quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

felicidade incomoda

Estava eu, toda feliz, no boteco, ouvindo o samba.
Feliz porque to com mais um trampo ( Deus é pai e eu sou uma rezadora profissional), porque era quarta feira e eu estava no samba, porque minha amiga é divertidíssima e porque eu estava a fim de estar feliz.
Deu aquele ataque de bobeira que às vezes dá na gente e o pobre garçom era objeto da nossa profunda observação. Nem me lembro por que, mas gargalhávamos e eu gargalhando não consigo ser discreta. Gargalho mesmo! E eu to no samba, não em um teatro com música clássica, to no meio do samba, com percussão, o povo todo sacudindo, cantando junto, sambando. Eu posso gargalhar nos mais altos decibéis que não incomoda ninguém! Porra, eu to feliz, caralho!
A mulher da mesa ao lado acha que estávamos rindo do casal que dançava. Eu nem olhava o casal dançando. Eu olhava o garçom e achava ele uma visão muito mais maravilhosa do que o casal que fazia passinho de dança de salão.
- Tá achando engraçado, é?
Eita, porra.
- O que foi? - eu já não gargalhava mais. A mulher vai querer confusão comigo? Logo comigo??
Percebi que minha expressão devia estar um tanto assustadora porque na mesma hora a mulher amarelou. E eu resolvi peitar. Puta merda, to feliz da vida, rindo porque não custa nada, degustando com os olhos um excelente espécime do gênero masculino e uma vaca de roupa de oncinha que nunca me viu mais gorda na vida vem querer cortar meu barato. - O que que você está falando aí?
Aí ela ficou mais insegura. A dúvida passava nos olhos dela e eu sentia um quente dentro de mim. Não queria me irritar naquela noite, estava tão bom.
- Divertido, né?
- O que que é divertido?
- O casal dançando...
- Você está achando que eu to rindo deles? É isso?
Nessa hora a coisa pegou. Eu me irritei.
Não posso beber e dirigir, não posso fumar dentro do bar e agora eu na posso mais gargalhar!
Vai tomar no cu!
Vou aproveitar que não tem lei que me impeça de dar uns cascudos em uma mulher com top de oncinha dentro de algum boteco. Vem, vaca, vem se meter comigo. Vem que eu conheço os garçons, o segurança me ama de paixão e ter um negão imenso que te ama de paixão é muito útil, eu conheço a banda, a cantora é minha amiga e eu toco na merda desse bar. Óbvio que vai queimar meu filme e eu perderei o prêmio de miss simpatia mas tem horas que dá um negócio na gente e tudo fca mais instintivo.
Eu realmente pensei em mandar ela se foder de verde amarelo.
-Não, não é isso não. É divertido ver eles dançando, não acha?
Ah, amarelou mesmo. Melhor. Melhor assim. Me deixa em paz, criatura.
Minha amiga, sem poder acompanhar a conversa por causa do som, muito delicada e simpática, explica que não estamos rindo do casal. Como se fosse proibido rir de casal dançando. A segunda coisa mais divertida em ir dançar é ver o povo dançando. Adoro. E muitas vezes caio na risada mesmo. E daí? Desta vez não foi, mas poderia ser. Vai começar a ser proibido rir de gente dançando também?
Ah, meu povo. Que coisa mais chata que está ficando esse mundo!
Fiz um esforço, respirei fundo, deixei pra lá, sambei, dei uma canja, sambei com o garçom, com o outro garçom, com um mulatinho muito do cheiroso, suei e comi um bolinho muito do bom.
Fui embora pensando nisso: Felicidade alheia incomoda.
Que merda que é isso. Que coisa mais triste que é isso!
Felizes de plantão: gargalhem como quem luta porque a batalha é dura e a encheção de saco, crônica!

3 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

Vc deveria ter suspeitado desde que viu o top de oncinha...

Oncinha não dá...

Ju Hilal disse...

Hehehehe
Essa mulher não faz idéia do perigo que correu....
:)
Bjssssss

Vivien Morgato : disse...

Sempre tem um chato pra atrapalhar.