domingo, 29 de maio de 2011

A chegada na Chapada dos Veadeiros - Cavalcante

Chegamos ainda cedo no aeroportode Brasília e fomos logo pegar o carro que tínhamos alugado.
Esse é um bom recurso quando não se vai à Chapada com carro próprio. Em baixa temporada conseguir carona para se deslocar de um lado ao outro é quase um milagre. Outra soluçao é encarar caminhar pelas estradas de terra  que levam às cachoeiras e são trajetos longos mesmo, maisde dez km, pelo menos. Nção sei se nosso grupo aguentaria tanta atividade física...melhor garantir.
Com o carro na mão, um Celta prata, lá fomos nós.
Em alguns pontos a estrada é bem  esburacada e muitas vezes é somente no acostamento que dá pra trafegar com segurança, mas a paisagem é simplesmente deslumbrante. 
Vale à pena.
Chegamos a Cavalcante no meio da tarde e fomos logo procurar um camping pra ficarmos. A pouca opção me causou preocupação. 
Não havia movimento turístico na cidade e mesmo chegando em um sábado tudo parecia tranquilo demais. Ficamos no camping da Béa, um imenso gramado, banheiro simples com um valor negociado a duras penas a dez reais por cabeça. Nossa intenção era ficar cinco dias em Cavalcante e explorar as cachoeiras do lugar. Aí nos demos conta que tudo era cobrado. Para se entrar se pagava pelo menos cinco reais, sendo a maioria dos programas em torno de quinze, além da obrigatoriedade de se ter guias para chegar nos locais mais interessantes. Esse valor era mais salgado. Para se conhecer a cachoeira Santa Bárbara se paga dez reais pra entrar além de sessenta reais do serviço do guia. Se todos os programas fossem assim estouraria nosso orçamento de forma implacável e não era essa a nossa proposta nem a nossa possibilidade. Pesquisamos muito, conversamos com as pessoas do local e chegamos a conclusão que, para nós, não valia à pena fcar tanto tempo em Cavalcante. Até a alimentação era cara. Uma pizzaria cobrava R$38, 00 por uma pizza grande. Mais caro do que pago aqui em Campinas, na pizzaria do bairro. O que nos salvou em matéria de alimentaçaõ foi um caldinho especial de uma barraquinha simples em frente da praça, próxima ao campo de futebol. Caldo de feijão com calabreza ou mandioca com frango por justos R$4,00 e esse foi nosso jantar pelas duas noites que ficamos em Cavalcante. A pimenta do lugar fez Ana soltar fogo pelos olhos e eu que não sou boba nem nada nem encostei no potinho de pimenta. Sim, sim...sou uma falsa baiana mesmo!

Para não dizer que não tentamos, fomos à Kalunga do Engenho, uma comunidade quilombola a 28 km de Cavalcante com acesso por estrada de terra. Lugar simples, com poucas pessoas e co uma forte cultura própria. Ali está a cachoeira de Santa Bárbara que algumas pessoas dizem ser uma das mais bonitas quedas d'agua do Brasil. A cor das suas águas é de um azul profundo e vale a pena conhecer aquele lugar.
Lá fomos nós. Mesmo sendo caro tentamos uma negociação e o fato de ser baixa temporada e praticamente sem ninguém por ali fez com que fosse possível baratear algumas coisas. Nossa guia foi Maria, uma mulher do local muito serena que andava com passos firmes e rápido. Nossa primeira trilha foi com ela à frente e ninguém qeuria pedir que ela diminuísse o passo. 5,6 km até a cachoeira. Um caminho de terra onde o carro só ia a té um determinado ponto e o resto era com a força das pernocas de nós mesmo. Recomendo a todos que procurem por ela quando forem a Santa Bárbara. Cuida de três filhos sozinha, trabalha na terra e faz mais uma grana como guia. Depois que conheci sua história fiquei morta de vergonha de ter negociado seus serviços, mas nós realmenete não tínhamos grana pra gastar. Jurei que se voltasse a Cavalcante e fosse à Santa Bárbara iria procurar por ela e remediar esse equívoco. Ela merece e eu aprendi uma lição.

