segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fui na Virada Cultural de Sampa.
Fui depois de tocar aqui em Campinas, cheguei lá quase as duas da matina e vi aquele mundão de gente. No sábado só consegui assistir duas canções do show da Maria Alcinda, uma hora de som instrumental ( aquela punheta coletiva de sempre - só que essa duraria 24 horas sem parar - foi o máximo que aguentei), duas últimas canções de uma cantora que berrava as quatro da manhã " Tira o pé chão! Tira o pé do chão!" e eu achei que ela queria ser mais uma cantora de axé disfarçada de sambista e o show de outra cantora que fechou as apresentações do Palco das meninas. Nada me emocionou ao ponto de eu encher a boca e dizer" Nooosssa!".
O que me impressionou foram as pessoas que assitiam os shows. Todos os tipos, todas as tribos ali. Hippies, manos, mauricinhos, emos, roqueiros, punks...Uns com umas roupas muito engraçadas, uns sobretudos que iam a té o pé e por de baixo somente uma imensa cruz de metal brilhante. Os viadinhos de todos os jeitos, as sapinhas satitantes e amororsas. Todo mundo ali, caminhando de um lado para o outro, como formiguinhas atrás de açúcar.
Eu dei uma mancada imensa e paguei um alto preço por ela. Na troca dos carros para ir para Sampa, deixei minha mochila com roupas e tênis. Ou seja, passei horas caminhando de um lado para o outro, sambando e me sacudindo com um puta sapato alto.
Quando o dia nasceu eu pensava que se tivesse que caminhar mais um metrinho, por menor que fosse, eu sentaria no chão e choraria. Meu pé parecia não caber mais em mim. E aí eu percebi que as únicas idiotas de salto alto era eu e uma doida que rebolava mais que boneco de mamulengo. Duas idiotas sambistas no centro de São Paulo, elegantes para caralho, mas absolutamente equivocadas.
Ugo me ofereceu seu tênis 42. Jamais, respondi. Eu me fodo mas não perco a elegância.
Domingo foi melhor para mim. Fomos assistir o show do Quinteto Branco e Preto com a participação da Dona Ivone Lara e isso me emocionou. O palco imitava um botequim, mesa nas laterais, um bar onde se serviam cervejas, uma representação do que seria um encontro de bambas.
O Quinteto é ótimo e Dona Ivone Lara é de uma majestade que só quem viveu demais tem. Eu olhava aquele mar de gente - a única vantagem de estar lá de salto 15 era poder ficar quase com um metro e noventa e olhar tudo por cima das cabeças, mas meu pé não estava lá muito sambista - era ver o povo cantando com eles os sambas. Eu me emocionei com aquilo. Japonês sambando, pai com criança no colo, preto, branco, alto, baixo, todo mundo ali. E o samba! O samba que é a nossa música mais representativa, que une, que faz chorar e rir. Senti meus olhos molhando várias vezes por estar ali, sentindo aquela emoção, vendo aquela senhorinha cantar sentada mas na empolgação levantar e sambar gostoso. Me emocionei vendo as senhoras sambando e cantando na maior felicidade, vendo o povão cantar junto com a banda. Eu olhava a arquitetura do centro de Sampa, linda, linda, o céu azul que ia escurecendo aos poucos, as luzes do palco, o som do surdo matendo dentro do meu peito. Eu me emocionei por ser brasileira e estar ali. Por estar ouvindo um bom de um samba e estar ali, naquele encontro. E eu me emocionei com meu pé que doía pra cacete e eu me perguntava: " Como alguém pode ser tão abestalhada de estar aqui de salto alto?????".
Não vi uma única briga. Minto. Vi sim. Vi um cara tentar roubar todas as latinhas que um outro estava catando e isso deu um quiprocó bom. Mas fora isso, nenhuma confusão, nada mesmo.
Perdi muito tempo andando de um lado pro outro, mas vi figuras realmente interessantíssimas.
Adorei minha balada.

PS: Meus pés estão em estado de alerta. Nunca mais em minha vida eu uso salto alto por mais de oito horas sem parar. Nunca mais.
A elegância cobrou um preço em forma de bolhas e um chulé que realmente é do outro mundo.

7 comentários:

Marina F. disse...

Minha amiga,
Também adorei muito, me diverti horrores. Nossa, você de salto, não sei mesmo como está viva. Mas valeu muito a pena, diz aí?
Venham sempre pra cá, adoro a companhia de vcs.
beijos.

Marina F. disse...

Minha amiga,
Também adorei muito, me diverti horrores. Nossa, você de salto, não sei mesmo como está viva. Mas valeu muito a pena, diz aí?
Venham sempre pra cá, adoro a companhia de vcs.
beijos.

Tatiana disse...

Marina,
Você é uma companheira de balada maravilhosa.
Além de ser boa pra conversar, boa pra rir, boa para filosofar...
Um presente!

Rodrigo disse...

Ô Tatiana, eu nem fui, estava avesso a multidão. Confesso, que seu texto me fez re-pensar no avesso, e ano que vem aparecer por lá. Quem sabe você não toca, né?

Unknown disse...

Rodrigo,
Nem todo lugar estava muvucado!
Depende do show que vc escolher ver, né?

Anônimo disse...

Fiquei arrepiada com você falando do show da Dona Ivone Lara! Ela é a nossa rainha, não é não???
Putz, de salto alto é dose! Sei qual é a sensação.
Beijos!

Anônimo disse...

No próximo, eu juro que vou!!!