terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vopp

Tivemos uma pequena festinha aqui em casa onde cada um trazia a suas bebidinha e, naquele frio, o que mais rolou foi vinho tinto. Eu amo vinho tinto. Eu gosto muito mesmo. E eu fico de pilequinho fácil, fácil com vinho tinto.
O povo chegando, abre portão, fecha portão, aquele movimento na casa.
Daqui a pouco uma labradora amarela, totalmente simpática, com aquele rabo descontrolado, invade minha sala, anda pela cozinha e confraterniza com todos os convidados.
É a cachorra do Vopp, meu vizinho ótimo pra porra. De alguma forma ela ficou pra fora de casa e vendo meu portão aberto, entrou e ficou.
Comeu pra cacete! Comeu ração, comeu amendoim, comeu bolo de chocolate, encheu a pança de bestagens e de acomodou no meu tapete da sala e lá ficou.
Fui ao portão do vizinho, toquei campanhia e nada. Mais uma vez, nada!
A solução era deixar um bilhete na porta:
" Oi, acho que sua cachorra está em minha casa. Invadiu a sala, sentou no sofá e está na festa. Passe aqui mais tarde pra buscar.
Tatiana da casa tal..."
Seis e meia da manhã a festa aonda rolando. Quem bate em minha porta?
Ele, o Vopp.
Imagine o meu estado depois de uma noite inteirinha de violão, vinho e bobagem. Acho que eu devia estar com rímel no pescoço, de tão escorrido. Minha estola de crochê que eu mesma fiz já devia estar enrolada em mim como linho em volta de múmia. Eu estava o pó da rabiola. Mas fui lá abrir o portão pra chachorra do vizinho voltar pra casa. A coitada dormiu fora e o dono nem percebeu! Fui em direção a minha porta. É fácil. É só fixar um ponto e seguir em frente. Depois é só atravessar a porta, passar pela garagem, evitar bater nos carros, descer a rampinha mantendo o equilíbrio, achar o buraquinho pra colocar a chave, abrir o cadeado, falar bom dia com as letras bem arrumadinhas e tudo vai dar certo.
Ele estava na minha porta. Absolutamente matinal e nós daqui de casa, nem tínhamos ido dormir. Uma discrepância. Já to vendo tudo. Um homem que acorda as seis da manhã do sábado não é companhia para mim. Muito saudável. Saudável demais. Mas vamos devolver a cachorra. Adorei a sua cachorra. Muito simpática. Mais simpática do que essa semi- anã que está aí do seu lado. Essa coisinha pouca de mulher. Claro que não disse isso, mas meus olhos borrados de lápis e rímel expressavam isso perfeitamente.
Eu de salto alto podia olhar bem de cima, mesmo balançando de um lado para o outro. Achei ele meio "aquarela". Sabe aquela coisa sem cores muitos fortes, meio assim apagadinho. Sem falar que perdeu uma cachorra e nem se de conta. Deve ser um péssimo pai, não que eu queira ter filhos com ele mas a gente vai juntando informação.
Ele me pergunta como foi que ela foi parar em minha casa. Eu respondo que se ele que é dono não sabe, imagina eu que sou só uma vizinha. Acho que viu o portão aberto e entrou. Eu deixei, soquei ração dentro dela, amendoim ela comeu muito porque tudo que caía no chão ela devorava. E bolo de chocolate eu não sei quem deu. Mas ela comeu pouco. Eu acho.
Ele pegua a cachorra, a cachorra me diz tchau, agradece a hospitalidade, Vopp - Vizinho Ótimo Pra Porra - volta pra seu lado da rua e eu fico observando.
Definitivamente o melhor ângulo daquele moço é a bunda. Mas um relacionamento não se baseia em uma bunda. Existe mais coisas além da bunda. Existe a boemia, a música, a boa comida, o bom vinho, a lascívia na alvorada, existe coisas que quem acorda as seis da manhã de um sábado não pode viver.
Um relacionamento impossível, esse o nosso. E não achem que é a moça lambisgóia que me leva a poensar assim porque é fácil, fácil meter ela no meio do quintal e ela virar um cafonérrimo anão de jardim. Não é ela. É ele.
Saudável demais.
Não samba nada.
Perde cachorra.
Um bunda que é um espetáculo, repito, mas a vida é mais que isso.
E eu acho que eu devo ter falado alguma coisa naquela manhã em que devolvi a cachorra dele, alguma coisa que nem lembro, porque agora eu acho que ele me olha mais assustado do que o normal.
Bem..se não lembro não fiz. Foi meu Eu Lírico.
O Vopp que se acerte com meu Eu Lírico.
Meu Eu Lírico vai adorar.

15 comentários:

Marina F. disse...

meu "eu lírico" foi ´´otema.
saudades!
M.

N. Calimeris disse...

é... e as pessoas vão passando!

Sandra Maria disse...

Isso me faz lembrar do meu príncipe que, na verdade, é um sapo que eu enfeito!

Menininha bossa-nova disse...

Putz, quer dizer que por 15 minutos eu perdi o Vopp!!! Merda...

Cachorra gente boa mesmo. Dei vários amendoins pra ela...

Al Kantara disse...

Bunda que perde cachorra não é bunda de confiança...

claudia lyra disse...

Como já aconteceu várias vezes, ri alto com o que você contou. Mas a gargalhada maior foi mesmo pro comentário de Al Kantara: "bunda que perde cachorra não é bunda de confiança..." HUAHAUAHUAHAUAHAUHAAUAHua... assino embaixo!!!

Tatiana disse...

Marina
meu Eu Lírico nunca esteve tão lírico!

Tatiana disse...

Georgiana,
Passam mesmo. E eu dou uma olhadinha, só pra conferir. Mas forte que eu...

Tatiana disse...

Morena
Tô ainda tá nessa de Príncipe?

Tatiana disse...

Bossinha Novinha,
Pois é...perdeu mesmo. E eu fui sozinha à porta. Ninguém veio em dar suporte emocional...

Tatiana disse...

Al Kantara
Comentário absolutamente pertinente.

Tatiana disse...

Cláudia
Você ri porque não é com você...poderia estra arrasada com o fim do meu relacionamento com o Vopp. Mas não tô. Tô ÓTIMA!!!!
hahahah

Carô disse...

Foi só um pedacinho de bolo de chocolate. Ela pediu muito e cafungou no meu ouvido. Tem coisa que a gente não resiste...

Ju Hilal disse...

Hahahahaha
O que sobrou do meu eu àquela altura ficou só de butuca lá dentro, morrendo de rir das movimentações matutinas do seu eu lírico e do eu aguado e magrelo do VOPP.
Pena ele ter levado a cachorra simpática e balofa embora...ela gostou da farra...rs
Beijos querida

Tatiana disse...

Aguado e magrelo..coitado..tá sendo arrasado por aqui..hahahahhahahahahah