então eu posso dizer que canção nova me dá prazer. Sangue novo sempre dá mais tesão.

Uma música que você odeia cantar em seus shows por aí.
CHÃO DE GIZ. Eu não suporto mais ouvir gente me pedir Chão de Giz. Queria que fosse proibido cantar Chão de Giz, que fosse indecente cantar Chão de Giz. E o povo não pára de pedir a bosta do Chão de Giz!
Mas tem músicas minhas que já me deram no saco, de tanto que eu cantei.
Eu enjôo de música muito tocada.

Você canta na noite há vinte anos e costuma dizer que já aconteceu de tudo nestas andanças. Cite alguns fatos engraçados/pitorescos/intrigantes que já aconteceram com a sua pessoa.
Eu sou a rainha das gafes, das incoveniências.
Fui dar uma canja em um bar super-hiper lotado. Subi no palco, fui fazer pose de cantora sexy, me apoiei na parede, lacei aquele olhar para o público...e caí com as pernas para o ar, puxando fio de microfone, pedestal, mesa de som. Destruí tudo! Era um toldo e não uma parede! Acabou para sempre com a minha ilusão de ser cantora sexy.
Já despenquei de um banquinho depois de dezessete daikiris, toquei em puteiro sem saber que estava em puteiro, fui agarrada por uma bêbada dentro do banheiro e saí correndo levantando as calças, morta de vergonha. Já fui contratada para ser um presente surpresa em uma festa, só que a anta aqui entrou na casa, fez tchan tchan , tocou e cantou e não era ali! Era em outra casa! Todo mundo de olhando com aquela cara, quem é essa maluca...há haha isso foi ótimo mesmo!
Já tive uma crise de riso em pleno palco, daqueles descontrolados, de sacudir o corpo todo e chorar, quando eu vi um homem de quase dois metros entalado entre uma mesa e uma cadeira de um bar. Parecia um besouro querendo se virar, quase morri e ele quase me bateu depois que desentalou.
Ai, tanta coisa que nem me lembro mais.

O que mais gosta na carreira de cantora? E o que mais odeia?
Eu gosto de perceber que toquei as pessoas. Quero que elas se emocionem, seja com alegria, melancolia, tesão, seja lá como for, mas quero que elas sintam alguma coisa. Eu acho que a minha função neste mundo é esta, ser cigarra em mundo de formiga.
Eu odeio, odeio mesmo, queria que morressem todos, picadinhos e fritos em óleo bem quente todos os donos de bar que roubam no couvert artístico, todos os bêbados babões, alías, concordo com Taïs, ela disse tudo.
E eu tenho que confessar que existe situações bem pouco glamourosas nessa visa. Carregar instrumentos e aparelhagem de som é o ó do borogodó. Você acha que esses bracinhos aqui são malhados onde? Carregando caixa, mesa, bolsa pesada pra dedéu. Eu digo que só serei uma cantora chique qaundo não precisar mais carregar tanta tralha.

Você já foi casada algumas vezes. A pergunta é: você acredita no casamento?
Não. Não acredito em casamento ortodoxo, mas não me pergunte porque vivo me enroscando por aí. Talvez uma estupidez virótica, uma inocência congênita, um romantismo encruado na pele, tipo verruga, sabe como é?
A verdade é que caso, juro que é a última vez, e mordo a língua logo depois.
Agora estou solteira e nem penso em ver uma cueca de gente adulta pendurada em meu varal!
Mas eu que adoro dormir agarradinha, adoro ter alguém me esperando quando volto do trabalho, adoro fazer comidinha, essas coisas de casal, ah eu adoro!
Detesto dizer onde estou e a que horas volto, detesto juntar bagunça de marmanjo pela casa, odeio futebol no domingo e tem alguns amigos, que pelamordedeus, é foda agüentar!
Eu vou experimentar agora, assim que essa minha implicância matrimonial passar ( porque vai passar, eu me conheço)um casamento com casas separadas.
Vamos ver se dá certo.

