domingo, 7 de setembro de 2008

O anel que tu me deste

Forjei com minhas próprias brasas o presente que te dei.
Martelo e bigorna moldando o presente que te dei.
Te dei meu ferro celeste caído aos meus pés. Quente ainda.
Meu suor salgava a peça. Gota a gota. Esforço e vontade.
Formando um elo.
Meu presente pra você.

Com unhas cavei a terra dura de mim e arranquei o presente que te dei.
Revirei. Cavuquei. Até achar o presente que te dei.
Cravado na minha rocha, uma pepita sangue. Quente ainda.
Minha boca pingava em notas. Gota a gota. Suspiro em bemóis.
Formando a gema.
Meu presente pra você.

No ferro batido da minha alma, firmada a gema-rubi-coração.
Cinza e sangue. Força e medo.
Espalha por sobre a pedra, metal como delícia.
Fecha. Cobre. Funde. Fica. Brilha.
Meu presente pra você.

O anel que tu me deste era vidro e se quebrou.
O meu, feito a capricho, peço de volta, por favor...

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