domingo, 25 de setembro de 2005

Ontem foi um sábado tranquilo.
Parecia que todos os conhecidos farristas estavam em outro lugar. Parecia um bar de família, cheio de tias e tios apreciando um repertório mais refinado. Tom Jobim, Chico, Ary...não dá pra fazer festa pra sacudir o povo se o povo pode ter um ataque cardíaco durante a música.
Então fomos de mansinho paea evitar problemas.
O Filhote, que tocou comigo no lugar de Bruno, é super animado, é bom tocar olhando pra ele, aquela animação de quem tem 20 anos somente, aquela ingenuidade de quem acabou de começar.
-Tatiana, você tem cartão?
-Cartão de telefone, Filhote?
-Não, Tatiana, cartão com o teu número de telefone. Aquela mesa lá da frente perguntou se a gente faria um show na casa de um dos coroas.
Meus instintos berraram: É fria!
- Ah, tenho sim..eu dou depois.
E fui enrolando.
Mais tarde um dos coroas, bêbado como um gambá, aquele restinho de testosterona nas veias, pergunta:
- Se eu fizer uma festa em minha casa , você toca pra mim?
Pergunta maliciosa, possível de várias interpretações.
Os outros coroas, tão bêbados como ele, riem sem parar...
- Depende.
- Quero você em casa e uma sexta feira para tocar só pra mim.
Nem morta, meu véio, nem morta.
- Sexta é dia que eu já tenho a agenda quase toda tomada. Acho meio difícil.
Mentira. Mentira. Mentira.
- Ah, que pena. Queria que você tocasse pra mim...
Punheiteiro é uma merda. Não perde o hábito. Nem com a idade.
Foi embora sem pedir meu cartão e Filhote presenciou uma cantada barata básica e uma saída elegante de uma cantora veterana.

Mas cachaça, solidão e música é sempre uma combinação que pode dar muito certo ou muito errado.

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