O que um homem deve ter para conquistá-la?
Precisa de nada! Já fui conquistada por cada merda, que tenho até vergonha de lembrar!
Ó, já tive namorado feio, burro, bobo, lindo e burro, burro e bobo, lindo mas bobo, inteligentíssimo e chatíssimo, simpatissíssimo e lindíssimo, gordo, magro, alto, baixo, bonzinho e canalha filho de uma puta que me enfiou uma faca nas costas, já tive até namorado broxa!
Já fui apaixonada por cada tipo que nem eu entendo.
Sei lá o que me chama atenção. Alguma coisa ali escondida que ninguém viu, uma sutileza, um charme e, de alguma forma, eles me fizeram feliz e eu banquei a parada.
Não pode ser aquele tipo viadinho, homem feminino pra mim não dá. Tem que ser homem mesmo, esse negócio de homem chorar mais que eu, de ter oscilação de humor mais que eu, de se preocupar com cabelo mais que eu, eu não tenho nenhum saco. Homem que “ limpa a sobrancelha”, que faz as unhas, depila peito. Deus que me livre. Metrossexual pra mim é viado preguiçoso.
Como diz Leila Deniz, homem tem que ser durão...
Pô, tem que ser mais macho que eu, né?

Você daria para o Chico Buarque? Mesmo se não tivesse camisinha?
Sim, eu daria para o Chico Buarque se ele fosse um cara legal e se eu gostasse do cheiro dele. Não sei ser tiete assim. Sou até blasé demais nestas coisas. Mas se ele fosse uma simpatia, cheio de charme e desse no couro de verdade, ah, eu dava pro Chico. E depois contava para todo mundo. Dei pro Chico! Dei pro Chico!
Sem camisinha, só se fizéssemos um testinho antes, ele virasse meu maridinho fiel, jurasse amor eterno e fizesse uma música chamada Tatiana, em tom maior.

E para quem mais?
Pro Zeca Baleiro. Tenho um fascínio pelo Zeca Baleiro, acho ele uma delícia de homem.
E também daria para Tiago Lacerda que é um espetáculo e pro Batman porque eu sempre tive uma tara pelo Batman. Ficou ainda maior quando eu saquei aquele lance dele com o Robin, aquele sofrimento todo, aquela perturbação, aquela viadagem enrustida.
Acho que gosto de homens perturbados.

Você acredita mesmo em seres sobre naturais, gnomos, fadas, bruxas, anjos?
Sim, acredito em tudo isso. Eu vivo em um mundo paralelo, acredito no invisível, no inexplicado. E já vi umas coisas de deixar o cabelo em pé. Sou uma crédula por vivência própria. Já vi até fada!

Um sonho possível.
Viver de música.

Um sonho impossível.
Pode parecer piegas mas eu queria ver o mundo sem fome, queria ter orgulho de viver em um país sem diferenças tão gritantes. Queria andar pelas ruas e não chorar com a miséria. Será impossível isso?

Se pudesse conhecer alguém famoso, ou que já morreu, para bater um papo ou fazer uma parceria musical, quem escolheria?
Acho que eu queria ter uma conversa séria com Jesus Cristo. Falar assim:
-Pô, cara, olha só o que fizeram com tua história. Me conta, andou sobre as águas mesmo? O que foi que você falou de verdade? É um saco essa ladaínha em teu nome o tempo todo? Tá de saco cheio, meu filho?? E aí, comeu ou não comeu a Maria Madalena? Vamos tomar uma cervejinha e ouvir Pinxinguinha porque ele é divino e você me conta as tuas santas aventuras pela terra.

Um arrependimento.
Não estar na hora certa no local certo quando uma grande paixão me ligou da Alemanha. Podia ter mudado toda a história de minha vida.

O que é sucesso para você?
Viver da música com dignidade.
E poder pagar meus creminhos da Natura, minhas vaidades, meus livros, meus IPTUS, IPVAS, ISS, minhas viagens, meus cdezinhos, meus pequenos luxos. É saber que eu interfiro, de alguma forma, em alguma intensidade no povo à minha volta, é saber que eu faço diferença.

