quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

contadora de história de "medo"

Descobri que tenho um talento natural para aquietar crianças e adolescentes.
Conto ótimas histórias de terror que misturam fantasmas, maldições, o demo, a loira do banheiro ou o velho do saco. Tudo misturado assim, tudo de improviso.
Hoje me pediram que eu contasse uma história de "medo". Eu disse que não, não posso fazer isso porque cada vez que eu conto alguma história - tudo sempre história real, aconteceu comigo ou com alguém muito próximo - eu cabo atraindo esses seres pra perto e isso não é coisa boa. Só posso contar essas histórias para quem tejm fé e sabe usar.
Só nessa negativa os olhos deles esbugalharam.
Não resisti. Tive que contar aquela situação em que eu vi a alma penada da pobre menina escrava que morreu por crueldade do capataz, amarrada de baixo do sol, comida lentamente pelas formigas assassinas carnívoras, muito comuns lá na Bahia. Até hoje se ouve o eco de seus gritos, mas só ouve quem tem ouvido de ouvir grito de morto, coisa mais rara. Óbvio que eu tenho.
Sim, talvez haja alguma semelhança a um outro negrinho, mas isso é um detalhe que não foi levantado durante a minha empolgante narrativa e eu pude seguir em frente, citando o a velha sábia - que um dos ouvidos insistia em chamar de macumbeira - que com suas artes milenares conseguiu quebrar o terrível encanto que prendia a menininha àquela casa e mudar a sua sina. Falei do cheiro de enxofre e da poeira cinza que caía das paredes e chegamos a conclusão que isso devia ser a poeira do inferno, onde estava a alma daquele capataz cruel.
Tô melhorando na técnica da coisa. As pausas estão mais dramáticas mas ainda naturais. Consigo ir "lembrando" os fatos de forma bem coerente e o sustof inal que eu sempre dou nos ouvintes está cada vez mais retumbante.
A sala fica ótima. Silêncio. Completa atenção. Ninguém me interrompe. E a corrida que todo mundo dá no final, seguida de gritos apavorados e apavorantes, é muito revigorante. Eu também saio correndo, junto com todo mundo. Corro muito, mesmo de salto alto! Vou ficar sozinha lá? Nem morta!
Stephen King que se cuide que eu to pegando gosto.

2 comentários:

N. Calimeris disse...

To cansada desses trens. Agora, só história mamão com açúcar e por um bom e longo tempo até o carnaval dos infernos ser esquecido para todo sempre.

Patricia(Gô) disse...

Tati , vou te mandar uns cartões de uma amiga psicologa .Depois vc coloca na lancheira desses pobres coitadinhos , tah?...hahahahah