sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Minha família é de mulheres grandes. Não estou dizendo eufemisticamente que somos gordas, somos grandes mesmo. Minha mãe usa o mimoso sapato número 41. Pela primeira vez consegue comprar sapatos fechados e seus dedos se movem. Na Bahia não existe lojas para sapatões...mas em Campinas ela encontrou. Era chamada, carinhosamente, pelo pai de meu filho caçula de Pesão.
fui uma adolecente que não dançou em bailinhos porque os meninos batiam em meus ombros. E olhe que não sou assim tão alta, 1.75 não é uma coisa descomunal. Os baianos eram mais baixinhos mesmo. E tenho ossos grandes, peito grande, ombros largos. Uma mulher grande mesmo. Mas isso tem algumas desvantagens.
Um dia, quando meu filho mais velho tinha somente 4 aninhos, fui convidada para ir a uma festa aqui em Campinas, saída de Oxum de um candomblé. Fiquei antropologicamente interessada. Como será candomblé de paulista?
Lá fui eu.
Era uma festa mesmo, comidas, bebidas, bate papo.
No meio daquele frisson uma bichinha quáquáquá chega perto de mim e fica puxando papo. Ai mas é lindo, né? Adoooro festas assim...Você vem sempre? Ai, não á daqui???
E eu pensando, veja só ele gostou de mim, viado tem uma empatia comigo, que coisa!!!
De repente ele me lança essa:
-Tem namorado?
-Tenho não.
- Ai, tão lindona sozinha. Judiação...
-Pois é...mas eu não me sinto só não porque meu filho me faz companhia.
- Ohhhh, que lindo. Adotou???
-Não, tive mesmo ( já comecei a achar o papo estranho demais)
- ahhhhh, então você é operada???
-Operada?????Como assim operada????
- Assim cortaram o bongolim e colocaram uma perereca?
- O que que é isso, companheiro? ( valente) Eu sou mulher!!! ( balançando as mãos em volta de meu corpo) Mulher!!!
- Nossa, eu jurava que você fosse biba! Que estranha que você é...
E saiu rebolando para bem longe, me olhando como se eu fosse um ornitorrinco.

Passei semanas perguntando a todos meus amigos: você acha que eu pareço um travesti?
tem certeza?

Por estas e por outras que me produzo basicamente. Sem excessos de cor, de brilho, só abuso do saltão alto, mas de resto, tudo muito simples para não passar uma idéia errada.

Mas mesmo com todos estes cuidados, teve até um músico que ficou louco por mim, mas muito louco mesmo.
Mas ele era de outra cidade, fez uma jam natalina comigo mais um baterista que não valia nada. O batera disse que eu era um traveco, eu confirmei para ver se ele largava do meu pé.
bem...foi muito pior. Aí que o cara não desgrudava mesmo. Arrasei!!!! Me ligou durante muitos meses. Só parou quando eu disse que não tinha pinto. Me chamou de mentirosa, filha da puta, ardilosa e...incompleta...ha ha ha ha haha ha ha haha ha ha ha ha aha ha ha ah aha

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