quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu, essa mulher que aqui fala, hoje chorou.
Chorei pra dentro e por fora.
Chorei nos braços de outros, chorei só, chorei choro bem chorado, choro abençoado, choro feliz.
Chorei como há muito não chorava.
Chorei de emoção, chorei pela mais pura percepção do meu lugar aqui nesse mundo.
Chorei cheia de poesia e encantamento.
Chorei por mim e por tantos outros que vieram antes de mim e que sucumbiram.
Chorei por ser mulher, por ser cantora, por ser violonista, por ser compositora, por ser auto-didata. Chorei por minha música, por todas as músicas que me visitaram estes anos todos. Chorei pelas madrugadas assombradas por canções órfãs, chorei por cada teta sangrenta que ofereci a cada música parida. Chorei por cada canção abortada e cada rebento que mostrei ao mundo.
Chorei por nunca, nunca mesmo, ter duvidado um minuto sequer.
Chorei por alguma razão incógnita, uma mistura louca de sentimentos, gratidão com raça, alegria com tristeza, agonia com libertação.
Chorei pensando no meu passado, nestes anos todos de labuta, nas merdas que eu me meti, nas cagadas que fiz.
Chorei mais cigarra do que nunca. Orgulhosa de meu trabalho. Orgulhosa de mim. Orgulhosa por nunca ter me perdido nesse caminho, não ter cedido a uma facilidade escrota, por ter peitado muito marmanjo, por ter metido o dedo na cara de gente muito maior que eu.
Chorei agradecida por ter o dom, por ter sdo escolhida para esse trabalho, para esse ofício, para essa sina.
Chorei meu canto de vitória, meu hino, meu lema, minha luta.
Chorei mansa e calada ouvindo o sol se pôr.
Chorei.
E esse choro, esse é o choro que valhe à pena.
O resto é só tempero pra minha alma.
O resto é só lembrança, é letra de canção, é poema desperdiçado, é minha vida molhada em sal.
O resto é só resto mesmo.
Chorei e depois sequei porque dentro de mim tem um sol imenso e feliz e eu já aprendi a escorregar nos arco-íris.

2 comentários:

N. Calimeris disse...

Menina, me ensina a chegar nesse momento. Fico aqui fantasiando um instante onde estarei estável. Agradeço todos os dias as minhas dádivas e bênçãos. Afinal, não é qualquer um que tem uma vida como a minha, que tem dias e tardes livres em alguns meses e ainda pode se dar ao luxo de tirar férias! Mas, ainda assim, eu olho o mundo e sinto um peso de solidão, de que tudo é muito demais. Isso tem cura? Porque eu já chorei de tanto e tanto que nem sei se, um dia, eu chego onde você tá!

Tatiana disse...

Georgiana
Eu estou dentro de mim!