quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Foi um tremendo de um temporal o que caiu ontem.
Cheguei em casa instantes antes das chuvas despencarem e se eu fosse prima do Asterix teria a certeza absoluta que o céu iria cair em cima de minha cabeça!
Começou com grandes pingos. Aqueles pingões generosos iam batendo no meu carro, toc, toc, toc toc ai!! O pingo virou uma pedra! Corro para a casa, arrasto os 15 quilos de ração para fora do carro, despejo nas tigelas dos cães e...cabum! Caiu o mundo...
Mãe, vem ver cair granizo!
Que granito, menina..é pedra...

Foi tomando um corpo...o vento começou a fazer a telha de eternite chacoalhar, um grande chocalho batendo ao som dos ventos. Todas as árvores gemiam alto, meus bichos uivavam mortos de medo e eu ali, parada na porta da cozinha vendo Iansã passar por mim. EPARREI!!! Meu cabelo voava em volta da cabeça, a blusa colava no corpo , eu balançava!!!
Minha mãe vem correndo ver o que eu tanto chamo e ela, aos 67 anos, viu sua primeira grande tempestade de granizo. Milhares de pedras cobriam o quintal, tudo branco embaixo enquanto lá no alto a maior escuridão.
A força da natureza.
Iansã não estava puta da vida, como lá em Nova Orleans. Tava não! Estava era feliz, porque dançava na minha frente e eu sentia o vento de sua saia me empurrar o corpo. Sentia no chão o som dos atabaques dos céus, tum tum tum e eu ali, me rindo da força da senhora dosn Raios. Vi tuas ancas sacudindo, vi tuas mãos fazendo tempestade, eu vi Iansã.
E quando eu sai correndo, no meio do meu quintal coberto de gelo, a chuva fria me fazia tilintar os dentes mas eu sorria porque estava lavando a alma, o corpo.
LEVA PRA LONGE, IANSÃ!!!EPARREI!!! EPARREI!!!


Assim como veio, foi.
E eu fiquei pensando que dancei coim Iansã no meio de meu quintal, em uma cidade muito longe de minha Bahia e que tomei banho de água sagrada que lavou todo de ruim que eu tinha comigo. Amanhã vou à cachoeira e agradeço.
Estou outra agora!

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