sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Brodágem

Estava eu na Casa São Jorge com um amigo. Amigo mesmo. Daqueles de dormir no mesmo quarto que eu, com o colchonetinho do lado da minha cama, amigo daqueles de escorar no ombro quando me deu ataque de sensibilidade, de me ver chorar, de me ver de pantufas e pijaminha. Ou seja, meu amigo, porra!
Estávamos lá sacudindo o corpo e uma moça toda bonitona, cheia de graça pro lado dele. Eu sacando a história, olhando de longe, entre uma sambada e outra. É, meu amigo, a moça é bonita mesmo. Meu amigo todo animado. Olha pra ela, ela olha de volta, sorri de cá, sorri de lá e no meio disso tudo um outro cara chega, dá um guenta na moça, beija, aperta e leva embora. Meu amigo murcha como flor no asfalto quente, mas segura a onda. Eu digo que a moça é meio vagaba. Ele concorda. Naquele momento a moça é a pior moça do mundo, afinal meu amigo estava ali, na batalha e levou uma invertida. Vou ficar do lado de quem? Do meu amigo, né?
Passa a noite, danço, rebolo, meu amigo ciscando aqui e ali, eu me divertindo. No final da noite, lá vem a moça com aquele olho comprido pro lado de meu amigo. Meu amigo meio puto com ela. Eu também. Tá fazendo o que aqui? Não tá lá se agarrando com o outro? Eu sentada do lado do meu amigo. A moça fazendo a linha " ai, quanto homem atrás de mim". Eu, já com umas cervejas na cabeça, do ladinho da situação. A moça senta do nosso lado, o moço que ela estava se agarrando vem com aquela cara " se fudeu, meu véio, eu é que tô pegando a moça".
Até parece que eu ia deixar uma coisa dessas acontecer. Meu amigo ali, vendo a moça que ele estava paquerando vir se esfregar com outro na cara dele. Na mesma hora grudei no meu amigo. Virou o amor da minha vida, o tesão da minha existência, a azeitona da minha empada, o homem mais saboroso e suculento do Universo. Faltei só sentar no colo e dar um beijo de língua, mas isso já seria demais, brodagem tem limites também. Mas para boa entendedora, meio esfrega basta.
Eu já tinha tomado umas e outras, estava já disposta a dar uns tabefes na tal pra deixar de ser besta. Meu amigo percebendo meu estado de espírito, murmurava no meu ouvido, como se fossemos namoradinhos " fica fria, Tatiana, fica fria". Fria o cacete! Fica dando mole pra um, se agarra com outro e ainda vem se esfregar ao lado do meu amigo?
Mas nem fudendo! Vá se fuder! Vou meter essa flor que tá no seu cabelo no teu cu, mulher filha da puta!
Fui levada pra longe pelo meu amigo que já morria de rir de mim e de meu espírito bélico.
No fim da balada meu amigo já estava em outra, todo feliz e eu olhando meu vizinho ótimo, o Vopp, que estava no mesmo lugar que eu se agarrando com uma lambisgóia minúscula e revelando a sua natureza verdadeira. O loirão não sabe sambar, é menor que eu ( quando eu estou de salto altíssimo, como ontem) e tem um gosto péssimo para mulheres. Tudo isso confirmado pelo meu amigo que achou ele horroroso, sem graça e baixinho.
Brodagem é isso.

6 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

É, às vezes a ilusão que a gente cria é muito melhor que a realidade que a gente vê...

Tcs, tcs, tcs...

Tatiana disse...

Pois é..mas tem nada não.
To de boa!

N. Calimeris disse...

É... q bom que viu quem é o vopp. Agora, bola pra frente, né, amiga???

Leandro Souza disse...

Amiga de verdade, daquelas que defende o amigo ate a morte... Hoje em dia ta difícil encontrar, bom saber que existem ainda umas loucas...hahaha.

Aproveitando, valeu pelo comentario no blog e pode deixar que quando estivermos precisando de ajuda vamos te avisar, mas precisamos esperar o momento certo para nao gastar bala antes!

Bjo grande querida.

claudia lyra disse...

Cara, é ótimo ter amigos assim. Mas... que dizer que vopp não é tão vopp assim?!?!? Ai, puxa...

figbatera disse...

Gostei do comentário da "menininha".
E eu queria ter uns amigos(as) assim como a Tatiana.
Mas não entendi nada desse "vopp" aí...