sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fiz uma canção em tom menor. Como uma valsa antiga que algum compositor do passado deixou passar e eu peguei no ar. Uma pena que veio voando, atravessando o tempo, e colou em meu peito.
Fiz um samba brejeiro que ri da própria tristeza e solta suas notas tristes em melodias alegres. Fiz uma letra que fala de colibris e arco-íris, órfã de música tão boa quanto ela. Tá ali, jogada na pasta de "canções 2010" e eu não a ouço. Me machuca sua delicada mediocridade.
Mas são minhas músicas, ordinárias ou não. Sou eu ali. Ordinária ou não.
Salve os deuses que pousam sobre minha cabeça suas mãos dadivosas e que ajudam a transbordar a taça de minha loucura e intensidade.
Salve a saudade que tem cor,nome, endereço e face.
Saudade que cheira a leite de peito, que tem a ternura das madrugadas atravessadas com uma canção de ninar lábios e um sono perpétuo. Saudade do odor dos cabelos e dos olhos ingênuos.
Saudade que vem sambando. Saudade do cheiro de cebola na gordura quente e de abraços traiçoeiros, mais quentes ainda. Saudade dos desvarios partilhados.
Saudade de meu riso despreocupado.
Saudade da saudade.
Saudade também pode ser um tipo de deus. No meu espaço divino, a saudade pode dançar, chorar, cantar ou morrer, como todo deus esquecido.
Minha saudade tem dia e hora para ser esquecida e sofro por antecedência porque tudo tem seu tempo. Dentro e fora.
E quando não me sobrar nem mais a saudade, momento inevitável porque o tempo é a mão que corta tudo, seguirei mais leve. E mais vazia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá bom dia!
Achei seu blog no google imagens procurando algumas informações sobre Subaúma. Virei leitora hehe
Muito legal seu blog, estou amando, vou continuar minha leitura então!

Um grande abraço!!!

Frida

Tatiana disse...

Frida
Venha sempre e não se acanhe em dar pitacos, puxar uma cadeira e pegar, você mesma, o café no bule