 Uma das coisas que eu mais pedi às meninas era que usassem  calçado apropriado, mochila com cantil , lanche, canga, protetor solar e chapéu na cabeça. Eu estava responsável por aquela "iniciação" no universo do turísmo ecológico rústico e não queria ninguém machucado ou passando perrengue, afinal estava ali como "guia".  Senti em minhas costas essa responsabilidade já que Hyara nunca tinha visto uma cachoeira na vida ( logo nao fazia a mínima idéia de como proceder, com que se preocupar), nem acampado em barraca, nem andado em trilha,  e Ana estava completamente encantada com aquela aventura e, ao meu ver, de tão entusiasmada podia pecar pelo excesso de confiança e se machucar nas trilhas e pedras do nosso caminho. Nenhuma das duas nadava bem, se passassem por alguma situação de risco quem tinha que tirar era eu. É, eu estava ciente de onde tinha me metido!!


Santa Bárbara nos recebeu cheia de beleza e encanto e foi absolutamente lindo ver a expressão das meninas diante de tanta beleza.
A trilha que leva até aqui é relativamente leve, caminhando por estradas de cascalho e terra e por muito pouco tempo pela mata. Com um mínimo de bom senso se entra e sai sem qualquer problema.  E é realmente necessário um guia, pelo menos na primeira vez. Maria foi realmente treinada para aquilo, fez cursos, sabia orientar e tem uma força serena linda de se ver. 
Não nos arrependemos de a ter por perto.


Maria, Ana e Hyara.
Dando auxílio a Hyara que nunca tinha nadado em água de cachoeira. Os peixinhos que nadavam em nossa volta causavem um certo incômodo nela e a falta de confiança no seu estilo de natação ( carinhosamente chamado por mim de estilo Prego) me fez  ficar sempre bem pertinho. Minha frase era: vem com a titia, vem, eu te levo. E assim foi.
 Trilha pela cachoeira.
Senti uma satisfação imensa quando Maria me mostrou uma nascente de água purinha brotando do chão e me dizendo que eu poderia encher meu cantil com aquela água sem medo. É bem aqui que tem a nascente.



CACHOEIRA CAPIVARA I

Pra chegar a essas duas cachoeiras volta-se para a comunidade e se caminha por pouco tempo, entrando na mata e caminhando pelas pedras.  Não é difícil nem complicado mas, como sempre, o bom senso é um bom conselheiro. Com cuidado se pode ir com calma.


 Para nossa infelicidade chegamos no meio da tarde e o sol já estava se escondendo. Adorei as cachoeiras Capivaras. Talvez até mais que Santa Bárbara. Uma pequena queda é a cachoeira Capivara I. Só que a vista que ela tem é de tirar o fôlego e a falta absoluta de gente da uma sensação de liberdade maravilhosa.






CAPIVARA II

Descendo pelas pedras chegamos à Capivara II. Nesse trecho Hyara tremeu e travou. Maria teve uma função importantíssima porque deu toda assistência, dando mãozinha pra passar por pedra, carregando até a mochila. 



Hyara venceu o medo e foi em frente. Uma vitória mesmo!

Nadei de me acabar aqui. Quis muito ir até perto da última queda d'agua que aparece no fundo da foto, mas as águas mais escuras e a falta de sol me deixaram com um certo medinho. No outro dia, na padaria que tomávamos café da manhã, o atendente nos contou que existe uma história que ali, na Capivara II, mora uma sucuri. Quando ouvi isso pensei que meu cagaço pode ter sido um ataque de bom senso.

Saindo desta da Capivara II, Ana foi na frente, seguindo a trilha em direção ao carro. Maria ia logo atrás com Hyara a seguindo de perto. Eu no fim da fila. Em um determinado momento Maria, muito calmamente diz: Para. Cobra.
Hyara teve um ataque de pânico daqueles bons de se ver. Se agarrou em mim e praticamente me colocava entre ela e a cobra. Eu pedia calma e realmente não era necessário aquela reação toda, mas era a prineira vez que nossa amiga entrava na mata e dava de cara com uma cobrinha cipó, verdinha, que parecia mais apavorada que Hyara. Ficou parada no meio do caminho, como se esperasse nossa reação pra decidir o que fazer. Quando demos a volta, saindo do caminho da cobra, ela seguiu em frente , se embrenhando na mata e Hyara nunca subiu tão rápido uma trilha. O que o cagaço não faz...

Fomos embora de Cavalcante felizes com as paisagens que vimos mas reclamando dos altos preços das coisas.
Lugar que aventureiro duro é São Jorge.
Vamos pra lá!!

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