Você já seduziu alguém enquanto cantava? Qual é a tática para isso acontecer? Tem que olhar no olho, fazer biquinho...
Sim. Muitas vezes. Aliás, isso é uma sacanagem porque resistir a alguém que canta para você, sabendo escolher a música certa, com toda a força que o palco tem, é foda!
Mas meu pior golpe é fazer uma música especialmente para o cavalheiro.
Todas as minhas maiores paixões tiveram músicas feitas especialmente para eles, cantadas no pé do ouvido, murmurando: fiz pra você, meu bem, foi só pra você...
Funciona que é uma beleza. Golpe baixo, eu sei, mas não tenho escrúpulos mesmo em matéria de sedução.
Algumas nem foram mostradas, eles nem sabem disso, mas tem muita música minha que é pura sedução, xaveco mesmo.
E sempre tem aquele lazarento que nem te dá bola, que você se acaba em bemóis e sustenidos, e o filha da mãe resiste. Faz parte da sedução dar umas bolas fora de vez em quando.

Cantar te dá tesão?
Sim, muito. Eu sou tesão, eu sou tesão por todos os cantos, por cima por baixo, por fora e por dentro. Cantar de dá muito tesão e isso me alimenta a alma.
Nas minhas épocas de águas rasas é com o canto que eu seguro as pontas. Uma forma de botar esse excesso de energia para fora de uma maneira saudável, sem ficar por aí destilando sedução à toa.

Cite um medo terrível.
Ver meus filhos morrerem antes de mim.

Cite uma conquista da qual se orgulha.
Tantas! Morar sozinha, pagar todas as minhas contas com o meu próprio trabalho, ter conseguido lançar o segundo cd, ter amigos como eu tenho, ter filhos tão equilibrados, não ter me perdido na putaria, nas drogas, na cachaça. Poder bater no peito e dizer: mas foi eu quem fez isso aqui.

Tem inveja do que?
Tenho inveja de famílias grandes e unidas. A minha é minúscula e cada um para o seu lado.

Você escreve como fala, tem uma escrita muito direta e engraçada. Por que você escreve? O que é escrever pra você?
Eu acho que eu escrevo porque eu realmente preciso me expressar. E escrever é uma forma muito rápida de eu colocar pra fora o que me impressiona, o que me entristece ou o que me alegra. Eu escrevo sem pretensão, não sou escritora, não sou jornalista, não tenho obrigação de nada nem com ninguém. Escrevo porque eu vejo coisas, coisinhas simples que me fazem tão bem que eu quero dividir, quero, de certa forma, dizer que ta aí, ó, do seu lado, a vida tá aí borbulhando, toda oferecida, toda despojada. Não precisa ser rico, ser lindo, ser saudável, ser nada de mais para ver a vida linda que a gente tem.
Escrevo como quem olha o mundo pelos olhos de gente comum. Sem nenhuma pretensão, só escrevendo.

Cite um livro que tenha mudado sua vida.
Mulheres que correm com lobos, de Clarisse Pinkola Estes. Ela é uma analista junguiana e vem de uma linhagem familiar de contadoras de história. Quando eu li o livro e vi que existiam mulheres que se encontravam para isso, trocando experiências, mantendo uma tradição da palavra, eu simplesmente enlouqueci. Eu resolvi que queria ser uma contadora de histórias e eu poderia usar a música para isso também.
Acho que foi aí que começou a minha vontade de escrever e inventar meus contos fantásticos, cheios de fantasia e ilusão.
Eu gostaria de ser uma contadora de história de verdade. Acho tão lindo.

Para finalizar, deixe uma mensagem para seus fãs e leitores do blog.

Mensagem assim, sei lá.
Eu digo que é muito gratificante para mim saber que tem gente que quer ler minhas escrivinhações, que quer ouvir a minha música, meus delírios, minhas bobagens.
E que não me levem muito a sério aqui porque eu sei ser uma dissimulada, sei omitir e revelar na medida. Aqui, este blog é um palco, como é os tantos palcos que eu me apresento. Nem tudo que escrevo acontece na íntegra, às vezes nem acontece mesmo, é mais uma viagem minha mesmo, uma forma de colocar essa minha imaginação pra trabalhar. Nem tudo que eu coloco aqui é meu porque, eu roubo as emoções dos outros, eu escrevo sobre alheio o tempo todo, vejo com olhos atentos o mundo à minha volta e tento me inspirar nele.
Eu to aqui, é verdade. Mas não tô tão nua quanto pareço.
Só quem tem olhos treinados, ouvidos astutos saca por onde me esgueiro.
E é essa a minha diversão.
Eu to feliz com isso tudo.

