quinta-feira, 3 de maio de 2007
Como foi o Cabaré Coração
O palco era assim. Uma mesa, Martini, copos de água, algumas letras jogadas sobre ela, a banda lá atrás. Como se fosse um bar, um cabaré. Eu e Sonekka seríamos dois boêmios que se encontram no final da noite e trocam confidencias e conversas de bar, só que tudo através de músicas.
Eu não estava nervosa. Sempre que estou para entrar em cena, faço as minhas mandingas, chamo meu povo, peço que coloquem sobre minha cabeça aquele manto de luz que os artistas precisam.
A casa não estava lotada, mas estava cheia. Alguns amigos meus queridos. Muito queridos mesmo. Daqui de Campinas. Minha parceira Fernanda Dias e uma das meninas da SuperVicks ( banda de rock que está no mesmo selo que eu, Fábrica Discos), Cris. Duas queridas, que eu sabia que estavam ali para me dar força. Fernanda, minha parceira que tinha, junto comigo, duas canções. Poxa, importante ter ela ali. Marina Franco, outra amiga do peito e minha parceira. Tava lá. Puta merda. Como foi importante. Sato, que tirou essa foto ai de baixo, no gargarejo total. Maurício Negão, bem na minha frente, eu olhava para ele e ele falava daquela forma que eu consigo ler nos lábios e me mandava seu carinho. Eu vi, vi tudinho. Do lado do palco, Betho Feliciano que foi tirar as fotos do show. Um lord. Ao seu lado, Maurício Ricch, o cara que assumiu minhas madeixas, minha maquiagem, o cara que resolve o que vai fazer com minha cara e com meu cabelo. Ele falava assim para mim, no camarim: " fica quieta , mulher, se não te bato na cara"! Adoro homem que manda em mim! E o melhor, ainda, que tem moral para me fazer ficar quieta. E eu fiquei!!!
Zé Rodrix foi lá com a equipe de filmagem do programa que ele está fazendo. Um amor de homem. Olhou para mim, um pouco antes de começar o show e disse: “ Olha a responsabilidade, hein? Não vai fazer feio que tem um monte de gente aí importante!” .Pode deixar, Rodrix, pode deixar.
Sonekka, parecia um dínamo. Tá nervoso, meu amigo? Calma...vai dar certo. A gente veio aqui para cantar. Temos que cantar direito. O resto é só firula, meu bem. E a gente tem que se divertir lá em cima. Eu preciso me divertir com você e você comigo. Vai dar tudo certo, não vai? Vai! Claro que vai!!!
Porra, eu arrumando o cabelo, com aquela cara de mané total, duas maria chiquinhas breguérrimas, Maurício fazendo escova, me dando mil ordens e mil saculejos, vira para cá, vira pra lá, e o merda do câmera me filmando naquele momento, eu com uma bala que cola no dente, eu estava medonha, medonha total, e o câmera perguntando " o que você espera do show". Bicho, eu espero que ninguém me veja desse jeito, porra". E ele só ria e continuava a me pegar daquele jeito. Um horror. Preciso dar uns tapas neste cara.
E trocar roupa no camarim? Não tinha camarim de moças e outro de moços. Era tudo junto e eu ali, com a cara maquiada, o cabelo impecável, mas precisava tirar toda a roupa para colocar o vestidão. O guitarrista, Nando Lee, brigando com o cabelo dele. Passa gel, molha, arruma para cá, arruma pra lá. Meu filho, eu preciso trocar de roupa. Calma, calma, já vai. Espelho em todas as paredes. Não tinha privacidade. Nando, eu vou tirara a roupa na sua frente e depois vou contra para sua namorada que você me viu pelada, meu filho. Peraí, perái, poxa!! O sinal tocando, mais um segundo sinal. Ugo vem cá! Peguei aquele homem imendo. Fica aí na minha frente, me cobre. Nando se você olhar para o espelho de cá e ver meus peitos, te rogo uma praga e você terá cãibras nos dedos, pensei. Ugo fazendo barreira, Maurício na escada evitando que mais gente entre ( o camarim parecia uma feira livre, todo mundo entrava, uma esculhambação), minhas costas nas costas de Ugo, tiro a camisa, visto o vestido, tiro as calças, piso no vestido, ouço aquele barulhinho de pano rasgando, puta que pariu, tiro o sutiã, visto outro, um tomara que caia, que quase caiu mesmo. Não mexe, porra, Ugo, fica parado, caralho! A vantagem de tocar com músicos grandes são inúmeras.
