O dia se revela frio e úmido.
Será um espelho da alma do mundo?
Dias assim são dias de melancolia e observação.
A jabuticabeira goza de olhos fechados o banho de chuva.
Os gatos ronronam em minhas pernas, sobem em meu colo, me pedem calor.
Os cães, mais que nunca, cheiram as suas caninidades.
Minha casa fria me obriga a me cobrir de panos, chás quentinhos, comidas perfumosas e borbulhantes.
Edu Lobo, delicado e pungente, cantarola pra mim.
Meu violão grudado em meus dedos.
Canções. Muitas canções.
Letras.
Explosões.
Rasgo, jogo fora.
Repito. Realinho. Reescrevo. Recomeço.
As canções ainda em mim.
Muitas.
Milhares.
Todas as canções do mundo em mim.
E eu as pego, todo cuidado, com receio que o frio as afaste de mim.
Vem aqui. Aconchega na curva sinuosa do meu violão. Brota de minha boca. Escorre dos meus dedos as melodias presas.
Meu ouvido ouve, ouve, ouve canções não nascidas.
Nascer não é fácil.
Especialmente em dias frios e úmidos como esse.
Um comentário:
Te mandei um emaillllll.
Olha lá.
bjs.
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