quinta-feira, 17 de junho de 2010

a verdade

Sim, eu meio que sumi daqui.
De certa forma, broxei com o blog, o que é uma loucura porque eu tive grandes, grandes momentos aqui.
Como era libertador escrever, puxa vida, como aquilo era bom! Nunca escrevi para quem lia ou pudesse vir a ler. Eu escrevia para mim, para me curar por dentro, pra me ajudar a organizar as idéias e as loucuras, por pura diversão. Com o tempo algumas pessoas começaram a acompanhar, comentavam, eu gostava daquilo, achava engraçado falarem de mim por causa do blog em vez de ser pela música, meu ego humano se derreteu todo.
Os problemas começaram. Alguns, citados nos meus textos, se magoavam comigo quando leram algumas coisas que eu escrevi. Outros achavam que eu escrevia para eles, como se só houvesse no mundo um único filho da puta escroto, e ficavam ou zangados, ou metidos ou, ainda,envergonhados do mundo saber das suas mazelas e suas canalhices.
Tinha os doidos que realmente acreditaram que eu tinha tara por anõss bezuntados em manteiga de ervas. Veja se isso é possível.
E sempre tinha o perigo eminente de algum aluno, chefe, jovem, adolescente, diretor de alguma coisa, possível futuro patrão, possível futuro amor da vida, ou seja, alguém que poderia ler esses textos loucos e ficar com medo de mim-raiva de mim-não me acahr séria-digna-discreta o suficiente para alguma coisa que eu nem sei ao certo o que era. Eu ficava meio que egípsia. Cabeça pra cá, perna pra lá. Tortinha.E isso tudo porque eu escancaro. E nesses escancaros eu poderia falar alguma coisa que eu me arrependeria depois.
E eu me arrependi.
Me arrependi de ter falado, de ter escrito, de ter sido. Eu fui demais. Usaram isso. Perdi minha espontaneidade, perdi a vontade de vir aqui abrir meu coração porque tinha gente demais olhando pra dentro do meu coração. Meu ser interno estava sendo externo porque eu não soube me resguardar.E eu não quero viver resguardada de nada.
Qual é a graça escrever e ter que ter dedos para escolher a palavras, ter cuidado, ser mais mental do que emocional. Não quero isso.Cansei disso tudo.
Sim.
Tem horas que esses textos que eu tanto gosto de escrever, escrachados, maus, lindos, só melodrama, só insanidadde, sei lá, esse eu que eu gosto de ser, tem horas que ele quer sair e eu não sei o que faço com eles. Quem sabe escrevo para mim, como os antigos diários secretos. Quando eu morrer meus filhos terão uma pílha imensa de diários, absolutamente recheados de indecências e maluquices que sua mãe, velha coroca, escrevia na surdina. Vão editar em um livro com o nome: As sandices de minha mãe, volume I e vão lançando até o volume X, nesse ponto praticamente uma versão feminina do antigo Forum da revista Ele e Ela, se não me falha a memória.
Sei lá o que eu vou fazer com esse " escrivitório" todo que eu tenho dentro de mim. Um livro, talvez. Um blog anônimo. Sei lá.
Vou fazer música que é o meu negócio, literalmente.


PS: Estou firme e forte na minha batalha contra o cigarro ou, como em alguns sites de apoio ao recém ex fumante chamam- O Maldito - praticamente o filho caçula do Satanás, fumador de Marboro vermelho contumaz. Firme, agarrada a milhares de saquinhos de chás calmantes, fazendo caminhadas com as cachorras, voltando à prática do Yoga, tudo pra não virar uma nova Nana Caymmi, gorda para caralho depois que deixou de fumar. Tô meio sem voz ainda porque a gripe foi forte. Tô tossindo mas não mais por excesso de fumaça. É só tosse mesmo.
Tô bem.
E tô fazendo o que devo fazer. Quem me conhece mesmo, sabe do que eu to falando.

7 comentários:

N. Calimeris disse...

Nossa, o que você escreve aqui é uma delícia, me torna humana, me diz que eu posso ser quem eu sou, também me dá liberdade para escrever porque tem gente que fica puto com que escrevo. Não tem nada de indecente não. Conhece os diários de Anais Nin? Moça, essa daí sim, é recheada de coisas. Seja você e obrigada pelo blog mesmo que este seja o fim dele.

Anônimo disse...

Acho que vou concordar com a Georgiana, se o blog é um problema, elimine ele da sua vida. Imagino que tenha sido um bom período de diversão, de "arrebentar a boca do balão". Quando fazemos isto podemos nos arrepender, sim, de coisas mas como tudo foi uma escolha e escolhido é, escolhido está. Mais uma nova fase na sua vida ( olha nunca vi uma pessoa com tanats novas fases como você, rs... leio o blog há uns meses e neles já se foram inúmeras novas fases, deve ser bom). Bem, que seja uma nova fase boa para você e enquanto isto vamos esperar as publicações que virão dos seus "diários secretos".
Fica aqui o meu abraço.
Não sou dos conhecidos próximos mas se você sabe que está fazendo a coisa certa neste momento, continue.
Uma linda vida de novas fases mas não faça da sua vida pequenos vários capítulos sem muita importância, sem muito o que contar, sem consistência, banal, apenas musical, faça a sua parte no que te é especial, com seus filhos, seu parceiro, as pessoas que de fato, quando você precisar ou vier a faltar, sentirão voltade de "publicar" o seu diário secreto. Fazendo isto eu tenho certeza que você não vai se arrepender.
Fica meu abraço e desejo que você tenha tudo o que merece, sempre!
India

Patricia(Gô) disse...

magoei...vou fazer luto

Anônimo disse...

E você ainda tem a coragem de chamar este último post de "A Verdade"? Na melhor das hipóteses, poderia se chamar "Uma verdade", senão já seria uma mentira, veja bem, e todas as coisas que você escreveu? Também não são verdades? E a sua necessidade de escrever, não é verdade? Você não tem respeito pelas verdades? Nem pelas suas? Sabe aquela música que a Simone cantava, Jura Secreta, http://www.youtube.com/watch?v=v5XsBsoYkfA . Se você se for, sentirei sua falta de uma maneira que talvez não seja capaz de imaginar, você perderá a mais sincera inveja de que já foi objeto, justamente pela sua capacidade de ser autêntica, verdadeira e exposta como só os verdadeiros artistas podem (e devem) ser. Coisa que eu não sou. Nunca entendi muito bem alguns cronistas, já leu o Luis Fernando Veríssimo falando da Luana Piovani? Como será que fica a mulher dele? Será que ele dorme no sofá toda vez que diz o que quer? Vocês artistas, muito mais que qualquer sacerdote de qualquer religião são os verdadeiros redentores do mundo moderno, justamente porque são humanos, profundamente humanos, nos conectam ao que há de mais profundo em nós mesmos (eu poderia chamar de Deus?), onde precisa caber de tudo, até anões besuntados na manteiga. Onde há arte de fato, não há crime, só transgressão do crime que cometemos cotidianamente de não sermos nós mesmos.
Tá vendo? Falei, muito mais do que imaginava que podia, e tudo por culpa sua que foi tão corajosa antes de mim.
Pedro

figbatera disse...

Isso passa e vc voltará; esperamos!

Tatiana disse...

Po, Pedro, assim você me f#**!

N. Calimeris disse...

Eu espero que volte! Como eu disse seu mundo torna o meu real de uma maneira incrível.