quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

uma porta entreaberta

Comparando à sua delicadeza, eu era só ferrugem e ferro.
Ele era quase uma brisa, uma respiração suave que move as cortinas e cria sombras mansas.
Me pediu que deixasse a porta entreaberta.
Deixei.
O cheiro suave do sabonete envolvia meus cabelos e eu sentia seu toque delicado em minhas costas.
Só um fiapo de luz na pele molhada e lisa.
Espuma escorrendo pelas pernas.
Pés molhados no chão.
A porta entreaberta.
Uma brisa me arrepiou os pelos e arrepiei, histericamente.
Fechei os olhos e o morno se espalhou pelos cantos do meu corpo.
Esquentei, fervi e evaporei.
A porta entreaberta bate.
Nenhum movimento.
Só meu peito descompassado entende o que não há.
Ainda.
O "ainda" é o futuro disfarçado em bruma e brisa e eu já sou vendaval.

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