quinta-feira, 1 de março de 2007

Terapia do Samba

Aí eu fui lá no samba que mudou de lugar. Quando eu cheguei lá eu já estava bem melhor, foi um ímpeto assassino que tomou conta de mim, o que era um furacão virou um ventinho besta, e minha amiga cirandeira que foi comigo estava tão mal por causa dos mesmos problemas que eu estava passando, só que em uma versão melequenta e chorosa, que eu nem fiquei à vontade de continuar meu dramazinho particular, aquele papo eu pego, eu mato, eu faço e aconteço. Tive que desenvolver o discurso tudo vai melhorar, você vai ver, minha filha, fica assim não, quer que eu bata em alguém pra você?
Então optei por tomar um terapêutico porrezinho e suar mesmo, me acabando no salão. E fiz os dois.
Eu continuo muito impressionada comigo. Eu sou uma pessoa muito, muito econômica porque ficar tortinha com quatro latinhas de skol é muito prático. Se bem que o tal capeta que tomamos na festa do IFCH, lá na Unicamp, foi o que realmente me derrubou.
Tenho uma vaga lembrança do meu queridíssimo Parceiro dizendo que queria ter uma filmadora para poder registrar aquele momento e colocar no youtube o registro de euzinha sambando sozinha no meio da rua e cantando só ponho be bop no meu samba quando o tio sam pegar no tamborim.
Me lembro que dei alguns foras, típicos da minha pessoa. Uma moça muito simpática conversando conosco. Eu, falando com o corpo, as mãos, a boca, tudo. Aí ei olho bem para ela e digo:
-Menina, eu tenho a impressão que te conheço.
Ela, muito naturalmente, sem afetação alguma, diz:
-Deve ser do Fama, participei do último.
Eu, esse mastodonte, digo sem pensar:
-Não, não não é de lá. Nunca vi essa tal Fama. É ruim demais.
Não teve jeito de remendar a frase.
Fui sambar que eu ganhava mais.

A cada instante, mais gente chegava. Eu olhando a galera que entrava no bar e digo alto:
-Gente, isso aqui tá parecendo uma bacia de jabuticaba! Só tem negão! Vamos sambar! Vamos sambar! Um monte de jabuticaba e um bigato de goiaba, eu!

Mais uma.
Um moço que era uma tetéia. Eu, cheia de graça.
-Não me diga seu nome que eu me lembro...Grão de Bico? Lentilha?
-Não, meu bem. Feijão. Meu nome é Feijão.
Existem grãos demais nesse mundo para a gente acertar assim, de primeira.

E eu tive até uma excelente oportunidade para dar umas porradinhas e deixei passar.
Eu e a Cirandeira estávamos na mesa. Um dos músicos que estava dando canja chega e diz que vai chamar a filha e a amiga da filha ( a cantora do Fama) para sentar em nossa mesa porque estavam sozinhas. Daqui a pouco ele volta e diz:
-Ela não quis vir. Achou que ia ficar segurando vela, vocês estão aqui, no maior namoro.
- O que????

Que namoro? Que vela? Que achou o que? E é uma injustiça isso porque eu até entendo o povo me confundir, tenho mesmo o estilão sapatônico, grande e cantora de mpb, mas a pobre da minha amiga, coitada, não. E de tanto que a gente sai junto para essas baladas, o povo se reencontra sempre, vê sempre o par, aí junta A mais B e chegam a GAY.
- Cirandeira, hoje você vai agarrar alguém desta batucada e tascar um beijão de língua, minha filha. Tem que mudar essa fama!
E ríamos tanto que ela esqueceu de chorar e eu esqueci de bater.
Foi ótimo mesmo.
Foi muito bom também receber uma ligação do queridinho Ronaldo, perguntando se eu já estava melhor. Sim, eu já estava e fiquei muito melhor depois.
E tenho certeza absoluta que a velazinha que Bruno acendeu pra Iemanjá também funcionou porque saí, suei, sorri e tomei um porre daqueles que me dá agora uma leve dor de cabeça. Me esqueci completamente que eu tinha virado Chuck, o brinquedo assassino. Voltei a ser o mimo de moça de sempre.
Dormi bem abraçadinha com meu chaveiro de pelúcia em forma de ornitorrinco e acordei outra pessoa. Tenho certeza que a marca da chave em minha bochecha sai já, já.
Agora só preciso descobrir como colocar gasolina no carro par poder ir trabalhar. E sabe o que mais?
Que foda tudo isso porque já passei por estas coisas e não morri. Não é hoje que eu irei morrer. Nem matar ninguém.
Vai passar, meu bem, vai passar. E enquanto não passa, eu sambo!

