terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sim, amado meu, voltei a escrever. Pra você que tem muitas faces, se esconde em tantas peles, em tantas formas, mas sempre é você, amado meu, que eu procuro em rostos vãos. Você, o puro amor.
Amado meu, te espero ansiosa nos trilhos do trem. Já ouço o barulho de aço, quebrando o tempo, tenho um medo imenso, meu corpo treme e insiste em sair correndo e eu, controlada pela memória insana de você e da misteriosa reação que me causava puxo as rédeas de meu pânico e fico estática, como ferro em imã, quase em êxtase. Mas ainda só.
Cadê você?
Perdido como todos nós, não é? Tateando por aí, cambaleando, tão só quanto eu.
Por anda andas, amado meu? Sofre também? Sangra nas esquinas, geme e chora calado ou sai por aí bebendo a lua e uivando como cão sarnento?
Amado meu, certamente nem sabe que tamanho tem. Meu amor poderia ser sua trena, sua referência, seu parâmetro mas seu espelho é só trinca e mancha. Nublado nos seus olhos que nem sabem direito a força que tem, nublado velho, rançoso, antigo. Não vêem aquilo que não reconhecem. Não vêem aquilo que não acreditam ser possível. Olhos velhos demais.
Pois é, amado meu, os tempos são duros e o trem não para. Tudo desmorona em tempo recorde. Sacuda a poeira. Rasteje. Sobreviva.
O tempo é curto e o trem não para.
Por isso, corra.

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