domingo, 18 de março de 2007

Saudade daquilo que eu ainda não vivi.
Já sentiu isso?
Uma falta de alguma coisa que não se sabe exatamente o que é.
Saudade de um cheiro que ainda não senti. Saudade de um tipo de arrepio.
Uma sensação de presença futura, como quando sentimos que alguém nos olha, mesmo estando de costas.
Um buraco negro na alma. Uma inexistência de algo que nem sei se existe mesmo.
Um tipo de fé inabalável pelo desconhecido, a sensação que é tudo mesmo uma questão de fé, crer na falta, como se a sensação de ausência fosse a maior prova da sua real existência.
Um desejo de alguma coisa inominável. Ainda inominável. Mas no instante que me deparar com ela o nome surge perfeito e claro em minha mente, como se sempre estivesse ali, encoberta pelos véus da minha consciência.
Um tipo de chamado. Como aqueles apitos que só os cães ouvem. Eu sou um tipo de cadela que ouve esse chamado e não sei de onde vem, nem de quem ou o que é, mas minhas orelhas ficam de pé, cheiro o vento e não sei em que direção correr.
A esperança que seja o Outro que me chama. Aquele outro que não sei quem é, que nunca vi, que nunca reconheci.
O desejo constante de encontrar o par, o caminho, a resposta, a solução.
Essa inquietação por debaixo da calamaria da face.
Esse fogo-fátuo que elimina minha escuridão e que, ao mesmo tempo, me causa arrepios e um frio na boca do estômago. Como nos filmes de terror. Eu sei que vou me assustar, eus e que é para me assustar e mesmo assim não controlo o pulo nem o grito.
Onde estará?
Quem será?
O que será?
Essa sensação de pré-acontecimento, parecida com as sensações que eu sinto quando me preparo para pisar no teatro, no palco.
Essa coisa que eu não sei o nome, nem a forma.
Mas eu sinto.
Sinto como se fosse um fantasma que me ronda, como uma forma-pensamento que está próxima de mim e eu somente não acesso a chave que abre a porta.
E somente sinto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sinta. Cheire. Saiba.
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Que esse sentimento de esperança nunca te abandone.