Ah, descupem pessoal. Foi um momento de desabafo mesmo. Ontem eu estava o demônio de saia. Só quem menstrua sabe o que é isso.
E muito obrigada pelo carinho.



16 comentários:

Anônimo disse...

Tati, voce realmente consegue me fazer rir e chorar ao mesmo tempo com seus post.....sua vida as vezes parece um vulcao pronto a estourar e em outros momentos , mesmo qdo posta xingando parece uma das pessoas mais sensiveis..E isso Valente Guerreira (este devia ser o nome do seu blog), nesta luta do dia dia (TPM a parte) mais uma vez voce lutou, sofreu venceu (e que inveja)sambou e bebeu skol...
Beijinhos carinhosos do outro lado do oceano.

Tatiana disse...

Sabe o que eu acho, Adriana?
A gente tem é que botar pra fora. Tá com raiva? Xinga!
Tá triste? Chora.
Tá com medo? Diga bem alto.
Assim alivia o peito.
To toda aliviadinha agora.
Mais beijos carinhosos para você deste lado do oceano.

Unknown disse...

Como assim um samba que eu não conheço? Onde é que fica essa roda, hein? Me passa as coordenadas, meu bem.

Anônimo disse...

Ainda bem q passa... E colocar pra fora não é só bom, é necessário. E me conta uma coisinha, este moço aí de cima já te entregou uma lembrancinha do Pará? Combina com ele num samba q não tem erro.rsrs
Bjo

Tatiana disse...

Perla,
A culpa é minha, não dele.
Eu não consigo encontrar com ele.

Tatiana disse...

Adriana, me manda seu e-mail.

Anônimo disse...

Tatiana meu email e abtcglobal@hotmail.com


ebijinhos do outro lado do oceano

Anônimo disse...

Muito bom, muito bom! Acho que é por isso que me matriculei na dança de salão. Me acabo três vezes por semana, não tem mais chance pro azar.

Vivien Morgato : disse...

Tati, suar o problema é o canal, com certeza.
O texto está bom demais, ri do começo ao fim.
E esse seu jeitinho meigo é sempre um bom tema pros posts....risos...

Anônimo disse...

Acho que teu caso era TPM somada à lua que se enche, quase cheia. Mas que bom que está tudo bem...
Cuide-se. Beijos.
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Tatiana,
Eu acho você divertidissima. Essa do Fama foi ótima... se eu fosse sua parceira de baladas acho que teria borrifado a cerveja num riso incontrolável. Aliás, era perigosos ficar com caimbra de riso. já teve isso?
Abração e sucesso, sempre... com ou sem TPM.
PS. Eu já te falei que foi dia desses que descobri aquela faixa bonus do seu novo cd com o astral da banda? Levei maior susto... tava sozinha no local onde ensaio e de repente (depois de ouvir o CD todo) ouço umas falas, umas risadas... pensei estar ficando doida! Era você e seus queridos nos bastidores. amei!

Anônimo disse...

Tatiana do Céu! Eu sei o que vc passa quando te confundem com intérprete de Rock das Aranhas. (Amei o sapatônico!)
Eu também só porque sou maquiador e bailarino e ADORO feng shui, vivem me tirando como gay. Mereço?
Inclusive o grosso do Caldas Marombão quando a patroa dele não está olhando fica me dando piscadinhas.
Eu posso?

Tatiana disse...

Dudu,
É uma injustiça isso.
Só porque eu não posso ir na Leroy Merlin que fico doida, só porque eu ganhei uma furadeira de dia das mães, só porque sou um poço de delicadeza, tenho uma fama terrível.
Equívocos atrás de equívocos.

Tatiana disse...

Ciça
Até eu levei susto com essa faixa. Estava lavando louça, ouvindo o cd, esqueci dele, daqaui a pouco ouvi vozes. Um nervoso imenso. Comecei a resar um Pai Nosso no memso instante!
E era eu mesmo!
ahhahhahahhaah

Unknown disse...

Onde é que fica esse samba, filha de deus???

Clélia Riquino disse...

Tati,

Só agora me ocorreu...:

É com esse que eu vou
Pedro Caetano


É com esse que eu vou
Sambar até cair no chão
É com esse que eu vou
Desabafar na multidão
Se ninguém se animar
Eu vou quebrar meu tamborim
Mas se a turma gostar
Vai ser pra mim

Quero ver no ronca-ronca da cuíca
Gente pobre, gente rica,
Deputado e senador
Oi quebra, quebra
Que eu quero ver
Uma cabrocha boa
No piano da patroa
Batucando
É com esse que eu vou
Mas quebra, quebra
Que eu quero ver
Uma cabrocha boa,
No piano da patroa
Batucando
É com esse que eu vou