sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Meu olho no espelho não é o meu.
É o teu olho, desconhecido amado, é teu olho que me olha por trás do espelho.
É teu brilho que meu olho fita quando olho dentro da minha retina.
Eu e tu, misturados no espelho, desconhecido amado, e me pergunto:
Será que te reconhecerei no instante que te fitar de frente, tão acostumada que fiquei em te ver em mim? Será que te reconheço quando não for mais eu e sim um outro?
Não sei.
Mas espero que logo chegue para cessar esse narcisismo perdido meu, essa busca louca, essa mania de vasculhar espelhos, olhar naqueles vãos de vidro opaco que me cortam os dedos, que me doem o corpo contorcido e solitário.
Amado desconhecido, por que se escondes no meu reflexo se o frio sempre me sobe pelas unhas, me faz em gelo e vapor e não há calor que me aqueça a tua falta.
Desconhecido amado, porque vejo, dentro do brilho do meu olho no espelho, tanta dor?
Sofres também?
Será que me vasculha pelas esquinas, perdido coração?
Será que também estás parado em frente de um espelho, tocando sua imagem e sentindo a minha pele sob seus dedos?
Não sei, amado meu, não sei.
Só sei que meu olho no espelho não é o meu.
É o teu olho me buscando nos horizontes da alma.
Teu olho no meu olho.
Meu olho no teu olho. Desconhecido olhar que me perturba tanto.
Um dia arranco meus olhos e os guardo no peito. Só para que teus olhos possam ver meu coração.
E mesmo cega, conseguirei te ver.
Isso eu sei.

2 comentários:

Anônimo disse...

estamos todas nessa espea, minha amiga
F. C.

Tatiana disse...

sim..eu sei.
só não sei quem és...