sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Existem alguns trabalhos que me pergunto:
-Oque que eu to fazendo aqui???
Já toquei em cima de carro de boi, morrendo de medo de despencar de lá.
Já cantei em puteiro sem saber que estava em um puteiro.
Já cantei dentro de trem.
Já cantei para ninguém na platéia.
Já cantei pra pião de fábrica, as duas da matina, no refeitório da tal fábrica.
Já fui chamada de " cavalona" em plena apresentação e eu não sabia se era elogio ou xingamento.
E sempre nestas horas eu me pergunto:
O QUE QUE EU TO FAZENDO AQUI???
Ganhando o pão, eu mesmo respondo.
Então eu volto pra casa pensando que está na hora de começar a comer brioches.
Ontem foi um dia desses.
Recebi mil e quinhentos tapinhas exatamente em cima da tatuagem recém feita. Doeu.
Teve um velho babão.
Uma namorada ciumenta que me olhava como se eu fosse a própria tentação em forma de notas musicais.
Um tocador de pop rock louco pra pegar meu violão e se exibir.
E, pra finalizar com chave de ouro, me pediram Chão de Giz.
Menti dizendo que não sabia tocar.
-Não tem problemas, nós cantamos assim mesmo.
Então, enquanto eu desmontava o som, um pé afastava o velho babão, o outro pé ameaçava a namorada ciumenta, um olho no rapazinho que estava louco pra pegar meu violão, o outro olho seguindo a figura que tinha que me pagar, e ainda tive que ver uma turma de mulheres berrando desafinadamente Chão de Giz, com direito a bracinho balançando de um lado pro outro.
Ai, que vergonha que me dá isso.
Aí emendaram todas as músicas medonhas que elas lembravam. Os hits dos últimos cinco anos da Educadora FM. Aos berros. Balançando os bracinhos. Um mar de sovaco feminino em minha volta.
E eu me irritando.
O velho faz o que?
Me agarra pra dançar juntinho.
-A última dança nossa.
-Que última? Eu não dancei com o senhor música alguma!
-Exatamente. Pela minha idade, pode ser a sua última oportunidade.
E lá fui eu rodando pelo salão, as mulheres loucas batendo palmas histéricas, o velho intoxicado por tanto viagra, a mão dele exatamnente sobre a tatuagem e descendo para baixo em direção a outra tatuagem dolorida e eu pensando:
O que que eu to fazendo aqui?

Tem vezes que eu me arrependo de não ter sido balconista de farmácia.

7 comentários:

Marina F. disse...

haha...ótema. ainda bem que tu tens este dom de rir de si mesma.
bjs.

edna R. disse...

Certamente compraria um tiquim desse remédio sarcástico, na farmácia onde você atenderia. hahaha.
Ainda bem que nós presenteia com as canções e o timbre da voz.

Anônimo disse...

Só quem já passou por isso, sabe o que vc tá dizendo!

hahahaahahahaahaha

Inclusive o "cavalona" substituído por "potranca"

hahahaahahahaahaha

Mas mesmo assim , é bom...

Anônimo disse...

Garota, como vc pode derramar o seu coração assim?
Parece mel escorrendo do vidro.
Parece vidro.
Leio vc eNquanto escuto Caetano cantando: A purezaq desse amor espalha espelhos pelo carnaval...
É coincidência?
Sincornidades...
E eu q pensava como contar para um amigo (telefonei e a secretária atendeu, doeu...)
- Oi Boneca, acordei e tive um dia normal, joguei poker a grana, pela internet, dez horas até ficar com nojo, vi as meninas ganharem o ouro e pirei, torço por elas total, há anos, comi uma feijoado, bati duas punhetas prá relaxar, ouvi
Carlinhos Brow cantando sobre a solidão, na hora em q chorava pela primeria vez de saudade de meu melhor amigo,morto há dois anos.
Só depois que engoli um soluço, masculinamente (para meu espanto), e mastiguei um choro xingado,percebi que ele falava da solidão.Carlinhos é um irmão.
Derrubei dois caipiras de Absolut, xik demais, na solidão da casa às cinco horas, anoitecendo e joguei bola na sala com a cachorra Layla.
Agora escuto um som altíssimo, e leio Tatiana depois de um longo tempo distante, e vejo q ela é a Persona feminina.
A mulher q eu seria.
Claro q vc sacou antes, quando me disse q ficava com medo de ver como éramos parecidos.
Querida, vc é uma lente Zeiss, uma vidro de áqurio quebrando e espalhando os peixihos na sala.
O carpelte do do coração vai ficar cheirando um porrilhão d tempo depois de te ler.
Depois de te ler.
Tati se vc não existisse o mundo era uma merda.

Anônimo disse...

Tati, só Cássia mesmo, enqunato te escrevo.
Puta, como esse texto estava louco!
A gramática se fudeu.
Claro q a quantidade absoluta da Absut foi mal carculada.
Ô vida...
A história do anão é do caralho!
Nunca li, ouvi ou imaginei nada ligeiramente parecido!
Show!
Eu posso?
Como pude viver longe do seu blog?
Vivendo e não aprendrendo...

Anônimo disse...

O cara da revisão foi demitido por jusat causu.

Unknown disse...

Imagino que "humilhação" e dor. Dançar é ótimo mas um velho onde você nem teve a chance de escolha, rs... Fazer o que gosta é muito bom mas passar por isto, nem ganhando muito dinheiro. Não digo balcão de fármácia mas um lugar que você possa "reativar" o que aprendeu na faculdade.
Boa sorte, com este público é preciso.