quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Minha ausência aqui é justificada. Fui transformar meu Lentium em um Pentium alguma coisa. Mas o bosta do computador é tão velho que não estou conseguindo memória compatível e agora é catar memória usada para ver se o lerdinho funciona. Enquanto isso, estou uma sem computador, uma pedinte digital, incomodo os amigos e só assim atualizo o blog. Mil perdões. Tô dodói ainda também. Fraquinha, fraquinha.

Ontem fui ver o Guinga na CPFL e aconteceu uma coisa muito interessante.
Chorei de me acabar. Bem, isso não é novidade, choro mesmo, discretamente, sou uma chorona assumida.
Mas ontem, vendo aquele homem tocando e cantando foi me dando uma emoção estranha.
De súbito, me lembrei que naquele dia fazia 27 anos que meu pai tinha morrido. Meu pai, aquele que deixou de herança dois violões, um cavaquinho e um bandolim. Aquele que nos acordava com seu AKAI de rolo soltando notas de Chico Buarque e Bethânia, que me mostrou JoãoBosco, João Nogueira, que me mostrou Cartola e Noel.
Quando eu ouvi Guinga, contemporâneo de todos estes que eu citei mas que só agora apareceu para um público maior, me veio tão vívida a lembrança de meu velho pai que parecia que ele estava ali, ajoelhado ao meu lado, um braço sobre meus ombros, tão emocionado quanto eu. E eu dizia a meu pai, viu só, você me ensinou a apreciar isso aqui, meu amor pela música vem de você. E eu sentia que estávamos juntos ali. De verdade. Meu pai estava ao meu lado enquanto eu ouvia Guinga e eu podia sentir o calor que vinha dele.
Aí chorei. Chorei de emoção, chorei de saudade, chorei por tudo que eu não vivi com meu pai, por todas as canções que nunca cantei para ele, chorei por nunca ter tido teu ombro para me apoiar, por ele nunca ter me visto nos palcos. Chorei por ter me sentido tão só durante tantos anos, chorei por todas as conversas que nunca tivemos. Chorei pra carambaenãochorei mais e mais alto por vergonha mesmo e medo de atrapalhar o show do cara.

Quanto mais olhava para Guinga mas eu via a imagem de meu pai que se estivesse vivo seria bem parecido com ele, só que bem mais alto, e mais eu chorava.
Depois do show fui entregar o cd novo e disse ao uinga queme emocionei demais com seu show. Achei que ele não entenderia se eu dissesse que ele me lembrou demais meu pai, sei lá, eu estaria chamando ele de velho e seria uma injustiça porque o coroa tá bem do enxutão.

E ele falava para mim e paraTaïs, pedindo,veja só se ele precisa disso:
- Cantem as minhas músicas!!!
E eu dizia:
- Querido, cantar até dá, mas cantar e tocar suas músicas é foda!!!! Eu é que sou ousada, simplifico e mando ver, mas chega a ser um pecado...

E Guinga me olhava como se pensasse:
- É aí é foda mesmo...

Viva Guinga. Um mestre de humildade e arte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Viva o Guinga, que eu também amo de paixão e também me emociono com ele; viva o seu pai, que deve ter sido um cara incrível pra te deixar herança tão boa, musical e emocional; e, principalmente, viva você, por ser você, esta criatura incrível que só Niterói podia dar.
Agora, cuide do corpo, porque a alma, creio, está lavada e bem.
Beijos. E ainda quero comprar os dois CDs.
Ronaldo Faria