terça-feira, 18 de março de 2008

Meu bairro é um bairro movimentado. Não essa movimentação de carro, de folia, de bares. Não, é um bairro familiar mesmo que fica do ladinho de um parque, cheio de mato, essas coisas.
Um dia eu acordei e quis sair de casa. Não pude porque um cavalo comia a graminha na frente do meu portão. E eu lá sei enxotar cavalo? Não, né? Tentei de tudo. Fiz " bu", " xô", " sai, bicho" e o cavalo, nada. Me olhava com uma cara que eu interpretei como quem estava dizendo " não me incomode na hora da refeição porque eu posso te morder". Ah, é? Vai me morder?Peguei a mangueira e joguei água nele. Nem se mexeu. Ao contrário, acho que bem que gostou de receber uma fresquinha. Fiquei esperando ele acabar seu almoço, irritadíssima.
Passam carroças em minha rua. Cavaleiros montados no pelo puxando potros. Meus cachorros ficam loucos com isso. Latem como se fosse o Tinhoso que estivesse passando por nossa casa.
Meu quintal é visitado por centenas de pássaros. Adoram se fartar na jabuticabeira, apreciam a ração dos cachorros e fazem de meu quintal um parque de diversão.
Parece que eu vivo no campo, não é? Mas não é verdade. Eu moro a cinco minutos do centro de Campinas.
Hoje, acordei com um barulhão. Só acordei, mas não tive coragem de ir lá ver o que tinha ocorrido. Quase tive um treco quando eu vi que o barulho que me acordou foi a árvore mortinha, que ficava ao lado do meu portão, que tinha caído por causa das chuvas. Ou seja, na frente do meu portão tem um cadáver de árvore e se eu tivesse colocado meu carrinho na frente de casa, eu teria perdido meu carro.
Terrível isso.
E para completar, do lado de minha casa tem um boteco mequetrefe vagabundo com uma mesa de sinuca torta e algumas máquinas de jogo. Boteco, botecão mesmo.
O que está rolando todos os domingos? E aos berros? Moda de viola. é claro. Logo no lado de minha casa tem moda de viola durante todo o domingo.
Será que eu moro mesmo em cidade grande?
Agora to eu aqui pensando se consigo fazer que meu carro passe pelo tronco da árvore caída. Cadê o cavalo para me ajudar a levar o tronco para longe. Cadê o povo de chapéu e bota para levantar o pedação de madeira morta e levar para longe? Cadê as carroças?
Não tem nada hoje.
É. Esse meu bairro é realmente estranho.
Deixa eu ir lá fora ver se consigo arrastar o tronco para mais longe. Tô com medo de ficar presa dentro de casa.
Pelo menos, terei lenha para fazer uma boa fogueira.
Pelo menos isso.

11 comentários:

Anônimo disse...

Só pra te dar um beijo...
Cuide-se.
Ronaldo

Clélia Riquino disse...

Tati,

Ontem de manhã, saindo de casa, em meu CDplayer, Beth Carvalho cantava Nelson Cavaquinho & Cartola. Na hora em que ouvi estas 2 canções, lembrei-me, imediatamente, de você. Queria deixá-las, então, aqui, como forma de carinho (clique nos títulos para ouvi-las):

Coração Poeta
(Nelson Cavaquinho & Paulinho Tapajós)

Deus me deu um coração poeta
E a alma inquieta de um cantor
Pra que eu vigiasse a madrugada
Acordasse o sol e o beija-Flor

Cantar me faz viver bem mais
Soltar a voz que nem um passarinho
Que ninguém prenderá jamais

Se eu sou feliz ou infeliz
São lindas minhas penas
Vale a pena ser quem sou
Se eu tenho o céu aqui no chão
Se eu tenho o mel no coração

Deus me deu um coração poeta
E a alma inquieta de um cantor
Pra que eu vigiasse a madrugada
Acordasse o sol e o beija-Flor

Cantar me faz viver bem mais
Soltar a voz que nem um passarinho
Que ninguém prenderá jamais

Cordas de Aço
(Cartola)

Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria

E, no entanto, meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando


Bjo gde,
saudade,
Clélia

PS: No nosso quintal, no ano passado, uma das árvores também caiu, por causa do vento forte de Valinhos. Temi pelos meus gatos, mas, felizmente, nenhum deles foi atropelado por ela! Chamei o jardineiro pra transportá-la, com raiz e tudo...

Vivien Morgato : disse...

Eu quase morri de medo com essas últimas chuvas,estava dirigindo na Orozimo,a chuva apertou e tentei subir pro Cambui,Subir pouco,porque nossa cidade é reta,uma campina mesmo.
Mas o raio do Bairro estava alangando e conforme eu subia,parecia que estava fazendo rappel com o carro,uma cachoeira inuncadava e caia com força rumo a Orozimo.
E eu rezando,meu Deus,não quero morrer alagada,afogada,berrando molhada dentro de um carro!
Medão.

Anônimo disse...

EM SANTOS, QUANDO CHOVE E A MARÉ ESTA CHEIA, A CIDADE FICA TODA ALAGADA, CAI ATÉ ÁRVORE UM MEDO SÓ.SE DÁ NÃO SAIO DE CASA.

Anônimo disse...

EM SANTOS, QUANDO CHOVE E A MARÉ ESTA CHEIA, A CIDADE FICA TODA ALAGADA, CAI ATÉ ÁRVORE UM MEDO SÓ.SE DÁ NÃO SAIO DE CASA.

Tatiana disse...

Ronaldfo, Sumidérrimo
Saudades da porra!

Tatiana disse...

Ronaldfo, Sumidérrimo
Saudades da porra!

Tatiana disse...

Clélia!
Lindas! Obrigada.
aliás...como é que se faz isso. Clica no nome da música e surge a canção? me ensina?

Tatiana disse...

Vivien,
Quando a natureza resolve dar seus pitios, sai de baixo...especialmente se tiver árvore por perto!

Tatiana disse...

Maria,
Na segundam que choveu horrores, nem o nariz eu pus pra fora!

Clélia Riquino disse...

Ensino, sim. Mandarei, passo a passo, por e-mail. Ok?