domingo, 16 de outubro de 2005

2° Concurso Criativo - ORKUT - AMO MEU BLOG

A RAINHA DORMECIDA


Dentro de mim, nos porões de minha Alma, existe um castelo que vou chamar de “A Casa dos Proscritos”. Em um de seus calabouços mora uma Rainha que tem como sina viver, na minha eternidade, em sono profundo, embalada pelas batidas de meu coração, pelo suave ruído de meu sangue correndo em minhas veias e pelo embalo de minha respiração.
Comandava exércitos, tramava combates e não tinha medo nem da dor, nem da morte. A esta Rainha eu darei o nome de IRA.
O Bobo da Corte era ridiculamente engraçado, a rainha o adorava. A este Bobo, eu chamarei de CIÚME.
Nosso Ciúme sempre vinha acompanhado de sua irmã, a frágil INSEGURANÇA, talentosa e linda, mas, por causa de um defeito de nascença, seus olhos eram cobertos de uma película que a impedia de ver com clareza sua a sua delgada beleza ou mesmo a mais simples realidade à sua volta.
A Rainha IRA vivia rodeada por sua corte, um batalhão de gente escolhida especialmente para proteger e alimentar sua força essencial. Quem comandava seus exércitos e orientava nas questões bélicas era a voluptuosa VINGANÇA, eternamente vestida com sua armadura manchada pelo sangue e lágrimas, seus olhos levemente insanos e gostava de saborear pratos frios e velhos. A RAIVA, moça rude de feições pequenas, era a porta-voz da realeza e na sua boca as palavras eram chicotes certeiros. A MÁGOA servia como conselheira, uma mulher madura com o rosto coberto de cicatrizes cujas as entranhas eram devoradas lentamente em eterno sofrimento.
A CULPA e o MEDO trabalhavam juntos, cada um responsável por um assunto específico. A CULPA cuidava das questões relacionadas ao passado, mostrava os excessos, tentava dar conselhos sábios baseados na observação e na experiência. Já o Velho MEDO se colocava como um oráculo particular, prevendo o futuro e constantemente indicando dor e sofrimento. Percebeu-se que CULPA E MEDO não eram bons conselheiros.
Um dia ouviu-se o aviso que uma comitiva estranha se aproximava dos portões do castelo. Todo o reino se posicionou defensivamente. Soldados com armas prontas, Ira e suas companheiras prontas, o gosto de sangue já amargando a boca e tremendo o coração.
- Quem são? perguntou a IRA
- Sou o curador, sou aquele que sabe de todas as fórmulas que sara as dores e fecha as chagas. Sou o PERDÃO.
E dizendo isso, se dirigiu para a MÁGOA e pousou sua mão sobre o coração morto da guerreira que caiu no chão em pranto sofrido e antigo.
Um velha com hábito simples e de seios imensos se aproxima e diz:
-Sou a BONDADE e carrego a taça que nunca seca.
Olhos nos olhos da RAIVA e esta também chorou.
Uma quase mulher carregando nas costas um grande cesto repleto de comida e nas mãos uma arca cheia de ouro e prata se apresenta:
- Me chamam de GRATIDÃO.
Se ajoelhou, as mãos aos céus, e aqueles que sabiam dos segredos velados também choraram.
-Sou a HUMILDADE, disse uma jovem de mãos e pés fortes, coroada com uma guirlanda de flores silvestres, enquanto beijava os pés da INSEGURANÇA que finalmente levantou os olhos.
-Somos as conselheiras de nosso reino. Andamos sempre juntas, comemos no mesmo prato, respiramos o mesmo sopro e somos conhecidas como a SABEDORIA, a COMPAIXÃO e a FÉ.
Sorrindo docemente, A Sabedoria estendeu a mão para a CULPA, a FÉ abraçou o MEDO e a COMPAIXÃO sorriu.
Faltava um a se apresentar. Um manto o cobria dos pés à cabeça e sua presença era maior que o tempo.
-Sou o Rei dos Reinos Superiores e vim ao teu auxílio, Rainha. Sou o Senhor de Todos os Senhores. Sou a Alma primeira, sou o Verbo Encarnado, sou aquilo que faz os mundos girarem e que mantêm vivos todos os viventes. Sou aquele que habita no ventre das mães e nas mãos dos pais. Sou a Verdade e a Revelação. Em tuas bocas meu nome é o AMOR.
E dizendo isso pousou a mão sobre as cabeças da IRA e do CIÚME e proclamou:
-A partir de hoje estarão separados pelo meu poder. São filhos da mesma fonte que um dia me gerou, mas neste reino que eu chamo de UNIDADE não poderão mais viver juntos porque percebi que aqui, neste castelo, a IRA não pode mais ser a realeza e tu, pequeno peralta o CIÙME, não poderá mais caminhar livremente. Tu, VINGANÇA, será banida eternamente deste reino. És insana e não merece espaço algum porque só traz desgraça e sofrimento.
Concedo a ti, ó IRA, a benção adormecida, mas não tenho a intenção de expulsá-la do reino que um dia foi teu. Dormirás para sempre, mas nunca será extinta porque estás enraizada na Alma da humanidade.

E foi assim que a Rainha IRA foi levada adormecida para meus calabouços da Alma. Está lá, linda e forte. Às vezes, acorda gritando em pesadelos terríveis mas sempre tem uma mão carinhosa mostrando o caminho de volta ao leito. Ainda é o CIÙME que possui o maior dom de acordá-la e, de vez em quando, aparece sorrateiro balançando o ombro da Rainha que Dorme, rindo pelos cantos da boca e olhando para os lados.

4 comentários:

Anônimo disse...

Diverti-me muito! Muito boa leitura... obrigada!
Ciça

Anônimo disse...

Gostei do seu blog.

Danielle Ribeiro disse...

Eu sou uma mera MORTAL :-) ... vou atualizar a url no link do meu blog ... estou devendo um texto desse lá no concurso do orkut...

Anônimo disse...

Oiê... passei aqui pra conferir sua nova morada!! Beijokas, Rê