sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Sim , é verdade eu tinha dito que não iria fazer mais farra, que ficaria em casa fazendo crochê, mas as coisas vão acontecendo e eu tive que sair na segunda para ver um trabalho em um bar, terça fiquei em casa com o filho mandando coisas para o site novo, quarta fui a Sampa me apresentar na festa do Zé Edu, dentro do Clube Caiubi ( turma de compositores porreta) e ontem, quinta, era dia de comemoração de aniversário de Ugo, baixista do meu coração.
Não dava para ficar em casa.
Eu fui.
Fiquei a noite toda só nas latinhas de coca-cola e rolava salsa.
Olhe, salsa é a dança da luxúria, sem sombra de dúvidas. Que loucura.
Eu resolvida a aprender a mexer esse corpinho naquele ritmo.
Tinha um povo lá que eu olhava e ficava na dúvida se estavam dançando ou tendo um crise convulsiva, um derrame, algo do tipo.
Outros pareceiam dançar samba, samba de japonês, mas pelo menos sambavam.
E eu queria suar porque eu estava triste, estava de bode, só fui porque era o niver do Ugo, meu parceiro, meu amigo, se não, eu ficava em casa assistindo Big Brother, as novelas da Record e choramingando pelos cantos.
Eu fui de mocinha. Agora só ando de mocinha para ver se acaba essa mania de achar que eu sou sapatão. Vestido jeans abotoado na frente e sandália alta. Discretinha.
E a salsa rolando solta.
Eu levanto.
E os timbales tocando alto pra cacete!
E eu mexendo pra lá e para cá.
E as congas ticum ticum ticum.
E um mocinho bem novinho, um carioca, me chamou para dançar. Era amigo das meninas que estavam comigo. Um tipo king size como eu e parecíamos dois mastodontes em dança do acasalamento. Quando ele me virava rápido - sim, ele ousava me virar rápido - eu abria um espaço em minha volta porque dois ou três saíam voando de perto de nós. E ele achava que sabia dançar salsa e eu pensava que ele não sabia dançar salsa, nem cebolinha, nem centro, mas eu não tava nem aí, queria mais era suar!
E dancei, e suei, e ri e mandei muita gente para longe de mim com meus sinuosos movimentos corporais.
Aí minha amiga me MANDOU dançar com um grindo que ela estava xavecando. Vá entender a mente feminina. Eu, obediente que sou, se a amiga diz faz, eu faço. Sei lá o que ela queria ver, talvez quisesse saber como o cara se comportava dançando com outra mulher e eu fui lá, de cobaia, se a amiga precisa dessa prova de fogo e eu sou solteira, sei me defender, eu posso ajudar. Não que fosse um esforço demasiado grande porque o cara era um puta de um gringo massa, imenso, lindo de morrer. Dançamos exatamente igual a Madre Teresa de Calcutá e o Dalai Lama. Ele era tão temperado, na salsa, como arroz integral.
O cara passou na prova.
Aí veio um baixinho. Sempre esses baixinhos. Um mulatinho forte, com um tsunami nos quadris e um corisco nas pernas. Eu sentadinha, decansando e olhando o povo e lá vem aquela coisinha de homem e diz:
-Vem comigo que eu sei fazer você remexer.
Eta porra! Sabe?
Então eu truco.
E lá fomos nós.
O primeiro moço, o grandão, olhando, com um olho comprido porque tinha perdido seu par mastodôntico. Só de butuca.
E o baixinho me pegou pela cintura, me deu um guenta daqueles, seu nariz acho que chegava em meu ouvido e ele dizia
- Morena, agora somos nós.
E putaquemepariu! O cara sabia mesmo me fazer remexer.
Salsa, cebolinha, alho poró, coentro, páprica picante e pimenta malagueta.
O cara era o cão!
E me agrrava, e me girava de um lado, para o outro lado, enfiava as pernas por entre as minhas pernas e dizia baixinho, ao pé do meu ouvido, agora bem miudinho, sente as minhas pernas, vai comigo.
E eu ía. E ele me jogava para um lado, agarrava minha mão e eu virava um peão, voltava enrodilhada, caída outra vez na sua frente, um passo pro lado, uma reboladinha, um passo para trás, outra reboladinha, salsa é foda, os botões de meu vestido abrindo e minhas pernas suadas aparecendo porque é um tal de meter perna entre perna, coxa com coxa, eu suava pra dedéu, ele me apertava as costelas, segurava direitinho aquele tal baixinho que eu ia na boa para onde ele quisesse me girar. O botões de baixo abrindo, mostrando ainda mais as pernas e o botão de cima também, um decote mostruoso aparecendo. Cacete, eu vou ficar pelada se continaur assim. Um calor dos infernos. E ele ria em meu pescoço. Cruz credo. Me gira várias vezes no mesmo lugar. Pára, de súbito. Me puxa para perto. Aquele olho de galã caribenho. Eu tenho vontade de gritar ( aquele gritinho de música latina). Ele se empolgando, se empolgando. Eu pensando se eu não tenho um ataque cardíaco agora, não tenho nunca mais.
HÚ!
O sax berrando do nosso lado, o baixo vibrando dentro de meu peito, as congas, ticum, ticum, ticum, salsa é foda!!!
HÚ!
Aquele mar de gente se esfregando, suando junto, um calor danado, a música alta demais. Salsa foda!
Aí eu percebi que ele estava me apertando mais do que devia. Tava me dando uns guentas um tantinho indecente. Vixe, a coisa tá ficando séria aqui. Tentei dar um espacinho entre a gente, mas aquele calor, a salsa tocando, os timbales, as congas, todo mundo se esfregando naquele bar,, não tinha muito espaço para eu fugir. Minhas costelas quase trincando, mais um poquinho ele enfiava o seu umbigo dentro do meu umbigo. O povo passava por nós e eu só ouvia ai como dançam gostoso, ai que delícia e quanto mais o baixinho ouvia isso mas se empolgava, , a mulherada querendo que eu morresse assada na fogueira dos infernos porque ele era o melhor dançarino que tinha ali, o neguinho sabia mesmo fazer uma mulher remexer. Eta porra, pensava eu, essa cara tá empolgado demais pro meu gosto. E ele ria, ria, me girava, me apertava, dobrava meu corpo para trás, se segurando pela cintura e eu pensando eu vou cair, eu vou cair e não caía nada porque ele, , com um puxão forte, me trazia de volta. Meu cabelo em minha cara, meus pés deslizando no chão, sua mão segurando a minha, seu braço em volta da minha cintura.
Hú!
Quando eu senti uma mão escorregando sensualmente, querendo chegar em minhas coxas, dando aquela apertada nas ancas, virge cruz, ele vai agarrar minha perna, meter a mão de baixo de meu joelho, e eu vou ficar naquela pose de tango, sabe qual é? Eu sou uma cantora séria, uma mãe de família, tem gente nesse bar que me vê cantando, lá se vai minha moral, cacetada, minhas coxas já estão quase totalmente de fora, mais um pouco meus peitos pulam para fora e esse cara me morde as tetas!
HÚ!
-Rapaz, meu namorado vai te matar, se você continuar assim - improvisei.
- Aquele grandão que não tira os olhos de nós? - pergunta enquanto me gira, cola sua barriga em minhas costas, segura meus quadriz e dobra o movimento, eu na frente, ele atrás, várias reboladinhas, reboladinhas , reboladinhas. Um passo para direita. Reboladinha, reboladinha, reboladinha, um passo para esquerda. Me gira.! Mete as pernas entre as minhas e vai descendo, descendo, requebrando e descendo.
Vai subindo, vai subindo. Me agarra pelas costas. Vai descendo, vai descendo.
HÚ!
Que aquele? Eu sei lá que quem tava olhando porque o baixinho me deixava de costas para o povo, ele queria era ver a mulherada passar, ele queria era se exibir na dança e eu não via nada, só os azulejos e quando ele me virava, se eu fosse me distrair olhando qualquer coisa eu iria me estabocar no chão, então eu não sei de quem ele falava, mas, por via das dúvidas, eu concordei.
-Sim. Aquele mesmo.
E nesse exato instante, parecia cena ensaiada de teatro, o primeiro grandão que eu dancei veio pisando duro, olhou para mim e disse:
-Tatiana...
No momento que ele disse isso, TATIANA , o baixinho me deu uma girada daquelas cinematográfica, eu virei um peão, meu cabelo rodando, minha saia aberta, as pernas de fora e ele simplesmente fugiu! Sumiu! Saiu salsando para o meio do salão achando que o grandão que completou a frase dizendo já estou indo embora foi um prazer te conhecer era o meu namorado e vinha tirar satisfações.
Eu fiquei ali, no meio do bar, tendo uma crise de riso, uma daquelas que a gente não controla, absolutamente sozinha porque o baixinho arregou mesmo quando viu o mocinho se despedir.
E eu, de uma forma completamente inusitada, me safei de um baixinho arretado que sabia realmente fazer uma mulher mexer as ancas,
Ai, como eu me diverti.
HÚ!