Um adendo .
A entrevista continua nos comentários.
Incrível isso.

34 comentários:

Anônimo disse...

ótima a entrevista. ótima mais ou menos, a Marina pegou leve, fez perguntas mais que inteligentes mas não chegou a colocar o seu na roda!

Carô, sei que você lê o Coisa Rara então deixarei meu recado. O projeto do Blogger precisa vir a tona.

Beijos!

Tatiana disse...

Maurício,
Não fique dando idéias.
Fique quieto!

Ana Paula Xavier disse...

MARAVILHOSAAAA
PODEROSAAAAAAAA
LINDAAAAAAAAAAAAAAAA

:)

Anônimo disse...

Entrevista muito comportada mas foi legal.
alguns comentários:
depilar peito, limpar a sombrancelha é pior que dar a bunda, é mais viadagem.
dar a bunda pelo menos o cara deve fazer por tesão.

outra:
- Amanhã vou num bar vestido de BATMAN!!! uhúúúú meus problemas estão resolvidos.

Tatiana disse...

Sonekka, Sonekka,
O Batman é assumidamente viado.
Ele também depilas as pernas.
Então, já que vai a caráter, depile as pernas, por favor...

Anônimo disse...

Eu vou que nem ele, de meia calça e bota. Não precisa depilar né?
como voc6e sabe que ele depila? ela ta sempre de vivarina.
Nào acho que ele seja viado, quando a mulher gato deu uma lambida na boca dele no filme 1 ele nào fez cara de nojo, além do mais, morcego é um bicho safado: trepa no chão, de ponta cabeça e voando...pô! genial...pelo menos duas posições novas pra experimentar :D

Tatiana disse...

Ok, ok...
Se acham que a entrevista foi levinha, eu pergunto?
o que querem saber?
eu responde...se quiser..
hahahaha

Tatiana disse...

Sonekka,
O meu Batman era o Frank Miller. Revista em quadrinho.
Esse sim é o meu Batman.
E a Mulher Gato é uma oferecida de merda.
Fica lambendo qualquer um. Se eu pego essa vadia, escaldo ela.

Anônimo disse...

hummm...o de meia-calça cinza e cueca preta preta por cima. Muito elegante.
:)))

Mas responde aí:
- Se você gosta tanto de homem, à ponto de casar seis vezes, porque acham que você é sapata?
- Você diz que parece traveco, então você seria lésbico?
- é verdade que você calça 42?
- Porque você cai tanto? é porque calça 35? Nunca te chamaram de Tatina Roxa?
- Você elencou genialmente os diversos tipos de home que ja namorou, mas qual desses foi seu tipo predileto?
- Uma ligação da Alemanha teria mudado sua vida, porque não retornou a ligação?
- quem segura as pontas de verdade: a cantora ou a vendedora?
- Seis casamentos mostra muito pontencial de se apaixonar facilmente mas também de se desvencilhar com a mesma facilidade...vc casa por esporte e o seu coração continua batendo sempre pelo mesmo cara ou casa por amor mesmo?
**Pergunta extraída da Capricho
- Que parte do seu corpo mais te elogiam? rsrsrsrs
- Sexo animal ou convencional? transa beijando ou transa gritando?
tenho tanta pergunta....rsrs
voltando à compositora.
- é melhor compor ou ouvir seu ídolo?
- seja sincera; Guinga ou Odair José classics?
- se tocarem um pagodinho vc sai sambando no pé?
- Ja ficou com alguns dos bêbados que babavam enquanto vc tocava?

Tatiana disse...

respondendo ao sonekka:


- Se você gosta tanto de homem, à ponto de casar seis vezes, porque acham que você é sapata?
Porque sou grande, não sou um tipo delicado e tenho uma energia yang.

- Você diz que parece traveco, então você seria lésbico?
Lesbiquíssimo.

