domingo, 4 de abril de 2010

afastamento quase involuntário

Ando um tanto afastadinha daqui.
Várias razões.
Primeiro, minha vida anda tão doida, tanta coisa acontecendo, muitas delas que seriam impublicáveis. Como ando me autocensurando, reduzo meus escritos ao mínimo da decência. Quase morro de brotoejas com a vontade de botar a boca no balão, abrir meu coração, revelar minha maldade feminina,mas não faço porque aprendi a me controlar depois que levei um monte de esporro por falar o que me dá na telha. Sou a prova que cachorro velho aprende truque novo.
Segundo, estou no campo. Mudei da cidade grande e cheia das modernidades e vim residir na montanha. Uma delícia essa montanha. A incoveniência é que essa porra de montanha faz com que os sinais de tudo que é conexão fique ruim ou inexista. Celular, uma merda. Internet, um exercício zen de paciência.
Tenho aprendido muito com essa nova experiência. Exercito minha paciência com muita dignidade e reflexão. Quando eu espero, pacientemente, três horas para fazer download de um álbum da Nina Simone, eu aprendo a dar valor à música, a Nina Simone, à internet e ao ócio.
Percebi que paossava tempo demais vendo besteiras demais, passeando demais pela web. Agora passo todo esse tempo reclamando demais da demora desta merda. Estou me encaminhando para um segundo patamar de compreensão. Leio livros, mexo nas plantas, passo roupa, çplanejo aulas, toco violão enquanto o download prossegue. Muito mais útil.
Como tudo demora muito, eu fico com preguiça e com medo de ter um ataque de nervos e mando a internet pra porra.
Por isso estou sumidinha.
Mas ando me divertindo. Meu jogo de sinuca continua melhorando, meus alunos são fofos e o cd está sendo mixado. Meus cachorros caminham lentamente para uma morte digna, esperada e campestre. Fico triste com isso porque estão a tanto tempo comigo que imaginar minha vida com eles será estranho. Deus sabe o que faz.
Uma vontade louca de nem sei o que...

3 comentários:

claudia lyra disse...

Ah, Tatiana, uma pena a internet ser ruim aí, pois é tão bom ler seu blog. Beijos!

Anônimo disse...

Olhe aqui, sua escrita é boa, daquelas que tem valor. Se já não o fez, em algum momento poderá tirar uma grana dela. Mas autocensura é coisa que não se faz. Escreva tudo, desprendidamente, depois guarde. Se quiser publicar você espera um tempo, dá uma mudadinha nos nomes, nos locais, coisa pouca e publica. Neste caso, chama-se FICÇÃO. Senão você estraga, tira o gosto, perde a graça, deixa de ser arte se não for genuína.

Cristiano Gouveia disse...

Que saudade.

Saudade tanta que vale uma visita aos campos cobertos de casa de amiga..