Eu em Piracicaba

Ontem tivemos ensaio lá em Pira, onde mora Samuel ( pianista). Chegamos super tarde porque Cris tem um ritmo muito próprio, muito particular e o ensaio realmente so começou quase as cinco da tarde.
Um calor. A pressão de ser o penúltimo ensaio antes da gravação. Uma vontade doida de tomar uma cervejinha e ainda a oportunidade de ver e ouvir os amigos piracicabanos do Samuel tocando.
Assim que acabou o ensaio, corremos para o Lao, um espaço cultural muito, muito leal. Quando eu falo correndo, foi correndo mesmo. Samuel estava sem beber a meses, um auto-controle muito bonito. Perdeu ontem. Realmente, ontem era muito difícil resistir a uma cervejinha gelada. Assim que decidiu que tomaria a tal cerveja, ficou ansioso e saía correndo feito um esquilo, as perninhas curtas mas, putaquepariu, como anda rápido aquele cara! Eu atrás dele, de salto alto, parecendo um siriema, berrando: -Pelamor de Deus, Samuka, anda devagar que eu to de salto alto, a rua é toda desnivelada, um minuto a mais e um minuto a menos nçao vai te fazer diferença, eu vou acabar me estabocando no chão!"
Chegamos lá e uma dupla maravilhosa: Beto e Lu Garcia. Delícia de som que eu ouvi, gente. Ele com um pegada de guitarra na MPB super interressante, cantando com aquele timbre dele, repertório massa! Ela, uma tremenda de uma cantora, super forte no palco, cantando pra caralho!!
O palco ao ar livre, a gente sentado de baixo das árvores, uma latinha na mão, tudo, tudo de bom. Bebi duas latinhas. Fiquei nenem.
A música acabava as dez da noite e assim que acabou lá fomos nós correndo para outro bar, o Cruzeiro. Todos os músicos que estavam no Lao se encontrariam mais tarde e rolaria uma sonzeira. Lá fomos nós. Correndo outra vez. Porra, Samuel...
Um moço chamado Nivaldo estava tocando. Outra linda surpresa. Violão super característico, todo dividido ritmicamente, uma voz meio suave, uma forma bem, yin de cantar. Curti.
Daqui a pouco sobe a Sandra e o Wagner, um casal pra lá de musical. Ela, linda, cantando lindo, um timbre lindo, tudo lindo. Ele, aquela carona feliz com o pandeiro na mão. Bonito de se ver, viu?
Eu assistindo com a maior atenção. Samuel do meu lado balançava, bêbado e feliz. Cris, muito doido, como sempre, mas feliz. Duas garrafas de cerveja. A coisa já estava meio balançante a minha volta. Eu sentia uma emoção muito forte, aquela coisa do te considero pra caralho, só que dessa vez era musical o negócio. Eu considerava todo mundo pra caralho naquele boteco. Só subia gente de altíssima qualidade e eu achando tudo muito do lindo, balançava pra cá, balançava pra lá, até a hora que o Samuel, bêbado dos infernos, avisa ao Nivaldo (que estava fazendo a noite) que eu iria dar uma canja.
Fudeu. Minhas canjas quando eu estou grogue são sempre vexatórias e eu jurei que nunca mais subia em palco algum meio bebinha. Quebrei a promessa. Não dava pra fazer cu doce naquele momento, o povo amigo que estava lá, tudo músico, todo mundo dizendo...vai lá, toca uma. Eu tinha mesmo que subir lá e fazer um som. O Wagnão ficou comigo e me acompanhou no pandeiro. Acho que cantei uns sambas. Escurinho, com certeza. Uma leve lembrança de Berimbau e uma última que nem pro decreto eu me lembro. Mas cantei sentadinha que eu não sou boba nem nada, um esforço imenso pra ser discreta, comedida e afinada. Campinas estava ali sendo represnetada, eu não podia chegar lá e dar bafon. Eu tinha uma responsabilidade. Fiz um esforço do cacete para manter a linha. Mantive. Afe, graças...
Saio do palco e lá vai o Crir dar sua tocada. Pegou o pandeiro e junto com Nivaldo e Lu fizeram um puta de um sonzão. Muito doido o som mas delicioso.
Vamos embora do bar arrastando Samuel que não queria ir de jeito nenhum. Eu fui obrigada a assumir o papel da mulher castradora e botei limite em todo mundo. Chata pra caralho, mas fazer o quê?
Hoje tenho que concordar com o Samuca.: Piacicaba tem muito músico bom mesmo, altíssimo nível. Adorei ter conhecido o som deles, adorei ver que tem muita gente boa por aí e eu volto lá mais vezes.
Tá aí a indicação: Centro CultuLAO e Cruzeiro, dois lugares de som de alta qualidade para se ir em Piracicaba.
Se tiver esse povo que eu falei ( Samuel, Beto, Sandra, Wagner, Nivaldo, Lu Garcia), pode ir de olhos fechados e coração aberto porque o som que vocês vão ouvir faz milagres na alma.
Piracicaba, adorei nossa noite musical.
Adorei!
Vou voltar.

PS: deveria ter tirado foto ou gravado com o celular. Bosta, esqueci!