- Verdade que você calça 42? Porque você cai tanto? é porque calça 35?
Eu calço 38 e caio porque sou desengonçada e insisto em usar saltos imensos. Uma necessidade de olhar os outros por cima.

- Nunca te chamaram de Tatina Roxa?
Sim, Tatiana Rôxa, Tatiana Tocha, Tatiana Broxa. E eu atendo a todos.

- Você elencou genialmente os diversos tipos de home que ja namorou, mas qual desses foi seu tipo predileto?
Cacete. Essa me pegou. O que eu mais fiquei abestalhada era um cara que era lindo e bobo.Um pouco burrinho também. Mas esse não é meu predileto. Acho que o predileto eu ainda não encontrei. Quando encontrar esse homem, eu morro velhinha do lado dele.

- Uma ligação da Alemanha teria mudado sua vida, porque não retornou a ligação?
Porque eu não tinha o número.

-Quem segura as pontas de verdade: a cantora ou a vendedora?
A cantoras segura a onda do minha alma e a vendedora divide com a cantora as responsabilidades financeiras. Tem épocas que uma compensa a outra.

-Seis casamentos mostra muito pontencial de se apaixonar facilmente mas também de se desvencilhar com a mesma facilidade...vc casa por esporte e o seu coração continua batendo sempre pelo mesmo cara ou casa por amor mesmo?
Caso por amor. Mas meu amor acaba.Mas enquanto não acaba eu fico ali, do lado, piscando os olhinhos, fidelíssima. Quando percebo que tá morrendo alguma coisa no meu peito, eu pego meus panos de bunda e sumo!


**Pergunta extraída da Capricho
- Que parte do seu corpo mais te elogiam? rsrsrsrs
Pernas, talvez. É eu acho que é a coisa que mais eu mostro também. Assim, pro povo eleogiar.

Sexo animal ou convencional?
Um pouco dos dois para não cair na rotina. Vamos ser criativos, minha gente.

-Transa beijando ou transa gritando?
Bem..aí depende do cara. Depende que tipo de mulher ele consegue extrair d emim, que faceta minha ele consegue agarrar. Mas uma coisa eu posso dizer: sexo sem barulho é uma bosta e sem beijo é coisa de puta.
tenho tanta pergunta....rsrs
voltando à compositora.
- é melhor compor ou ouvir seu ídolo?
Compor, sem dúvida.
-Seja sincera; Guinga ou Odair José classics?
Guinga. Odair Jose foi de foder!

Tatiana disse...

continuando a responder ao sonekka ( cacete, quanta pergunta)

-Se tocarem um pagodinho vc sai sambando no pé?
Oxê, é só eu tomar três latinhas de Itaipava, tá no meio do povão. E se vascilar, eu subo e canto. Cantos aqueles lá lá lá que todo pagodeiro cisma em meter nas músicas.
Eu sou animadíssima, meu querido.

- Ja ficou com alguns dos bêbados que babavam enquanto vc tocava?
Eu não fico, Sonekka.
Eu caso.

Anônimo disse...

Ja vi uma foto sua de ponta cabeça. Isso tem algo a ver com morcegos?
...hmmm....você ja transou voando?
hahahahaha

Anônimo disse...

opa...ja se casou com algum bebado que babou por você no boteco? se sim, porque vc execra tanto os bêbados babões de boteco?
(prometo não babar, mas não beber vai ser difícil)

Tatiana disse...

Não, Sonekka.
Gosto de manter meus pés próximos do chão.
Voando seria um tanto complicado, né?
Carregar no colo já é foda. Não é qualquer homem que aguenta me carregar no colo, imagina amar voando.
Metaforicamente..bem..talvez eu já tenha...

Bêbados, detesto todos, todos sem excessão. Bêbados merecem xavecar a própria mãe e eu, definitivamente, não dou mole para pinguço filho-da-puta que enche saco de mulher. Melhor, não dou mole assim tão fácil.
A situação tá feia, mas ainda não está crítica ao ponto de eu ficar de paquera com bêbado em bar.

Tatiana disse...

Sonekka,
Eu faço yoga. Ficar de ponta cabeça é uma postura muito boa para oxigenar o cérebro e massagar as vísceras.
Devia experimentar. Eu te ensino.

