quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ontem à noite um calor do cacete, minha casa uma zona, o banheiro fedia a banheiro de rodoviária, uma cultura de alguma coisa mutante sendo formada dentro de uma panela na pia, os milhares de papéis pelo chão.
Não dava mais.
Lavei a cozinha toda. De cabo a rabo.
Agora é o banheiro. Vou deixar de molho com água sanitária. É bom tomar cuidado com a água sanitária. Melhor ficar só de calcinha e sutiã. Um bom som cai bem. Que tal Clara Nunes?
Iansã cadê Ogum? Foi pro mar!!
Vassoura em mãos, bucha, pano de chão e lá vou eu.
O mar serenou quando ela pisou na areiaaaaaaaa...é sereiaaaaaaaa
!!!
Uma esfregadinha, uma reboladinha. Uma esfregadona, uma reboladona. O som aos berros. Eu as berros. Os gatos me olhando do corredor e achando muito esquisita aquela atitude. Afinal eram dez da noite!
Eu nem aí!
Já que estava no banheiro mesmo, toda molhada, por que não tomar um banhão?
Tomando banho, berrando Clara Nuner e esfregando os azulejos. E robolando!

Acabou-se o banho.
Cadê a toalha?
Não tem toalha.
Corro pelada e molhada pro quarto.
Nenhuma toalha. Todas no varal.
Saio pelada, molhada e rápida em direção ao varal.
Agarro a primeira toalha que vejo, me enrolo rápido, rio de minha ousadia e pra fechar a cena, dou uma reboladinha enrolada na toalha, no meio do quintal.
Morena de angola que mexe um chocalho amarrado na canela, será que ela mexe o chocalho ou o chocalho que mexe com ela! ÚUU!

No meio do salto do ÚUU, bum, ÚUU, percebo o vizinho do lado, da sua janela que dá pra o meu quintal, coisa que aquele besta nunca faz! Nunca tem ninguém naquela janela!
Ontem a noite tinha...
Ele me olhava fingindo que não tinha visto a cena.
Eu olhava pra ele fingindo que não o via.

Voltei pra dentro de casa elegante e fina, como se andasse pelada pelo quintal todo o dia e fosse a cosia mais normal do mundo.
Tenho certeza absoluta que os gatos rolavam no chão daquele jeito de tanto que riam de mim.
Assim que saí do campo de visão pensei:caráio, em uma única noite paguei peitinho, bundinha, xoxotinha, perninha...tudo de uma vez só.


Quero só ver como vai ser a minha cara quando passar por ele na rua.
Finjo.
Finjo que não fui eu.
Nego. Nego até a morte.
Não fui eu. Foi meu eu lírico.
Esse indecente!

5 comentários:

Danny Reis disse...

HAHAHAHAHAHA!
Seu jeito de contar essas coisas é único!
Você devia publicar esses textos num livro! Ia vender horrores!
Beijos!

Anônimo disse...

EU TB ACHO. FAZ UM LIVRO.
VC ESCREVE E EU ME DIVIRTO LENDO.

figbatera disse...

Quá, quá, me esbaldei de rir imaginando a cena...
Muito bom relato! Parabéns!

Tatiana disse...

No cu dos outros é refresco, né???

Ju Hilal disse...

Hahahaha
Ih, meu bem. Deixa ele lá, na janela dele. Que é que tem?
Tá bonitona, tá toda-toda.
Ele deve ter sonhado contigo essas noites...rs
Passa por ele cantando Clara Nunes e ainda dá uma risadinha safada.
Saudade!
Beijão