quinta-feira, 12 de abril de 2007

Para você, amado meu

Te espero calmamente enquanto traço as linhas, fazendo mais um pano que me aqueça as costas na tua ausência.
Meu olho pousado lá no horizonte. Somente esperando. Sem pulos, sem sobressaltos, meus olhos só te esperam.
Assim, como quem observa uma flor desabroxar, uma casca do ovo romper, como quem aguarda o último acorde que ficará vibrando por séculos e séculos.
Instante parado no ar.
Te espero por tanto tempo que me acostumei em ter você em ausência. É ela que confirma a tua presença dentro de mim. Dentro e fora de mim.
Te espero. Te espero como sertanejo aguarda a chuva que vem molhando os áridos campos.
Eu, úmida, em seus braços ausentes.
Eu, pingando, escorregando sua falta para dentro de mim.
Eu, cachoeira que geme doces sons ao seu ouvido. Você a pedra de rio que me espalha aos ventos.
Será você corsário?
Será você ladrão?
Que bandeira tremula em teu mastro?
Me roubaste a paz no instante que acreditei te conhecer um dia.
Me inquietei no momento que sonhei a felicidade pagã.
Por onde ando, te procuro.
Por onde canto, é para você que solto a voz.
Onde me perco, é ali que acredito te achar.
E eu, Penélope, tramo a minha vida, a nossa vida em um pedaço de pano avulso que espero um dia nos aquecer, depois do amor.
Mais ainda, espero te reconhecer no dia que sua sombra margear meu horizonte.
Não chegue antes do meu anoitecer da alma pois tenho medo que a escuridão me atordoe os olhos.
E quando chegar, não bata na porta, apenas venha e me beije outra vez.
Mas beije minha alma também.

6 comentários:

Anônimo disse...

Estimulado pela tua inspiração e já te estimulando (claro, sem tapas na bunda, hehe...) pra quando ele chegar, envio uma prosa poética (uma pequena ajuda pra você e o amado teu):

E quando triste,
mais triste de não ter jeito,
quando tudo parecer sem saída
Não precisas chorar
ou falar de teu sofrer

Quando a tristeza estiver rondando
e que não puderes
(ou quiseres) falar
as coisas lindas
que somente tu sabes dizer...

Deixa-me
e falarei por nós
Falarei do teu amor,
da tua alegria e da tua imensa vontade de viver
Falarei da tristeza que sinto
Por estares triste também
E derramarei por ti
lágrimas que serão minhas
Para que não precises chorar...

Deixa-me
e chorarei por nós dois
para que o sal fique no meu corpo
e não contamine o teu
Pois que és feito de doçura
e somente a ela - à doçura -
é permitido te tocar

marcio castro disse...

uau! passei pra dizer uau! nada mais a dizer.

ps: passa lá no quina vida. temos sentido sua falta por la'.

Anônimo disse...

Que coisa linda, Tatiana! Ai, Deus! E, depois de um texto tão... tão... hum... tão coisudo, ainda sobra inspiração pra fazer música?!?!?!? Você é uma assombro, irmã!

Tatiana disse...

Artur,
O que que é isso, meu filho~?
Lindo de morrer.
Visita-me mais um romântico.
Lindo.

Tatiana disse...

Quina,
Estou smepre por lá.
Mas vou e deixo recado na porta!

Tatiana disse...

Cláudia,
Obrigada.
Uma mulher tem milhares de armários em sua alma. Abri o armário daquela que sempre espera.
Coisudo é ótimo!