terça-feira, 22 de abril de 2008

Em um sábado ensolarado quase que eu nasci dentro do mar. Minha mãe garante que eu esperava a saída do salário para poder vir ao mundo. Sempre compreensiva com estas questões praticas, sempre me dizia.
Nasci feia pra cacete, mais cabelo que qualquer coisa.
Meu irmão me adorava e, como prova de amor, me tascava suas botinas ortopédicas. Daí surgiu minha resistência.
Falei rápido, andei rápido e era praticamente um moleque.
Meus peitos cresceram subitamente logo depois que tomei vitamina A prescrita pelo médico. Eu reclamei que não tinha peitos para ele. Ele me perguntou, segurando o riso, como era a minha alimentação. Carnívora convicta, respondi. Os peitos vieram com a força de todos os legumes e verduras do mundo.
Menstruei no dia de Natal e morri de vergonha com minha mãe espalhando isso pra todo mundo.
Papai Noel nunca foi tão rubro.
Viajei muito jogando voley.
Entrei na rodas de música e nunca mais saí.
Tive meus filhos.
Amei, amei e amei mais.
Chorei calada e por dentro.
Morri e renasci.
Virei Fênix e ventania.
Hoje carrego primaveras e verões. Meu outono é quente e ensolarado, com jabuticabeiras carregadas e cozinha cheia.
Vou dormir agora nos braços de Morpheu e ele atende por outro nome.
Amanhã serei a outra mulher que lapido a cada ano.
Sinto saudade do mar.
Mas caminho sorrindo.

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