sexta-feira, 8 de julho de 2011

eu interpretando

Eu sabia que tinha vermelho pra caramba, tropeço nesses vermelhos todos a todo instantes. Mas vislumbrei muitas outras nuances. Já estava mais ameno, menos constante, monótono, até.
Eu estava colorindo.
Começa a coisa toda, uma tinta misturando na tinta do outro, aquela lambança...pra mim, seguuindo o escript da lógica, se eu tinha vermelho pra dedeu e, certamente, esse vermelho estava se misturando com outro vermelho lá, qual é a lógica? Vermelho com mais vermelho só pode dar mais vermelho ainda! Imaginava isso, esse fogaréu todo aí.
Mas eu me esqueci das cores submersas. Daquela coisa furta cor que brotava por dentro, se esgueirando feito alma penada pelas minhas veias, girando pelo sangue até chegar lá, na caixa preta da gente, no centro do peito, no coração.
Meu coração coloriu sem que eu percebesse, mas elas me perceberam. As cores sabiam porque cores sabem tudo do universo que brilha, tudo que tem fagulha da luz, aí elas se rirem todas e saem se misturando com as cores do outro, vão alquimizando a gente, vão mudando a cor de dentro e o mundo de fora muda também.
Foi assim. Foi nessa hora que eu levei  latada na testa dos mais variados tons de rosa.  Choque, clarinho, bebê, velho, antigo, até fuscia tinha em mim! E eu acho um saco o rosa! Não cai bem em mim, não combina!
E quando eu me vi assim, parecendo a Barbi pensei, poxa, eu nunca gostei da Barbi, não é fácil mudar de cor assim, de uma hora pra outra. Tinha que ter passado por uma coisa intermediária..sei lá..laranja, um amarelinho...me pegou assim, muito de súbito!
E a cor foi me envolvendo, fui subindo numa nuvem imensa de algodão doce, toda  rosinha, eu gostei, gostei mesmo. Gostei muito mesmo. Me senti um anjo todo rosado, igual aqueles poodles que o povo tinge.
Esquisito.
Depois pensei que corei assim porque não percebi que já haviam tantas cores novas em mim. Me distraí de mim mesma. Agora fico marcando as paredes com minha palma rosada, minha digital em tudo que toco. Mancho lençóis, encardo toalhas, tinjo ...Me sobra, escorre de mim. Como se uma torneira tivesse sido aberta. Simplesmente sai e eu não me sinto vazia porque agora eu transbordo.
Só por isso eu acho que já valeu...

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