11 comentários:

Anônimo disse...

Anônimo disse...

hú!

Melhor post da semana DE NOVO. Desse jeito você me mata, eu mudo de blog e continuo te indicando.

Nota: eu era a Menina-Prodígio.

Lilica disse...

Caraca, eu cheguei aqui através da indicação da Eva e tô quase morrendo de rir...
E sim, eu gritaria HU!

Tatiana disse...

Meninas,
eu me diverti.
Menina eva, menina prodígio, tú és mutante!!

Anônimo disse...

A D O R E I ! ! !

=D

Anônimo disse...

Muito bom, conheci o blog hoje e logo com essa pérola de relato. Vou voltar outras vezes. E um fim de semana bem HÚ pra todos.

Vivien Morgato : disse...

Tati, vc tirou o título da Xuxa..."rainha dos baixinhos"...hahahah
Morri de rir com o post, como sempre.;0)

marcio castro disse...

Huau!

Carô disse...

Amore você suou :D!!! (ainda estou dando gargalhadas)
Beijo!

Lígia Moreli disse...

É impressionante como vc chama estas coisas "hilárias" pra vc, né? rs....hehehehehe. Tô matando de rir...hehehehehehe e imaginando seus passos mastodônticos!!! Vc é foda mesmo!
Aliás, AMEI o teu site novo. Belas fotos. Vc mostrando a língua quando criança já tava dizendo a que veio né??? Uma graça!
beijos, saudades!

Anônimo disse...

Caramba, como ri dessa história, mas ri muito mesmo!

Ah! Gostei muito de seu site oficial; as fotos estão lindas.