quarta-feira, 20 de junho de 2007

Revolução interna -

Meu rim, puto da vida porque eu estava querendo vendê-lo, exigiu uma reunião urgente, aquele bafafá dos infernos.
Meu cérebro chegou correndo, atropelando todo mundo, sempre rápido e tentou botar ordem na casa, que neste caso, era a minha pessoa.
Ninguém ouviu o coitado.
O rim, histérico, agarrado em seu irmão gêmeo siamês, o outro rim, chorava copiosamente e ameaçava:
-Eu paro, viu? Eu paro de filtrar tudo aqui nesta bagaça. Quero ver quem compra um rim que não filtra. Eu juro por Deus que eu acabo com isso tudo!
Meu coração, velho e alquebrado, cheio de cicatrizes na cara, tentava consolar, mas um certo risinho cínico escapulia. Meu coração sabia que não corria este risco e achava engraçado aquele ataque de pânico. Ai, ai, os rins, tão rígidos, vivem cheio de frescura, juntando coisas, vivem com pedras nas mãos.
E batia nos ombros dos rins em ritmo compassado. Tum Tum. Tum Tum. Tum Tum.
O fígado tava era puto. O fígado é o maior comprador de briga do mundo.
Ah, se fosse comigo -dizia ele todo vermelhinho - eu dava uma azia nela, uma dor de cabeça nela, um ataque de vomitação, eu fodia com ela, ah, eu fodia com ela de verdade!
Nessa hora meu útero, juntamente com meus ovários ( eles não se largam, a coisa mais bonitinha), resolveram dar sua opinião, afinal se iam foder comigo, de certa forma iam foder com eles também e começaram a falar coisas sem sentido, que dependia da lua, se fosse lua cheia aí era foda mesmo, mas se fosse na minguante aí dependia, mas que sei lá, tudo vai variando, aquele assunto dava arrepios e era até bom aqueles arrepios, mas que aquilo tudo era triste pra caramba e começaram a chorar. Lágrimas de sangue, praticamente.
O mais rabugento de todos, todo enrodilhado lá no seu canto, só sabia dizer a mesma frase
"Isso vai dar merda. Isso vai dar merda". Meu intestino sempre foi assim, um tanto suscinto e enfezado.
Ao seu lado uma coisa inútil, tremia. Meu apêndice pensava: " se o rim tá por um fio, imagine eu". Tremia, covarde.
A confusão tava armada e eu, absolutamente revirada ao avesso.
Meu estômago estava ali firme e forte. Meio caladão, mas tava lá. Ao lado do pâncreas que não parava de chorar um minutinho se quer. Chorava a cântaros, chorava todas as dores do mundo. Chorava as amarguras de toda a minha vida. O estômago, praticamente um troglodita, se irritava com aquilo, mas ficava na sua porque parceria é parceria. Mas estava achando aquilo um saco e resolveu produzir gases, só para ter o que fazer. O intestino não gostou disso e berrava" bonito você, vai acabar sobrando para mim!"
Meus pulmões, bem, esses nem davam as caras. Viviam doidões de nicotina e estavam achando tudo aquilo muito engraçado. Riam abestalhadamente, abraçados um ao outro.
A glândua pineal sugeria: " vamos vibrar, vamos elevar estas vibrações, tá todo mundo se contaminando com as energias nefastas do oitavo portal da constelação Vega. Vamos rezar de mãos dadas, minha gente? Vamos? Vambora? Aummmmmmmmmmmmmm. Todo mundo junto. Auuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmm"
Ouviu um " vá paputaquetepariu, terceiro olho do cu é rola, minha filha " bem dado no pé da orelha. O baço não era dado a sutilezas.
Rola? Onde? Rola? Tem rola aqui também? Virge cruz, isso aqui tá uma loucura- o duodeno tinha um senso de humor estranho e saiu dançando e cantando " Rola, tá tá tá. Rola, tá tá tá. Rola, tá tá tá". Levou um tapão no pescoço da visícula biliar e saiu catando cavaco, do cóccix até o pescoço.
O timo só olhava, de um lado para o outro, mas já estava com a mão na espada, caso fosse necessária alguma atitude mais agressiva. Eu mato um, se necessário eu mato um.
O cérebro tentava acalmar todo mundo, tentava ser sensato, mas os ovários não deixavam ele se expressar direito porque, de nervoso, soltavam litros e mais litros de hormônios que afogavam o coitado do cérebro que já não sabia mais porra nenhuma, tinha hora que gritava, tinha hora que calava. Tava confuso, o coitado.
A situação estava saindo do controle, realmente.
Aí ela chegou, ela que manda no mundo, ela que é a rainha de todos os reinos, a mãe da vida, o começo e o fim de tudo e de todos.
Aí piriquita chegou embocetando todo mundo, deu uns cascudos nos rins para deixar de seu arruaceiro e de criar confusão, colocou ele de castigo para deixar de ser viadinho. Deu uns quatro berros no resto do povo que foi cada um pro seu canto trabalhar sem dar um pio sequer.
O cu suspira aliviado. Tava percebendo que ia sobrar pra ele já, já. Tava vendo que ia parar na praça porque sempre que dava confusão, ele é que tomava na cabeça.
Moral da história:
Quem tem cu, tem medo.
E mulher de verdade, põe ordem nessa bagaça toda batendo o pau na mesa.

9 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHAHA!
Não tem como eu vir aqui sem dar umas boas risadas! :)
Beijão!

Anônimo disse...

É isso aí! O Xibiu chegou junto e botou pra fuder.

Tatiana disse...

Xibiu?
menino, não ouço esta palavra faz é tempo!
Na Bahia se usa muito!!
Deu saudade do meu nordeste.

Luciana L V Farias disse...

Mulé... isso não se faz... viciei no teu blog, e agora????

HAHAHAHAHAHA!!!!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

LIRIS LETIERES disse...

Muito bom!rsrsrssrssrs
Xibiu mesmo Tati!rsrsrsrsrs
ui!

Luciana L V Farias disse...

Tati, deixei um presente procê lá no EEEPA, depois você passa pra pegar???

beijão!!!!

Adriana Barreiros disse...

Só uma mente muito doida... hahahahahahahaha

bjks, querida!
Adri, m-música

Claudia Lyra disse...

Meu Deus, Tatiana, a periquita é que manda na bagaça?!?!? Uia!!! Huahauhauhauhauhau