quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O amor surgiu em mim. Súbito, berrante, como quem se esgueira pelos cantos e grita em meu ouvido, sobressalto no corpo e na alma.
O amor me negou a dúvida. Me ofertou certezas mas nunca me dá garantias. Trato insano que nem titubeiei em aceitar.
O amor machuca quando aflora. Vem rasgando as minhas entranhas, vem subindo, esquentando os vãos mofados pelo tempo e pelo passado.
O amor é banho de sol, quara minha alma manchada, esfrega, torce e eu, desfalecida de tão exausta só sei sorrir e meu riso é nota cristalina que vira canção e mantra.
O amor encosta em mim e eu não tenho como não acarinhar o mundo porque no instante que eu sou amor, eu transbordo amor. Amor bom e manso. Amor que nem pensa mais. Amor que só sabe ser.
E eu sou.
Sou mulher na face doce. Sou mulher quando espero e nunca espero em vão porque enquanto conto os segundo, eu amadureço no marinado do teu braço. Sorvo os odores, me deixo impregnar pelos tons e pelos sabores de teu suor.
Me transformo. Minha carne se desprega de mim quando o olho se distrai e explode em declarações implícitas, quando se arregannha, quando se desnuda.
Eu caminho pelas madrugadas desprovida de medo e de vestes. Meu suor é seiva pra ser lambida, gota a gota. A cada pingo, encho minha taça. Encho a tua taça. Tremulo, tento me segurar, mas escorro inteira, vinho tinto em tua língua.
O amor me faz desgustação fina e eu me dou, sem medo da falta, sem medo das épocas de seca e privação.
O amor me faz crente, crédula. O amor me faz melhor.
O amor me faz querer acordar na outra manhã, só para, outra vez, aprender a amar ainda mais e ainda melhor.
Só para aprender a ser.

2 comentários:

Anônimo disse...

Queria que alguém escrevesse isso para mim...

Claudia disse...

Minha amiga eu queria ter escrito isso, porque tão lindo, tão intenso e tão tudo que penso e forma que sinto...