quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

meus cachorros e um temperamento de cão

A matriarca da família canina é a Cacau que depois de velha deu pra ficar sonsa. Eu abro o portão para tirar o carro e ela, brucutu, corre pra rua. Eu chamo, chamo, chamo e ela finge que não me ouve, olha pro lado e sai rebolando para longe de mim. Aí a vizinha abre o portão e ela entra na casa da vizinha, fila um ranguinho por lá, late protegendo a casa alheia e quando lhe dá na telha, volta pra frente do meu portão e late até eu abrir.
Hoje aconteceu a mesma coisa.
Pego meu filho na escola e chego em casa e encontro uma mulher em pé, na frente do meu portão. Cacau, toda molhada porque está chovendo, do lado de fora. Pensei na hora:
-Ai ai ai, deu merda aqui. Ou Cacau ficou correndo atrás do carro dela, ou tentou morder o pneu da mulher, ou comeu alguma coisa que não devia. Alguma merda Cacau fez.
-Esse cachorro é teu? - o carro dela parado na frente do meu portão, impedindo a minha entrada.
-Por quê? - eu precisava me preparar para a bomba que vinha.
-É ou não é? - a mulher estava usando um tom duro comigo. Parecia brava. É..a coisa foi feia.
-É sim. O que aconteceu?
Aí a mulher começou a me dar um puta esporro. Que a pobre da cachorrinha tava na chuva fazia tempo, latindo no portão, que tinha um gato ( o Otelo, certamente ) jogado no quintal junto com um monte de cachorro. Que isso era um absurdo. Eu não tava gostando do tom de voz daquela dona. Mesmo assim tentei explicar...
-É verdade, essa cachorra sai quando...
Me interrompe e levanta o tom de voz pro meu lado de uma forma que não era muito segura para ela mesmo. Parecia a minha mãe.
Sei lá o que me deu. Acho que o cansaço de ter tanta coisa para fazer, a casa numa esculhambação que nunca tem fim, esses cachorros a me fazer sempre alguma novidade, meu filho ali sentado do meu lado, vendo essa cena inusitada. E uma mulher desconhecida se achando no direito de me dar um puta de um esporro, levantar a voz para mim por causa dessa cachorra sonsa, velha , fedorenta, molhada que eu já crio há treze anos. Eu estava tomando uma bronca do cacete porque a cachorra tava molhada e estava molhada porque é um cínica de marca maior.
Quando eu vi, eu já tinha saído do carro, batido a porta com força, na chuva mesmo, tava peitando a mulher, que levou um susto do cacete com minha reação e com o meu tamanho. A convicção dela em me dar uma bronca começava a esfriar.
-Tá louca, minha senhora? Porque que você tá levantando o tom de voz comigo? Tá maluca?
E a baixinha, como toda baixinha, ainda falava grosso, dizendo que era uma crueldade eu deixar uma cachorra na chuva, mas já estava meio que ressabiada, pensando que eu devia ser uma mulher maluca e insana. E violenta. Eu senti que aquele momento "vermelho-matança" estava se aproximando.
Respiro, respiro, respiro.
Mas que puta que pariu, eu não deixei a cachorra na chuva! A sonsa é que saiu pela rua a fora! Eu não deixo os bichos na chuva. Eles que vão, porra!
Mas nem tive tempo de falar isso. O controle pela respiração não funcionou. Eu realmente não tava calma e eu já estava era colocando o dedo na cara dela, falando muito mais grosso do que ela podia esperar.
-Baixe esse tom de voz, minha senhora. Tá doida, é? Você chega aqui na porta de minha casa, se acha no direito de me dar bronca, meu filho aqui do lado, na frente do meu portão,você tome tento!
E eu indo pra cima dela. Ela recuava uns milímetros e quando vi, e estava a um dedinho do nariz dela.
-Eu não quero armar confusão - me dizia ela.
-Pois já armou! Pois já armou!
Eu tava puta da vida!
A defensora dos cachorros na chuva percebeu que a coisa ficou séria pro lado dela.
Recuou, entrou no carro, dizendo:
-Não vou falar mais nada! Não vou falar mais nada!
E eu respondendo de cá:
- É bom mesmo, caramba! É bom mesmo!
Ela sai cantando pneu, num pau do cacete, acelerando como se o diabo estivesse mordendo seus calcanhares.
Olho pro meu filho que tá com uma cara como quem diz:
-Por pouco aquela mulher não morre!
Cacau, toda saliente, feliz da vida, nem aí pra confusão que armou, entra em casa com o rabo molhado balançando, meu filho pega um pano seca ela todinha, ela feliz com esse carinho extra porque adora ser secada.
Eu entro em casa bufando ainda e penso que foi muito bom que a mulher foi embora. Ia dar merda.
Confusão por causa de cachorro em plena TPM não é saudável. Para os outros.
Vá gritar com a vaca da tua mãe.
Cadê Cacau? Vou dar um cacete nela também.
Cadê? Cadê?
Tá tomando chuva lá no quintal.
Ai que ódio!

