terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

volta às aulas

É. Agora tem que ir mesmo. O mundo me chama. Chama não! Berra.
Hoje é dia de voltar as aulas no Bate Lata, ver meus alunos que continuarão na oficina de canto, conhecer os novos, procurar uma voz jovem que seja afinada, porque, definitivamente, o Bairro de Santa Lúcia é o bairro mais desafinado do mundo!
E eu que acreditava que cantar naturalmente bem fosse coisa fácil de achar. Vivo no meio de grandes cantores, de pessoas talentosas. Achei que fosse fácil. Não é, é uma caça ao tesouro encontrar quem cante direitinho e eu já me vejo com meu chapéu de caçador de talentos.
Pelo menos o que lhes falta em afinação sobra em entusiasmo. Já é um lucro.

Ainda estou na maratona para tirar minha nova carteira de motorista.
Sim, é verdade, fui à Bahia dirigindo sem carteira. Fui e voltei dirigindo todo o caminho sem carteira porque já estou a quatro meses nesse punheta sem fim.
Agora estou fazendo aulas práticas. Muito engraçado eu fazendo aulas práticas. O meu professor eu apelidei de Dodô e ele é um doce. Como eu já dirijo a mais de vinte anos, não tem o que me dizer. Mas eu aprendi uma coisa que eu não sabia. Se a gente aperta a embreagem e vai soltando, sem acelerar, o carro anda e não morre. Incrível, não é?É assim que eu devo fazer as manobras na hora do teste da baliza. Embreagem e freio. Só, nada de acelerar.Se não fizer isso Dodô jura que eu serei reprovada. E não posso deixar de sinalizar com o pisca. Vou entrar. Pisca. Entrei. Acerto o volante. Pisco. Saio toda saltitante e piscante. Entro em uma baliza de primeira ainda mais com aquele mundo de bolinhas coloridas coladas no vidro. Como se na vida normal a gente tivesse bolinhas pra ajudar. Como se as vagas do centro da cidade tivessem cabos de vasouras coloridos pra marcar. Teste de baliza é um engodo, isso sim, mas se tenhoque fazer de determinado eito, quem sou eu pra discutir?
No fim de tudo, prendi uma coisa que não sabia. Foi até bom.
Mas que é um saco ter que ir lá na hora, colocar dedinho pra conferir a digital, voltar pra casa e retornar outra vez na hora que a aula acaba para colocar mais uma vez a digial lá no aparelhinho, ahhhhh, isso é um saco mesmo.
Estou ansiosa para fazer as aulas de moto. Já faz é tempo que eu não piloto moto. Sim, sim, sim! Tô doida pra comprar uma moto outra vez e sair por ai. Ninguém me apoia nessa idéa. Nem meu filho mais velho!
-Mãe, pra quê isso se seu carro faz 21 quilômetros com um litro? Pra que moto se você tem um carro ótimo e econômico?
Me senti levando uma bronquinha delicada de meu próprio filho que aparenta ter mais juízo que eu. Mal sabe ele que quem ensinou o pai dele a pilotar moto foi essa senhora aqui. Mal sabe ele que ele foi concebido praticamente em cima da moto. Força de expresão, claro. Mas que me faz pensar nas possibilidades e um sorrisinho idiota surge me minha cara. Só parei de pilotar quando fiz cinco meses de gravidez. Sim, sim, sim. Eu sei que isso é uma irresponsabilidade. Mas eu era jovem e acreditava que tudo sempre ia dar certo, como realmente deu.
Mas eu me lembro da sensação do vento na cara. Das inúmeras viagens que fiz sozinha de Santos a Campinas, Campinas-Santos. A sensação de atravessar São Paulo sem ficar presa no trânsito. Parar naquele posto da Bandeirantes só pra descansar a bunda e aliviar a tensão do pulso direito. As conversas entre os motoqueiros que encontrava na estrada. A deliciosa experiência que é meter uma moto no barro só pra se sujar inteira e ter friozinho na barriga.
Há quem diga que eu já não tenho mais dade para esas sandices. Bobagem. Qualquer hora é boa para fazer o que gosta e qualquer hora é boa para morrer, se esse for meu destino. Mas ainda não sei se volto ao universo motoqueiro.
Mas a minha nova carteira tinha que ter o A do lado do B. Como antes. Como sempre foi.

É...vamos parar de ficar aqui divagando sobre futuro porque o presente me chama.
Volta às aulas, vamos lá!

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