quarta-feira, 20 de junho de 2007

Eu tinha prometido a mim mesma que não ficaria remoendo o passado mas, puxa vida, eu to sentindo falta dele, da gente, sabe?
Sei também que o tempo é um santo remédio, alivia tudo, às vezes até apaga.

O tempo é um ceifador e minha mente um pé de trigo triste sem tigres. Assim mesmo, tipo trava-língua.
Ai, ai...
Já tive a oportunidade de colocar outro aqui em casa, aliás, bem parecido, mas ainda não é o momento. Seria parecido, mas jamais igual e não quero substitutos, não existem substitutos para afeto.
O potinho de ração continua no mesmo lugar. Tá ali, toda vez que passo o potinho de ração me dá uma futucada no peito.
Dormir sozinha é estranho também. Parece que as noites ficaram mais frias e mais longas.
Me sinto só.
Engraçado isso, né?
Se sentir só por causa de um gato. Já tive tantos gatos. Mas esses, por alguma razão, ocupou um espaço diferente e agora vejo um buracão imenso, uma sala sem móveis, um violão sem corda. Tá faltando alguma coisa aqui e não é só ele. Alguma coisa em mim, alguma coisa minha foi embora junto com ele.

Tenho pensado muito nisso. Tenho pensado que somos feitos de pedaços colados, uma colcha de retalhos multicoloridos. Alguns pedaços ficam para sempre, mas alguns desfiam, rasgam, se desfazem, somem. Então ficamos com alguns buracos que nunca serão preenchidos por nada. Só a ausência. Só a lembrança.
Minha colcha de retalhos está cheia de buracos. Esperanças que morreram, tristezas profundas que esqueci que senti, mas que também estão ali, esburacando meu passado.
Minha colcha de retalhos não me cobre os pés durante as noites frias e eu me encolho para caber nela.
Eu continuo crescendo e ela diminuindo.
Já tá na hora de incluir outros pedaços novos. Novos começos, novos rumos. Quem sabe assim meus pés podem adormecer aquecidos e eu posso sonhar tranqüila.

Mudando de assunto completamente.
Alguém tá a fim de comprar um rim? Preciso de dinheiro urgente. Meu rim é massa, se fosse meu coração aí eu não garantiria nada, tá cheio de dores, mágoas, tristezas e um tantinho de cinísmo. É claro que nada que uma boa lavada não limpe.
Mas o rim tá ótimo.
Quando custa um rim no mercado negro?
E eu divido ainda. Não o rim, é claro. O pagamento.
Quem quer rim? Quem vai aí? Hein? Hein?

16 comentários:

Anônimo disse...

aí a taïs lê o texto e me manda a seguinte farse pelo msn
" Quem rim por último , rim melhor"
hahahahhahahahahah
adoro essa moça!

anderson.head disse...

bom eu tenho um aqui... ele é total-flex, pode sair um pouquinho mais caro... mas vale a pena!!

rsrsrs.

Tatiana disse...

Meu Deus do Céu!
O que será u rim total flex?
Tem horas que filtra? tem horas que bombeia?
Meio rim, meio duodeno?
O que é isso?
Porra, vais er foda vender meu rim se já tem rim flex no mercado

Lord Broken Pottery disse...

Tatiana,
Quem foi que disse: sara, porque a gente é coisa rara.
Beijão

Lígia Moreli disse...

Bela metáfora da colcha de retalhos. Matou a pau! É isso mesmo! Também tenho uma toda esburacada, mas a gente faz uns remendos. Num fica igual, mas resolve um bocado. Beijos!

Anônimo disse...

hahaha...ótima a piada da Reganelli.Quérida, amei a música da Sereia, mil vezes obrigada. Quanto ao lance da grana, tenho certeza que vai aparecer algo massa pra te tirar do buraco.
bj.
Má F.

Ana Paula Xavier disse...

não era um gato, né... era "O" gato...
o rim , o meu ainda dá conta e tb eu não to podendo comprar nada..rs.. mas, querida, o seu coração é perfeito, raríssimo e valiosíssimo, não tem dinheiro no mundo q pague.
:)

Anônimo disse...

Uau! Seu talento pra ser ao mesmo tempo poética e irônica é impressionante!!!! Adoro!
Beijos mil, se cuide!

Tatiana disse...

Lord,
Fui eu! Fui eu, cacete!
Eu esqueço, às vezes.

Unknown disse...

Eu tava precisando era de um fígado. Tem como?

Luciana L V Farias disse...

Querida: se eu converso com os meus peixes, por que você não pode sentir falta do Hermeto? Eles fazem parte de nós sim, de nossas rotinas. Depois de um tempo, a saudade doída passa e ficam as lembranças legais. Até hoje eu me lembro da minha beagle que tinha gravidez psicológica e me adotava, eu tinha que trabalhar com ela equilibrada no meu colo (em cima do banquinho da prancheta de desenho), e além de tudo ela dava leite e ficava se mamando. Sentiu o drama???

Enfim... também estou sem dinheiro pra rins, porque o meu divórcio litigioso dos cartões de crédito foi meio cruel, sabe? Mas fica a minha solidariedade nesse monento, porque duros unidos jamais serão vencidos, uahahahaahaha

Beijocas!!!

Anônimo disse...

A lógica da coisa é a seguinte: rim com ele, pior sem ele.

Sandra Maria disse...

Tati...
O tempo, cura tudo!
Vc sabe ... logo vai aparecer um outro gato, com outro nome.
Beijos.

Anônimo disse...

Poxa.. um rim eu não tô precisando não.... mas até topo comprar um cd! rsrs
o rim pelo preço de um cd ou o cd pelo preço de um rim? você decide!

Anônimo disse...

Anuncia no Mercdo Livre !

tete bezerra disse...

tirando esse assunto do rim, o texto tá lindo,pura poesia a saudade do seu gato.