Anônimo disse...

o Sonekka é engraçadíssimo!

Vivien Morgato : disse...

A entrevista está ótima, muito gostosa de ler mesmo, muito divertida.
Tati, metrosexual é péssimo mesmo....rs

Vivien Morgato : disse...

Sonekka, se minha avó fosse viva e lesse suas perguntas, diria, indignada..."menino, tenha modos!!!"...risos..

Anônimo disse...

Maravilhado em saber mais de você. O imbecil aqui tentou falar com você no MSN, mas você estava ausente e só percebi depois de mandar a mensagem. Prometo tentar de novo numa próxima oportunidade.
Só uma coisinha em relação à entrevista: sou apaixonado pela obra de Luli e Lucina.

Ana Paula Xavier disse...

Sonekka, Batman de vivarina é o fim! ahahahahahahahahahahaah... Show some respect! é o Batman! seu doido..rs..
agora, quem devia ser bom nesse negócio aí de trepar voando era o Super-home, q volta emeia aparecia voando carregando uma mulherzinha... vai saber, né? nunca subestime um super-herói de meia calça...ahahahahaha

Anônimo disse...

"Uma vida vivida pela metade é uma vida de merda!"
CONCORDO PLENAMENTE...
Cuide-se. Beijos.
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Perfeita!!!!!!!!!

Anônimo disse...

TAti, você ta muito séria hoje.

Tatiana disse...

Sonekka,
É o meu que tá na roda, né?
H AHA HA HA HA HA HA
Amanhã a gente vai se ver.
Eu sou ´sria. Seríssima!

Anônimo disse...

Você vai me reconhecer?
Eu vou estar de meia calça cinza, sunga preta por cima da meia calça, cacharrel cinza com um logotipo preto e amarelo, mascara preta com orelhinhas e duas sombrancelhas brancas finas pintadas nela, bota, luva e uma capa preta. Completando, um cinturão fashion cheio de porcariadas penduradas.
:)

Anônimo disse...

Ah!!! Amei!!!!!!! Mas, também queria fazer uma perguntinha, posso?
Até em suas entrevistas com homens você insere a pergunta clássica "você daria pro Chico Buarque?". Você também não fugiu da pergunta e respondeu com maestria. Mas, lembrando de uma descrição de show que você fez em algum post passado, gostaria de perguntar: Você daria pra Maria Betânia?

Tatiana disse...

Cláudia,
Por mais que eu ache a Maria bethânia tudo d ebom, que eu chore vendo ela cantar, que eu ache ela a última diva brasileira, eu não daria para ela de jeito nenhum.
Não gosto de mulher, não saberia por onde começar, ela é minúscula, eu poderia quebrar a coitada no meio e eu não teria vontade de sair gritando pelas tuas:
Dei para Bethania, dei para Bethania!!

Lígia Moreli disse...

Amei a entrevista, mas concordo que a Marina pegou leve contigo. De qualquer maneira o Sonekka complementou legal fazendo as perguntas que não queriam calar. Bacana demais! beijos!
Ah, Odair José é de foder mesmo!

Clélia Riquino disse...

Tati,

A entrevista original foi contida, comportada, zen (sua nova postura, pelo jeito...) e a "extra-oficial", nos comentários, escrachou geral! Só mesmo no seu blog pra algo, assim, acontecer...
Bjo gde,
Clé

Anônimo disse...

Cara, ela é minúscula?!?!? Tinha uma idéia diferente... hahahahahha... e não poder sair gritando a quatro ventos o ato praticado é mesmo uma ótima justificativa... hahahahaha... afinal, pra que ir contra a nossos instintos mais recôndidos se não pudéssemos, depois, sair espalhando isso?

Anônimo disse...

Você é o máximo, mulher.
Devia casar comigo, isso sim.
Te colocava em um tanque, te comprava panelas maravilhosas e você cantaria só para mim...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

caro anônimo, hahá, eu cortaria seu membro na noite de núpcias e anularia o casamento...

sorte sua eu ser hétero (ui) hahahah XD

Anônimo disse...

really an eye opener for me.

- Robson