segunda-feira, 12 de setembro de 2005

CASA DE BRUXA, BRUXINHO É???????

Desde sempre o "diferente" causou estranheza e, muitas vezes, violência.
Quando esse "diferente" está no âmbito das crenças, a coisa piora um pouco.
Já senti isso na pele muitas vezes por não ter uma caminho espiritual ortodoxo.
Minha mãe era filha de pastor batista, meu pai era espírita. No meio dessa miscelânia, eu nunca fui nada por muito tempo. Não fui batizada na igreja católica e não batizei meus filhos ( até me arrependo porque é um bom ritual, simbolicamente muito útil) e sempre aceitei qualquer tipo de credo ou fé.
Meus filhos foram criados assim e quando cresciam me viram participando de vários encontros de mulheres à procura de uma identidade espiritual feminina. Em minha casa aconteciam reuniões semanais, fazíamos rituais para a lua, festejávamos os sostícios e os equinócios. Ervas e cristais espalhados por toda a casa. Ninguém mexia em meu altar e, jamais, tocavam em meus punhais consagrados.
Erámos um bando de mulheres malucas que nos divertíamos muito e não incomodávamos ninguém. nem barulho fazíamos. Um grupo exótico, porém silencioso.
Mas a visão de várias mulheres andando dentro de um enorme círculo riscado no chão, durante à noite, era, sem dúvida, um petisco para quem gosta de bisbilhotar a vida alheia. Meus vizinhos do fundo podiam ver meu quintal pela janela do quarto deles e era só a gente começar a arrumar as coisas que a janela se abria um pouquinho e tinham alguns pares de olhos nos olhando.
Achei uma carta em minha caixa de correio dizendo: O Senhor salva...Morra bruxa dos infernos...
Muito depois da inquisição, sentia na pele o preconceito.
Meu filho mais velho com sete anos me lançou a seguinte frase: mãe, não acredito nessas coisa de Deus. Acho que sou ateu.
E ficou ateu até os 15 quando se denominou agnóstico. Não diz nem que sim, nem que não. Não perde tempo com isso, prefere a internet.
Respeito a posição dele. Eu, ao contrário, acredito até em Coelhinho das Páscoa, fadas, duendes, espíritos e tudo mais. Minha crença é muito mais criativa e divertida do que a do meu filho. Mas ele é de um jeito e eu de outro. Quem sabe com o tempo ele mude?
Eu, uma mulher de fé, neta de um pastor batista, filha de um espírita, introduzida nos mistérios da Umbanda, iniciada na magia wicca, reikiana nível III, kumite da mahikare, tive filho com um homem criado em uma família católica praticante, criei um ateu que virou agnóstico
Casa de ferreiro e espeto de pau mesmo!!

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