Deu certo. Consegui me vestir.
Terceiro sinal.
Tá na hora.
Antes da entrada, aquele momento que a banda se encontra. A presença do Ugo é indispensável para mim. Só ele é “meu”, meu baixista, meu parceiro ( estamos tocando uma música nossa no show), meu amigo, meu companheiro. Saber que ele está exatamente atrás de mim, nas minhas costas durante o show me dá uma tranqüilidade imensa. Eu sei que ele segura tanto as canções do Sonekka, que ele conhece menos, mas o cabra é foda, tá fazendo lindamente. Como sei que é ele que segurará qualquer situação de risco, nas minhas canções. Ele é meu valete e eu sigo na paz, sabendo que ele está ali, comigo. Meu bem, não sei o que seria de mim sem você, nestes últimos tempos. Você é o cara!
Os meninos do Sonekka, Nando e Schimith ( nem sei se é assim que escreve) estão tranqüilos também. Vambora porque agora é a hora!
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8 comentários:
Queria muiiito ter ido. ;0(
Daniel estva querendo te dar uma sugestão, vc fazer uma mini-peça no bar: um monólogo de algumas de suas crônicas aqui. Vamos combinar, ninguém sabe contar essas histórias como vc. Seria um sucesso.bj.
Boa!
Vivien, que boa idéia!
Ugo é seu lindo anjo da guarda....
lindo.
E o "rasg" do vestido?Deu tempo de ver depois?
Bjs.
Cara... cê sabe que já sou apaixonada por Ugo só de ler o que você escreve aqui, não sabe?
Meninas,
Ugo é um arraso de homem.
Delícia isso, de ler tudo, tudinho como aconteceu... até os bastidores!
Ai, que vontade de estar lá na platéia, babando, adorando... Sim, porque eu sei que estaria assim!
Um show desses é imperdível e eu não quero perder não! Inscreve na Rouanet, vem pro Rio, pelamordedeus!!!!! :)
Beijo grande!
Amore,
Queria tanto estar lá! Acabei (só agora) de entregar aquele artigo que me consumiu desde antes do carnaval. Que vontade de ver vocês dois juntos!!!
Beijos,
Carô-ploc-monter
Camarim
Cartola &Hermínio Bello de Carvalho
(intérprete: Beth Carvalho)
No camarim, as rosas vão murchando
E o contra-regra dá o último sinal
As luzes da platéia vão se amortecendo
E a orquestra ataca o acorde inicial
No camarim, nem sempre há euforia
Artista de mim mesmo, nem posso fracassar
Releio os bilhetes pregados no espelho
Me pedem que jamais eu deixe de cantar
Caminho lentamente e entro em contra-luz
E a garganta acende um verso sedutor
O corpo se agita e chove pelos olhos
E um aplauso escorre em cada refletor
Pisando esta ribalta, cantando pra vocês
De nada sinto falta, sou eu, mais uma vez
As rosas vão murchar, mas outras nascerão
Cigarras sempre cantam, seja ou não verão
Cabaré
João Bosco & Aldir Blanc
(intérprete: Célia)
Na porta, lentas luzes de neon
Na mesa, flores murchas de crepon
E a luz grená filtrada entre conversas
Inventa um novo amor, loucas promessas
De tomara-que-cai, surge a crooner do norte
Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte
Ah, quem sabe de si, nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros
No drama sufocado em cada rosto
A lama de não ser o que se quis
A chama quase morta de um sol posto
A dama de um passado mais feliz
De tomara-que-cai, surge a crooner do norte
Nem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte
Ah, quem sabe de si, nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros
Um cuba-libre treme na mão fria
Ao triste strip-tease da agonia
De cada um que deixa o cabaré
Lá fora, a luz do dia fere os olhos
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