quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Petrolina

Nunca tinha visto o Velho Chico e aquele mundaréu de água me emocionou. Uma água azul que rasgava minha visão. Aquela água toda é a prova da existência de alguma misericórdia divina no meio deste calor dos infernos.
Nossa apresentaçaõ em Jacobina foi legal mas não ainda do jeito que queríamos. Lentamente estamos dando o tempo certo ao espetáculo e devagar tudo se encaixa.
Viver nessa vida é o exercício da paciência. Paciência para lidar com as diferenças, para esperar alguma coisa aou alguém e principalmente,paciência para lidar com os imprevistos.
Acabando o espetáculo em Jacobina fomos comer e depois dormiríamos na carreta dormitório. Estávamos todos muito cansados porque passamos o dia em Jacobina, aquele calor imenso , esperando ( sempre) que a estrutura, o som e a luz fossem montados. Não nos sobrava alternativa além de beber cerveja em algum boteco e ficar olhando as pessoas e a vida. Saí andando, sozinha pela cidade, porque só assim eu teria um bem que tanto necessito: solidão. Aqui sempre tem alguém perto de você. Sempre. Tem horas que você precisa de um espaço sem pensamento de alguém. Eu realmente preciso de um espaço para mim e só caminhando pela cidade que isso é possível.
Jacobina me cansou e eu queria dormir e descansar. Dormiríamos na carreta dormitório que estava parada em um estacionamento de um posto fechado, ou algo parecido. Me colocaram no último beliche, lá em cima no terceiro andar. Avisei que eu iria machucar um, ou dois. Imagine um caminhão com a carroceria fechada dividida no meio. Um lado, os meninos. Do outro as meninas. Triliches, um banheiro, um chuveiro. Legal se desse certo. Não deu. A luz não acendia porque alguma cosa explodiu. Não dava pra usar a privada sei lá por que. Ou seja, uma merda generalizada. Eu estava exausta e quando vi aquele furdúncio entreguei na mão de Deus e fui bater perna em volta da carreta. Isso tudo as duas e meia da manhã!!!
Se não tívessemos ido para um hotel, alguém morreria. E nem falo por mim. Falo pelas moças mentruadas, com TPM. A coisa ficou meio séria prolado da çprodução e todo mundo acabou dromindo em um hotel. Amei acordar e poder comer uma frutinha.
A apresentação de ontem foi a mais legal.
Consegui me maquiar bem cedo e saí do camarim e fui acabar de passar o som. Roupa normal e carona super hiper maquiada. Um garotinho de uns quatro anos me olha e diz:
Vixe, como tu tá feia! Paraece um palhaço!
Amei naquele instante aquele moleque e me vi rodeada de crianças que queriam entender o porque que eu colocava tanta maquiagem na cara. Expliquei que eu tinha 300 anos e a maquiagem ajudava a manter a cara no lugar. Óbvio que não acreditaram que eu tinha 300 anos mas chegaram a um consenso que eu devia ter , no máximo, estourando mesmo, uns 90 anos. Uma menininha bem pequinininha mantinha sua opnião: eu devia ter uns trinta anos porque a mãe dela tinha um pouco menos e como eu era maior que a mãe dela, mas não muito, eu devia ser um pouco só mais velha que a mãe, logo, eu tinha trinta. Fiquei sentadaq no chão do Bodódramo ( adorei esse nome!!) rodeada de crianças contando as maiores bobagens que eu podia inventar. Durante o espetáculo, cantei para eles e quando nossos olhares se cruzavam, sorríamos como velhos amigos.
No tal Bodódramo tinha um botecão com música ao vivo e nos acabamos de dançar ali, um bando de maluco com fresto de maquiagem na cara, todos com a camisa vermelha do espetáculo e com aquela liberdade de saber que ninguém conhece e que no outro dia iríamos embora. Me acabe de dançar forró. Até minha perna parou de doer. Mais um hotel e agora estou dentro do restaurante a escrever para vocês.
Vamos para uma tal de Ilha e parece que tomaremos banho nas águas do rio São Francisco. Uma manhã de folga para a gente e posso garatir, merecemos porque até agora não paramos para nada. Na verdade estão tentando ajeitar a carreta para que possamos dormir dentro dela em vez de em hoteis. Pena. Gosto do café damanhã de hotel.
Seguimos para Goiás ainda hoje e deixo aqui meu afeto pelo meu nordeste!!!
A viagem continua.

Um comentário:

Menininha bossa-nova disse...

Hihihi, 300 anos, vc tem cada uma, sua doida...