sábado, 27 de agosto de 2005

CARTA A UM GRANDE AMOR

Sou cria da palavra, gosto de escrever, de colocar as coisas em letrinhas, em ver, em ouvir. Não é a toa que canto.
E quando uma coisa me arrebata, me entorta a normalidade fico obrigada a escrever. E gosto da idéia de poder escrever pra quem gosto. Melhor seria se fosse o tradicional correio, cheio de cheiros, de visita do gentil carteiro, aquela deliciosa ansiedade de agarrar logo a carta, rasgar o envelope e sair escondidinho saborear o que está sendo dito. Mas como sou uma mulher moderna, antenadérrima com o que está em voga, escrevo aqui.
Estou deliciosamente sozinha agora. Ouvindo meus cd's, agarrada em uma vassoura como se ela varresse pra longe minhas preocupações, meus medões e meus medinhos. Cada pá de lixo que tiro e como se aliviasse meu peito daquilo que a tanto me pesava nos ombros. O pano que tira o pó de tudo tira também o pó dos meus olhos e eu me vejo melhor. O cheiro de casa limpa é cheiro que eu quero pra minha vida.
E tem você. Você veio pra mim como sopro de coisa nova, lavando o ranço que vivia colado em mim, me indicando caminhos que nem sei ainda quais são nem pra onde vão mas não to nem aí. Quero mais é venha! Tenho natureza de trecheira mesmo. Coloquei minha mochila nas costas, arrumei meu cantilzinho na cintura, minha sandália de caminhada e tô indo por esta estrada toda feliz!
O mais engraçado é sentir que não estou mais tão só. Especialmente quando nao está do meu lado é que sinto o quanto está comigo. A sensação de que agora é que vou aprender a viver só porque finalmente encontrei alguém que é feito do mesmo barro que eu. Barro raro, diferente, esquisito, barro que incomoda, suja, mancha, mas que tem os mais lindos nuances, a mais deliciosa textura e um cheiro de terra amiga. Meu querido, como Adão acha que foi feito do barro, acho que fomos feito da mesmo pedaço de morro. E te encontrar e como ficar forte de novo, viro chão outra vez, solidamente assentada em nós. Isso é muito bom. Muito bom. É como se eu estivesse a muito andado sobre um convés, vivendo em um barco, balançando no ritmo do mar mas, na verdade, meu olhos sempre estavam mirando o horizonte e meus ouvidos esperando ouvir o grito do alto do mastro: TERRA À VISTA!!!

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