PS: depois disso tudo nos demos conta que o gatinho simplesmente sumiu. Será que ela pegou o gatinho?
Cadê o Otelo???

14 comentários:

Taïs Reganelli disse...

quero morrer sua amiga. posso? posso?

Tatiana disse...

Sua ingrata...
Porque você sabe que eu faria a mesma coisa por vc...
se alguém estivesse berrando contigo..com o dedo na sua cara...
e não fale assim que vc me conhece e sabe que eu sou um doce de pessoa! Não arranjo confusão À toa. A confusão que vem atrás de mim!

Anônimo disse...

hhahahahahhahahaha!
não vou discordar pra não apanhar! hahahahahahah!

Tatiana disse...

mas olhe só que coisa mais feia!
Deixa estar, jacaré...
ajudando a piorar a minha fama...
Ingrata

Sandra Maria disse...

Essa Cacau! Sem falar que anda frequentandos o buteco da esquina... Ficou saliente depois de velha!

Tatiana disse...

E eu levo um puta esporro por causa dela!

Anônimo disse...

hahaha
que coisa!
os malucos fazem fila no teu portão, é?! af...
rs...
bom, eu é que sei q os cachorros causam umas confusões assim, rs...
tenho um vizinho, o toquinho... da rua de cima, um fox paulistinha sem vergonha... bom, ele não deixa a gente passar enquanto não tocamos a campainha da casa dele pra dona abrir a porta e colocá-lo pra dentro, acredita?!
rsrs

Tatiana disse...

Essa é boa!
Ainda é mandão!

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHA! Querer briga com Tatiana não é mole não! Eu que não peito! E olhe que sou baixinha (pelo menos perto de você)!
:)
Beijo, querida.

Tatiana disse...

Mas gente, eu não quis brigar!
A mulher que chegou chegando mesmo, descendo a lenha em mim. Nunca vi mais gorda...nem mais loira falsa...nem mais brava...
eu só botei limite..só isso!

Carô disse...

É muito irritante essa mania do politicamente correto que assolou o mundo - bichos gostam de chuva, e a gente também gosta de vez em quando. O Micro (meu gato) adora correr atrás da água quando regamos plantas só para tomar uma chuvinha, e claro, ser secado depois. E ama tomar chuva. E quem aprendeu com ele? Bóris, o seu ex. Também deu de tomar chuva só pra ser secado depois :-). Resquícios da educação da Cacau?

Claudia Lyra disse...

Huahauahauahauahau... caraca, como tem gente completamente sem noção no mundo!!!!! Putz, queria ser uma mosquinha pra ter visto isso, queria mesmo!!!!
Os cachorros aqui de casa também são podres. E eu também já levei broncão por causa de cachorro. Só que ouvi quietinha porque, dessa vez, realmente eu estava errada: deixei a cadela-mãe escapar da minha mão durante um passeio e a bicha atacou outra cadela, da minha vizinha, e fez um enorme furo na cabeça da dita. Quase morri de vergonha!

Tatiana disse...

Carô,
o que me irritou nem foi o discurso. Foi o tom. Um tom de voz que não se usa assim.
Vai tomar no meio do brioco.

Tatiana disse...

Cláudia,
O Mancha, macho da casa, era assim. Vivia arranjando briga.
Um dia, saiu correndo e deu de cara com um poodlezinho branco e viadinho. Um ficou latindo pro outro. Mancha, que não é de levar desaforo pra casa, partiu pra cima. O poodle tentou resistir. Mancha deu uma bela d euma mordida no pescoço do bicho.Gruda que só cum uma paulada de taco de beisibol, larga. Parece que nem sentiu a paulada;. O poodle, meio bichinha, de susto, desmaia.
A dona dele, uma menininha de uns oito anos, desata a berrar:
-Mataram meu cachorro! Matarem meu cachorro!
Pego o cão-bichinha no colo, coloco no carro, e a menina aos prantos - mataram meu cachorro, mataram meu cachorro - levo pro primeiro veterinário.
Não é nada. É frescura.
O cachorro acorda. Olha para nós, um bando de desconhecido. Me ataca. Morde minha mão. Eu mordo ele de volta. Dessa vez ele não desmaia.
Saio do veterinário com a boca cheia de pelo.
E esqueço de pagar a consulta.
Devolvo o cachorro que só tinha dois buraquinhos de dentes no couro.
A menina chora ainda...
Morderam meu cachoroo. Morderam meu cachorro.
Eu, cínica, coloco a culpa só no Mancha.